• Maroísa Baio – Limeira/SP
Tal é o título de uma seção na Revista Espírita na qual Allan Kardec apresentava as comunicações de Espíritos de diversas categorias. Ele valorizava tanto as de Espíritos Superiores como os de natureza inferior, tratando a todos com o mesmo respeito e bom senso, pela oportunidade de aprendizado que ofereciam:
“Os Espíritos Superiores são as sumidades do mundo espírita; sua própria elevação os coloca de tal modo acima de nós que ficamos espantados pela distância que nos separa deles.”
Já as comunicações de Espíritos inferiores permitiam compreender melhor sua situação após a morte:
“Aprendendo com eles mesmos no que se tornaram, o que pensam, o que experimentam as pessoas de todas as condições e de todos os caráteres, tanto os homens de bem como os viciosos, tanto os grandes quanto os pequenos, os felizes como os infelizes, numa palavra, os homens que viveram entre nós, que vimos e conhecemos, cuja vida real nos é conhecida, como suas virtudes e seus caprichos, compreendemos suas alegrias e seus sofrimentos; a eles nos associamos e colhemos um ensino moral tanto mais proveitoso quanto mais íntimas as relações entre eles e nós.”
Sendo mais fácil nos colocarmos no lugar dos que se assemelham a nós do que imaginar em que consiste a glória dos Espíritos evoluídos, ele reafirma: “Os Espíritos vulgares mostram-nos a aplicação prática das grandes e sublimes verdades, cuja teoria nos ensinam os Espíritos Superiores”.
Essas comunicações também permitem constatar a identidade dos Espíritos:
“Quando um espírito nos diz que foi Sócrates ou Platão, somos obrigados a crer sob palavra porque ele não traz carteira de identidade; podemos ver em suas palavras se desmente ou não a origem que ele se atribui (…) Mas quando o Espírito de nossos parentes, de nossos amigos ou daqueles que conhecemos se manifesta, ocorrem mil e uma circunstâncias de detalhes íntimos, nos quais a identidade não poderia ser posta em dúvida, adquirindo, de certo modo a prova material.”
Na RE de março de 1858, ele apresentou duas comunicações: a do assassino Lemaire e a da rainha de Aúde, antigo reino da Índia.
Sobre Lemaire destacamos a seguinte pergunta:
23. A tendência para o crime estava em tua natureza ou foste arrastado pelo meio em que viveste?
R. A tendência para o crime estava em minha natureza, porque eu era apenas um Espírito inferior. Quis elevar-me rapidamente, mas pedi mais do que as minhas forças.
E sobre a rainha, destacamos duas:
14. Que diferença notais entre a religião que professáveis e a religião cristã, quanto à felicidade futura do homem?
R. A religião cristã é absurda, pois considera a todos como irmãos.
17. Qual a vossa opinião sobre o Cristo?
R. O filho do carpinteiro não é digno de ocupar meu pensamento.
Analisando-as, Kardec fez algumas observações:
“Por mais degradado que fosse, Lemaire vivia no meio de uma sociedade civilizada e esclarecida, que tinha reagido sobre sua natureza grosseira; sem o perceber, havia absorvido alguns raios da luz que o cercava (…) A situação é completamente outra com a rainha de Aúde: o meio em que viveu, os hábitos, a falta absoluta de cultura intelectual, tudo devia ter contribuído para manter em todo o seu vigor as ideias de que se imbuíra na infância; nada pode modificar essa natureza primitiva, sobre a qual os preconceitos mantiveram todo o seu império.”
Tais comunicações permitem entrever o que a vida espiritual poderá nos reservar no futuro.
Estejamos, pois, atentos a esses testemunhos!
Coluna Espírita – Palestras familiares de além-túmulo
ago 28, 2020RedaçãoColuna Espírita (Agê)Comentários desativados em Coluna Espírita – Palestras familiares de além-túmuloLike
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