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domingo 22 dezembro 2024
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Coluna Espírita – Progresso das ideias espíritas

• Maroísa Baio – Limeira/SP
Em janeiro de 1860, a Revista Espírita completava dois anos de publicação. Em meio a tantas preocupações, ingratidões e incompreensões, além da fadiga natural, Allan Kardec sentia-se recompensado ao constatar o progresso das ideias espíritas.
Dirigindo-se aos seus leitores, a eles agradecia, coletivamente, pelas provas de simpatia a ele dirigidas, o que representava um encorajamento para seu trabalho, ao qual se consagrava inteiramente:
– “Essas cartas e as numerosas pessoas que nos honram, vindo conferenciar conosco sobre sérios problemas, nos convencem mais e mais do progresso do Espiritismo verdadeiro, e por isto entendemos o Espiritismo compreendido em todas as suas consequências morais.”
Para os adversários da Doutrina, a rapidez de tais ideias se dava devido a “uma febre supersticiosa, que se apodera da humanidade, ao amor do maravilhoso”. Mas, para Kardec, tal propagação ocorria porque o Espiritismo apela ao raciocínio e não à crença cega, sendo objeto de estudo entre pessoas esclarecidas.
No artigo intitulado “O Espiritismo em 1860”, Kardec aborda o desenvolvimento das ideias espiritas. Nota-se, em suas palavras, o profundo amor que dedicava à Doutrina. Destacamos um pequeno trecho, recomendando sua leitura na íntegra:
– “Dissemos que as ideias espíritas progridem. Com efeito, desde algum tempo, ganharam imenso terreno. Dir-se-ia que estão no ar. (…) Quem se der ao trabalho de aprofundar a questão do Espiritismo, nele encontra uma satisfação moral tão grande, a solução de tantos problemas que inutilmente havia pedido às teorias vulgares; o futuro se desdobra a sua frente de maneira tão clara, precisa e lógica, que verifica realmente ser impossível as coisas não se passarem assim, sendo de admirar não se tenha compreendido isto antes, pois um sentimento íntimo lhe dizia que assim deveria ser. (…) Não é mais esse futuro de felicidade ou desgraça que a sua razão não podia compreender e que, por isso mesmo, repelia; é um futuro racional, consequência das próprias leis da Natureza, capazes de suportar o mais severo exame. Por isso é feliz e como que aliviado de um peso imenso: o da incerteza, porque a incerteza é um tormento. Malgrado seu, o homem sonda as profundezas do futuro e não pode deixar de vê-lo eterno.”
Kardec ressalta que a incerteza em relação ao futuro faz com que as pessoas se tornem egoístas, preocupadas somente com seu próprio bem-estar e com a satisfação de seus desejos, apegados à vida material. Por que devem suportar as privações e sofrimentos, se não há nada a esperar após a morte? O Espiritismo possibilita o conhecimento do futuro, proporcionando esperança e consolação:
– “Com a certeza do futuro, tudo para ele (o ser humano) muda de aspecto: o presente é apenas efêmero; ele o vê escoar-se sem tristeza; é menos dado aos gozos terrenos, porque estes não lhe trazem senão uma sensação passageira, fugidia, que deixa o coração vazio; aspira a uma felicidade mais duradoura e, consequentemente, mais real. E onde poderá encontrá-la, senão no futuro? Mostrando-lhe, provando-lhe esse futuro, o Espiritismo o liberta do suplício da incerteza, e assim o torna feliz. Ora, aquilo que traz felicidade sempre encontra partidários.”
Para Kardec, o período da curiosidade em torno do Espiritismo já havia passado, dando lugar à razão e à filosofia, e o progresso das ideias espíritas se devia “à satisfação que proporcionam aos que as aprofundam e que nelas vêm algo mais do que fútil passatempo.” E nós, já alcançamos essa compreensão?