• Rogério Miguez – São José dos Campos/SP
Considerando a Terra como uma grande escola, há dois mecanismos básicos divinos de aferição do aprendizado possível de ser obtido neste colégio, verificando os estudantes do educandário Terra: provas e expiações.
Estes são os métodos criados por Deus para impulsionar a nossa evolução, e, na posição de coordenador deste particular instituto de ensino do Universo, está Jesus, o Bondoso Diretor.
É da Lei celestial a obrigatoriedade de se passar por muitas vidas visando ao nosso próprio aprimoramento, tantas vidas quantas forem necessárias de modo a nos conduzir ao alvo derradeiro: a absoluta perfeição.
Enquanto não incorporamos todo o aprendizado possível, passamos por variadas provas e expiações, com uma especial observação: só expiamos devido a nossa escolha de evolução não ter contemplado apenas o caminho do bem.
Contudo, como pode o Espírito, que, em sua origem, é simples, ignorante e sem experiência, escolher uma existência com conhecimento de causa e ser responsável por essa escolha?
“Deus lhe supre a inexperiência, traçando-lhe o caminho que deve seguir, como fazes com uma criança, desde o berço. Contudo, pouco a pouco, à medida que o seu livre-arbítrio se desenvolve, Ele o deixa livre para escolher e só então é que muitas vezes o Espírito se extravia, tomando o mau caminho, por não ouvir os conselhos dos bons Espíritos. É a isso é que se pode chamar a queda do homem.”1 (Negritamos)
Observe-se este trecho na resposta dos Espíritos: muitas vezes lhe acontece extraviar-se, se é assim, em outras tantas vezes, acontece de não extraviar-se, seguindo desde o início apenas o caminho correto. Essa esclarecedora razão explica o fato de haver tantas mazelas nesta escola, pois, no colégio Terra, estão reunidos alunos que optaram por não seguir decididamente apenas o caminho do bem. São em média estudantes rebeldes e repetentes das lições ministradas pelo Diretor Jesus há dois mil anos.
Em consequência, como já cometemos muitos deslizes, a conhecida expressão “multidão de pecados”, com prejuízo ao próximo e nós mesmos, devemos expiar, ou resgatar essas situações indesejadas de passado – enfatize-se sempre – criadas por nós mesmos. Sendo assim a mecânica divina da vida, uma pergunta poderia ser suscitada: Como posso saber, ou distinguir, quando estou passando por uma prova ou uma expiação, de modo a melhor me conduzir nos diversos desafios existentes no desenrolar da existência?
Analisando a dúvida sob o ponto de vista da Doutrina, sabemos ser de fato uma questão a expressar apenas a nossa vã curiosidade em saber especificamente sob quais condições se sucedem os muitos fatos da vida, se são verificações ou resgates, consequentemente, irrelevante, segundo a visão doutrinária. Nós, Espíritos ainda imperfeitos, não precisamos necessariamente saber se estamos passando por uma prova escolhida na erraticidade2 ou, se vivenciamos uma expiação, pois o que precisamos com certeza é simplesmente superar as dificuldades, não importa se esta tem a sua origem em uma prova ou em uma expiação, o objetivo é vencer, ou vencermo-nos diante dos quadros agudos e nem sempre agradáveis caracterizando as nossas existências.
Muitas vezes cremos terem as provas superado as nossas forças, nos reconhecemos despreparados e nos sentimos incapazes de carregá-las. Esta conclusão não é verdadeira, não encontra respaldo nas leis divinas, porquanto, observando bem o quadro presente, com imparcialidade, pode-se facilmente concluir termos aumentado as nossas provas, tornando-as desta maneira insuportáveis do nosso ponto de vista, porém, isto se deu como resultado de condutas impróprias e atitudes intempestivas tomadas por todos nós.
Variados sofrimentos e amarguras enfrentadas ao longo desta existência se originam em condutas e ações adotadas distanciadas do bom caminho, ou seja, das diretrizes divinas, nesta própria vida; têm, pois, origem no presente e não no passado longínquo. Em consequência, a vida responde com novos dissabores e contratempos ainda durante a vida atual. E se não houver repercussão ainda nesta existência, estas faltas do presente se apresentarão como expiações de passado, nas nossas vidas futuras.
Outro importante aspecto a considerar é a certeza de que, se vivenciarmos as provas e expiações com rebeldia, contragosto, murmúrios ou reclamações, duvidando da justiça do Criador, a verificação ou o resgate perdem a função e o sentido; por conseguinte, a vida nos convidará ou nos obrigará, em futuro próximo, a passar por novas aferições, até sairmos plenamente vitoriosos.
Diante destas esclarecedoras explicações oferecidas pela Doutrina, cabe-nos aceitar as adversidades da vida como oportunidades de aprendizado, em nosso próprio favor, visto que, Deus age sempre com bondade e misericórdia, não nos solicitando esforços maiores do que podemos suportar.
E como Deus é Pai, e não feitor, não há falta irremissível, ou seja, imperdoável. Sendo ela qual for, Ele nos concederá incontáveis oportunidades para alcançarmos o sucesso não obtido nesta existência.
Tudo depende de nós mesmos, está em nossas mãos. Ajamos agora, não posterguemos, aceleremos o processo em curso de regeneração do planeta, pois somos os artífices desta mudança.
1 KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos. Trad. Evandro Noleto Bezerra. FEB. q.262.
2 Erraticidade: estado dos espíritos errantes, isto é, não encarnados, durante os intervalos de suas diversas existências corpóreas (Allan Kardec – Instruções Práticas sobre as manifestações espíritas – Vocabulário espírita).