• Jorge Hessen – Brasília/DF
Atualmente discorre-se bastante sobre o progresso social adquirido; contudo, o que se entende por progresso? Pode algumas vezes soar como um vocábulo vazio que reverbera ante as barbaridades humanas que acontecem a todo momento. Entretanto, na década de 1960 o homem pisou na Lua, dando início a eventos posteriores que evidenciaram o progresso da Ciência, no campo das descobertas espaciais. Porém, há que se observar o atraso moral do homem na Terra, apesar de todo o progresso intelectual. Sabemos que o progresso material caminha na frente, ao passo que o crescimento moral vai sempre marchando em segundo plano.
Falemos um pouco mais sobre isso. Elucida a Doutrina dos Espíritos que em delicada graduação evolutiva o homem vai gradativamente vivenciando suas experiências nos diversos graus de desenvolvimento. Ante as diretrizes da Lei de Evolução, o “homem passa palmo a palmo da barbárie à civilização moral”. [1]
Explicam os Espíritos que “o senso moral, mesmo quando não está desenvolvido, não está ausente, porque existe, em princípio, em todos os homens; é esse senso moral que os transforma mais tarde em seres bons e humanos. Ele existe no selvagem como o princípio do aroma no botão de rosa de uma flor que ainda não se abriu”. [2]
Estamos invariavelmente diante dos paradoxos existenciais. Como compreender a experiência de criaturas bestiais, quase selvagens, no seio de seres ditos civilizados? “Da mesma maneira que numa árvore carregada de bons frutos existem temporãos. Elas são selvagens que só têm da civilização a aparência, lobos extraviados em meio de cordeiros. Os Espíritos de uma ordem inferior, muito atrasados, podem encarnar-se entre homens adiantados com a esperança de também se adiantarem; mas, se a prova for muito pesada, a natureza primitiva reage”. [3]
Este é um entendimento coerente, quando compreendemos a bênção da reencarnação. Como se observa na elucidação dos Benfeitores do Além: “A Humanidade progride. Esses homens dominados pelo instinto do mal, que se encontram deslocados entre os homens de bem, desaparecerão pouco a pouco como o mau grão é separado do bom quando joeirado. Mas renascerão com outro invólucro. Então, com mais experiência, compreenderão melhor o bem e o mal. O exemplo temos nas plantas e nos animais que o homem aprendeu como aperfeiçoar, desenvolvendo-lhes qualidades novas. Só após muitas gerações que o aperfeiçoamento se torna mais completo. Esta é a imagem das diversas existências do homem”. [4]
É dessa forma que evoluímos – lentamente, renascendo e (re) morrendo nos diversos estágios dos mundos, consoante categorização proposta pelo catedrático lionês, designando-os de mundos “primitivos”, de “expiação e provas” (atualmente na Terra), de “regeneração”, “ditosos e divinos” até chegarmos, após milênios, ao mundo dos venturosos, onde tão somente impera o bem e tudo é movido por anseios sublimes e todos os sentimentos são depurados.
Referências:
[1] Kardec, Allan. O Evangelho segundo o Espiritismo. 129. ed. Rio [de Janeiro]: FEB, 2009, cap. XXV, item 2.
[2] _____, Allan. O Livro dos Espíritos, Rio [de Janeiro]: Ed. FEB, 2009, questão 754.
[3] Idem.
[4] Idem.