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terça-feira 12 novembro 2024
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Coluna Espírita – Progredir sempre, tal é a lei

• Rogério Miguez – São José dos Campos/SP
Após a transformação do princípio espiritual em uma unidade chamada Espírito, nós mesmos, dá-se prosseguimento a uma trajetória ininterrupta de evolução rumo à perfeição possível de ser alcançada.
Há dois campos de aprimoramento a serem trilhados: o moral e o intelectual. Todavia, este progresso nem sempre ocorre proporcionalmente, em paralelo, determinando um desequilíbrio nestes setores.
Na época da simplicidade e ignorância, ou seja, nos primórdios de nossa existência, Deus supriu apoio continuado por meio dos anjos guardiões, porquanto, ainda não sabíamos nos conduzir pelo uso do nosso próprio livre-arbítrio, pois este era inexistente.
No livro primeiro do Pentateuco Doutrinário1 há esta informação sobre o progresso:
Qual o maior obstáculo ao progresso?
“O orgulho e o egoísmo. Refiro-me ao progresso moral, porquanto o intelectual se efetua sempre. […]”
Observa-se ser da vontade do Pai existir sempre evolução, pode não acontecer simultaneamente nos dois campos, mas o intelectual ocorre sempre. Isto se deve ao fato de que quando reencarnamos mais uma vez, o mundo já mudou ou mudará, já evoluiu um tanto mais e, mesmo se durante esta outra vida não ocorrer nenhum progresso moral, devido ao nosso orgulho e egoísmo, a própria condição do mundo, com novas conquistas técnicas e científicas, obriga o reencarnante a aprender estas outras tecnologias, acontecendo o progresso intelectual inexoravelmente.
É de se notar, no lado moral, existir a possibilidade de não haver progresso em uma existência, sendo assim, acontece o estacionamento, mas, provisório e temporário.
A possibilidade de estacionamento é uma condição de exceção, porquanto, caso o Espírito não se decida a retomar a sua evolução moral, as leis celestiais o obrigarão, providenciando primeiro a reencarnação compulsória do Espírito calceta, e, pelo próprio ritmo da existência, este será obrigado a de novo progredir moralmente, pois a dor o incomodará e será o aguilhão e estímulo inevitável nesta retomada do progresso.
Alguns aceitam ainda a regressão na escala evolutiva, ou seja, a possibilidade de regredir moralmente a um estágio anteriormente já trilhado. Esta corrente de pensadores geralmente está ligada à tese da Metempsicose, abordada por Allan Kardec no texto a seguir (op. cit.):
611. O terem os seres vivos uma origem comum no princípio inteligente não é a consagração da doutrina da metempsicose?
“Duas coisas podem ter a mesma origem e absolutamente não se assemelharem mais tarde. Quem reconheceria a árvore, com suas folhas, flores e frutos, no gérmen informe que se contém na semente donde ela surge? Desde que o princípio inteligente atinge o grau necessário para ser Espírito e entrar no período da humanização, já não guarda relação com o seu estado primitivo e já não é a alma dos animais, como a árvore já não é a semente […].”
Há um encadeamento na Criação entre todas as coisas sendo este processo de evolução muito bem caracterizado. Entretanto, pelo fato da existência deste entrelaçamento, não indica que possamos retornar às origens, conforme asseveram os Espíritos em outra questão (op. cit.):
612. Poderia encarnar num animal o Espírito que animou o corpo de um homem?
“Isso seria retrogradar e o Espírito não retrograda. O rio não remonta à sua nascente.”
Vê-se claramente no texto a informação de que se o rio não remonta à sua nascente, indica que lá já esteve, mas isto não implica na possibilidade de voltar à origem.
Allan Kardec ainda em O Livro dos Espíritos, comenta sobre a metempsicose confirmando a inexistência desta doutrina retrógada (op. cit.):
222. Não é novo, dizem alguns, o dogma da reencarnação; ressuscitaram-no da doutrina de Pitágoras. Nunca dissemos ser de invenção moderna a Doutrina Espírita. Constituindo uma lei da Natureza, o Espiritismo há de ter existido desde a origem dos tempos e sempre nos esforçamos por demonstrar que dele se descobrem sinais na antiguidade mais remota. Pitágoras, como se sabe, não foi o autor do sistema da metempsicose; ele o colheu dos filósofos indianos e dos egípcios, que o tinham desde tempos imemoriais. […] Contudo, entre a metempsicose dos antigos e a moderna doutrina da reencarnação, há, como também se sabe, profunda diferença, assinalada pelo fato de os Espíritos rejeitarem, de maneira absoluta, a transmigração da alma do homem para os animais e reciprocamente.
Façamos este exercício: imaginemos a existência de instrumentos de medição de virtudes (moral) e do intelecto: o “Virtuômetro” e o “Intelectômetro”. Imediatamente ao renascer um Espírito, suponhamos fosse medido o seu grau de moralidade e de intelectualidade em uma escala de zero a cem. Imaginemos este Espírito indicando o valor 10, a título de exemplo, em paciência e 15 em inteligência, talvez valores bem típicos em um mundo como o nosso.
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Ao sair da Terra, desencarnando, tomadas novamente as medições, este Espírito poderia apresentar leituras pelos instrumentos de 10 ou mais de 10, na virtude paciência, e certamente mais de 15 em inteligência, ou seja, em moral pode-se estacionar, mas não em inteligência. E mais, não poderia acusar jamais leitura abaixo de 10 em paciência, tampouco menos de 15 em inteligência, isto significaria retroceder.
Como se conclui, na trajetória evolutiva de qualquer Espírito, é possível estacionar do ponto de vista moral, mas jamais no campo da ciência, por isso, observa-se no mundo atual este desequilíbrio extremamente acentuado entre as duas asas do progresso, na conduta dos habitantes.
Cabe destacar a magnanimidade de Deus impedindo pelo funcionamento natural de Suas leis, a possibilidade de retroagirmos, recomeçando ou reconquistando o que foi adquirido em vidas passadas. Esta mecânica das normas divinas nos traz imensa tranquilidade e esperança em um mundo melhor, em razão de termos a certeza: Jamais regrediremos, muito menos estacionaremos eternamente!
1 KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos. q. 785.