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terça-feira 3 dezembro 2024
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Coluna Espírita – Onde está Emmanuel?

• Marcus De Mario – Instituto Brasileiro de Educação Moral-IBEM/RJ
Aprendemos no estudo do Espiritismo que ele é uma doutrina séria, tendo por finalidade desenvolver o progresso moral da Humanidade, constituindo-se em verdadeiro antídoto do ateísmo e do materialismo. Alicerçado em bases filosóficas, científicas e religiosas, seu estudo e sua prática requerem seriedade e continuidade; não se pode aprendê-lo brincando, nem tão pouco praticá-lo como se fosse apenas mais uma religião formal, o que o Espiritismo não é.
Apesar dos esforços dos Espíritos Superiores e de Allan Kardec em realçar a importância e profundidade do Espiritismo, muitos espíritas insistem em desviar a doutrina de seus propósitos eminentemente espirituais e morais, perdendo-se em discussões estéreis, mesmo inúteis, sobre assuntos que não são da alçada da doutrina, nem nada lhe acrescentam.
Esse é o caso, por exemplo, das perguntas que nos foram dirigidas por uma amiga que possui conhecimento do Espiritismo: Onde Emmanuel reencarnou? Em que estado brasileiro ele se encontra? Ele será uma figura proeminente do Espiritismo em terras brasileiras?
Antes de responder, e para melhor esclarecer as questões que me foram propostas, Emmanuel é o nome do guia e benfeitor espiritual do médium Francisco Cândido Xavier, famoso pela abreviatura Chico Xavier. Emmanuel nos legou mais de 250 livros através da psicografia do médium mineiro, sendo considerado um grande conhecedor e intérprete do Evangelho. Já no final de sua existência terrena, teria Chico Xavier revelado a reencarnação do seu querido amigo espiritual, o qual teria a missão de apoiar a transição planetária para mundo de regeneração.
Não estamos aqui para debater a veracidade ou não dessa informação, até porque não temos mais Chico Xavier entre nós, e também porque seria uma discussão inútil, pois saber se ele, de fato, reencarnou ou não, nada altera do Espiritismo. Vamos, para melhor direcionar nosso pensamento e responder às perguntas que nos foram feitas, partir do pressuposto que sim, ele está reencarnado, e em terras brasileiras.
Pois bem, perguntamos: saber onde ele se encontra e se vai tomar a doutrina espírita como orientação para a sua vida, o que nos acrescenta? Saber essa informação vai apenas ocasionar uma corrida de espíritas desavisados, e ainda idólatras, ao estado e cidade em que Emmanuel estaria levando sérios prejuízos ao trabalho que deveria desempenhar nesta existência.
Em verdade, esse assunto da reencarnação de Emmanuel, assim como outros do mesmo teor, nada têm a ver com o Espiritismo. Os espíritas verdadeiros não perdem tempo com essas discussões inúteis, não se deixam envolver por polêmicas que nada acrescentam à doutrina, e que tendem a desviá-los das sérias atividades de amparo ao próximo e de moralização das pessoas.
Outro desvio de finalidade do Espiritismo é o crescente interesse de muitos espíritas por receber informações sobre suas vidas passadas. O estudo atento da doutrina através de O Livro dos Espíritos nos esclarece que o esquecimento do passado é mecanismo da lei divina permitindo existirmos no novo corpo, com nova personalidade e nova condição social, sem entraves que poderiam muito nos prejudicar. Como estamos num mundo de expiações e provas, onde todos somos Espíritos imperfeitos, que glória poderíamos ter em existências passadas? Como lidar com a descoberta que em encarnações anteriores praticamos o mal?
Não podemos, e isso é fato, alterar o passado, mas podemos hoje, na atual existência, através do bem e do amor, reparar o mal que porventura semeamos, construindo então um futuro mais feliz e harmonioso, lembrando que o Espiritismo nos ensina e comprova a vida futura, matando a morte. Deixemos o passado com ele mesmo e tratemos de crescer para o objetivo da perfeição espiritual a que somos destinados por Deus.
Não poderíamos deixar de trazer a público outra questão que tem acirrado debates, mesmo divisões nas fileiras espíritas, pelo menos entre os espíritas desavisados, que é a data em que nosso planeta passará a ser mundo de regeneração, em outras palavras, quando a transição planetária estará terminada e deixaremos as expiações e provas no passado histórico da humanidade? É, e o falamos com todas as palavras, mais uma discussão estéril, mais um assunto que nada acrescenta ao Espiritismo.
Os Espíritos Superiores nunca indicam datas quando falam do futuro nosso e da humanidade, e isso por uma razão muito justa: obedecendo os ditames da lei divina, eles cumprem o respeito ao nosso livre-arbítrio. Eles sabem que o progresso é um processo, e que o mesmo deve ser realizado pelos homens; não é uma imposição cega de Deus, assim, determinar dia, mês, ano e até hora para os acontecimentos globais seria desrespeitar os desígnios divinos, para os quais somente os Espíritos brincalhões e pseudossábios não dão importância, se divertindo com nossa credulidade e tibiez na crença espírita.
Reencarnação deste e daquele quem fomos no passado, datas para acontecimentos universais são assuntos para os que nada querem com o Espiritismo, para os que não querem realizar sua transformação moral nem cooperar com o desenvolvimento moral de seus irmãos. São assuntos para preencher o vazio da curiosidade, sem nenhum fim útil.
Tomemos cuidado com o que estamos fazendo do Espiritismo e com o Espiritismo.
Não traríamos esses assuntos ao leitor se não julgássemos útil esclarecer, pois eles nos fazem constatar o quanto precisamos estudar com mais seriedade e profundidade a doutrina espírita, pois não temos dúvida de que o estudo prévio do Espiritismo, com a consequente compreensão de seu alcance e finalidade, é, em verdade, suficiente para minimizar e mesmo debelar essas polêmicas inúteis que servem apenas para desviar os adeptos e alimentar os inimigos.
Estudemos o Espiritismo, com Allan Kardec, para nos imunizarmos dos vírus da curiosidade, da credulidade sem razão e da polêmica estéril, que retardam a marcha progressiva da doutrina e da humanidade.