• Astolfo O. de Oliveira Filho – Revista Virtual O Consolador – Londrina/PR
Considerando O Livro dos Médiuns, a maleabilidade que caracteriza os chamados médiuns maleáveis se deve ao Espírito ou ao próprio médium? E no tocante aos médiuns exclusivos, Divaldo Franco poderia ser assim classificado?
Allan Kardec escreveu no cap. XVI, item 192, da obra citada, o seguinte:
Médiuns maleáveis: aqueles cuja faculdade se presta mais facilmente aos diversos gêneros de comunicações e pelos quais todos os Espíritos, ou quase todos, podem manifestar-se, espontaneamente, ou por evocação. “Esta espécie de médiuns se aproxima muito da dos médiuns sensitivos.”
Médiuns exclusivos: aqueles pelos quais se manifesta de preferência um Espírito, até com exclusão de todos os demais, o qual responde pelos outros que são chamados. “Isto resulta sempre de falta de maleabilidade. Quando o Espírito é bom, pode ligar-se ao médium, por simpatia, ou com um intento louvável; quando mau, é sempre objetivando pôr o médium na sua dependência. É mais um defeito do que uma qualidade e muito próximo da obsessão.”
Em face do texto acima, nota-se que a facilidade apresentada pelos médiuns maleáveis diz respeito a eles mesmos. Trata-se de uma característica de sua faculdade mediúnica.
Quanto aos médiuns exclusivos, ou seja, aqueles que têm dificuldade em servir de intermediário a vários Espíritos, eles assim o são por falta da maleabilidade citada na definição precedente. Trata-se mais de um defeito do que uma qualidade. Evidentemente, tal conceituação não pode ser aplicada a médiuns como Divaldo Franco, objeto nesta mesma revista de diversos estudos feitos pelo confrade Washington Luiz N. Fernandes, nos quais se mostra que diversos estilos literários e temas, tanto quanto a diversidade de Espíritos, têm marcado suas produções psicográficas.
Como se processa a mediunidade intuitiva e como desenvolvê-la de forma que não haja confusão entre seu pensamento e a intuição em si?
O assunto foi tratado nesta revista na edição 118 que o leitor pode acessar por meio deste link: http://www.oconsolador.com.br/ano3/118/esde.html
No estudo mencionado aprendemos que, sendo a mediunidade, basicamente, um processo de comunicação que tem no médium o seu instrumento de intermediação, não é difícil entender que a mensagem comunicada sofrerá sempre uma maior ou menor influência do medianeiro.
Em “O Livro dos Médiuns”, no item 223, Kardec ensina que o médium é considerado passivo quando não mistura suas próprias ideias com as do Espírito que se comunica, mas a passividade absoluta não existe, visto que o papel do médium nunca é inteiramente nulo e seu concurso é sempre indispensável, ainda que se trate de médiuns mecânicos.
No caso do médium intuitivo, o Espírito comunicante utiliza-se do medianeiro para transmitir a mensagem, identificando-se com ele e imprimindo-lhe sua vontade e suas ideias. Esse gênero de mediunidade permite ao médium tomar conhecimento prévio do que vai escrever, fato que não ocorre no caso dos médiuns mecânicos, em que o Espírito comunicante age diretamente sobre a mão do médium, impulsionando-a.
Com respeito ao desenvolvimento mediúnico em si, assunto que tratamos nesta mesma seção nas edições 39 e 41 de nossa revista, reiteramos que a primeira necessidade do médium é evangelizar-se a si mesmo, antes de entregar-se às grandes tarefas doutrinárias, pois de outro modo poderá esbarrar sempre com o fantasma do personalismo, em detrimento de sua missão.
O médium eficiente é aquele trabalhador que melhor se harmoniza com a vontade do Pai Celestial, cultivando as qualidades que atraem os bons Espíritos e destacando-se pelo cultivo sincero da humildade e da fé, do devotamento e da confiança, da boa vontade e da compreensão.
Segundo o que Kardec escreveu em “O Livro dos Médiuns”, as qualidades que atraem os bons Espíritos são: I. a bondade. II. a benevolência. III. a simplicidade do coração. IV. o amor ao próximo. V. o desprendimento das coisas materiais. Os defeitos opostos a essas qualidades, evidentemente, os afastam.
Para Yvonne A. Pereira, o melhor meio de desenvolver a mediunidade é não se preocupar com o seu desenvolvimento, mas preparar-se moral e mentalmente para poder assumir o compromisso de se tornar médium desenvolvido. E esse preparo não poderá ser rápido. Chico Xavier tinha pensamento semelhante. O desenvolvimento da mediunidade, dizia ele, deve ser o burilamento da criatura em si, porque o aperfeiçoamento do instrumento naturalmente permitirá ao Espírito comunicante manifestar-se em melhores condições.