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quinta-feira 26 dezembro 2024
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Coluna Espírita – Os dois irmãos da parábola

• Gerson Sestini – Rio de Janeiro/RJ
Ao narrar a parábola do filho pródigo, Jesus mostrava aos seus discípulos que o dissipador e seu irmão mais velho ocupavam diferentes patamares da escala evolutiva porque passam os espíritos. O pai, representando o Criador, atuando com perfeita justiça e misericórdia, recebe o pródigo arrependido, depois das experiências a que se aventurou ao dar vazão ao egoísmo e aos maus instintos. Exultante por tê-lo de volta, oferece-lhe um festim. Interpelado pelo primogênito, surpreso com a recepção que dava, lembra-lhe que estiveram sempre juntos, enquanto o pródigo amargava suas más escolhas.
O primogênito fora prudente e temente ao pai, contudo, movido pelo ciúme, acusava-o, recusando considerar o irmão que retornava, porque já o havia eliminado de suas cogitações desde que partira, considerando-se, a partir de então, seu único filho. E eis agora aquela recepção ao pródigo, enquanto ele nunca fora distinguido com um cabrito sequer para banquetear-se com os amigos. Amargurado com a aparente injustiça, revolta-se contra o pai e nega-se a compartilhar do festim…
Assim também nós, envolvidos pelos maus pensamentos de ciúme e inveja, em flagrante ingratidão com as contínuas dádivas que recebemos, sentimo-nos muitas vezes injustiçados pela Providência Divina, esquecendo-nos do que temos usufruído desde que fomos criados.
O filho pródigo, humilhando-se, retornava ao convívio do pai, comprometendo-se em sanar os danos causados pela imprevidência e luxúria. Faltara-lhe a fidelidade e a obediência que conquistaria com suor e lágrimas. Grato à solicitude paterna entregava-se agora aos seus amorosos afagos.
Ao irmão mais velho que se distanciara do pai por ter-se revoltado com sua solicitude ao mais novo, competia transformar o ciúme e a inveja em generosidade combatendo o egoísmo que permanecia em seu coração. Amargando a solidão, sentia-se longe dos afagos que seu exclusivismo causara…
Sentimos nós alguma identificação com o filho pródigo? E com seu irmão? Somente com o esforço de adquirimos o autoconhecimento é que poderemos dar uma resposta mais adequada e concisa. O que podemos adiantar é que trazemos algo de comum a eles dois, pelo menos alguns traços referentes a um ou ao outro. Conforta-nos, contudo, os afagos do Pai por sabê-lo sempre solícito, em apoio às nossas aspirações de progresso espiritual.