• Gerson Sestini – Rio de Janeiro/RJ
Conhecemos o burro “Canário” quando criança, em viagem feita a Poços de Caldas, no ano de 1943. Em nossa imaturidade infantil suas adivinhações levaram-nos a imaginar que os animais, além de pensar, poderiam ter certos dons, como aquele de conhecer coisas referentes a pessoas. O caso do burro “Canário” é citado num trecho de uma crônica que escrevemos sobre aquela viagem:
Domingo à tarde, passeando pelos jardins do Palace Hotel, aproximamo-nos de um concorrido agrupamento de pessoas: lá estava o burro “Canário” sendo exibido para adivinhar coisas. Seu dono (ou treinador), ao lado burrinho de pelagem clara, muito bem tratado, apontou aleatoriamente uma pessoa, e indagou ao animal: “Quantos cruzeiros este senhor tem no bolso?” (O cruzeiro era a nova moeda, porém, suas notas e moedas ainda não circulavam). “Canário” bate oito vezes com a pata dianteira no solo. O treinador grita: “Oito cruzeiros! Por favor, mostre o dinheiro, meu senhor”. Retiradas do bolso e somadas, para espanto geral as notas de mil réis carimbadas com o novo símbolo mostram o valor exato. Todos aplaudem. Depois, o homem vira-se para uma moça e pergunta: “Canário”, quantos anos tem esta jovem?” O burro bate dezessete vezes com a mesma pata no chão. Embora parecesse mais nova, sua idade foi confirmada pelo intrigado pai. E assim seguiam os testes sem nenhum erro por parte do animal…
Não havia fraude. Ninguém conseguia decifrar o mistério daquelas adivinhações. Só mais tarde viemos saber que aquele burrinho não era capaz de adivinhar, mas agia fisicamente por interferência de entidade espiritual. Hoje, pouco se sabe daquele genial muar com aqueles ‘inexplicáveis’ fenômenos. Talvez, por esse motivo, esteja esquecido na mídia. “Burro Canário” está registrado na internet apenas com o nome de uma música, divulgada por dupla sertaneja da época (Palmeira & Piraci), cuja letra em certo trecho diz:
“…O burro Canário tem dinheiro e é grã-fino / E frequenta a sociedade. / Se diverte nos cassinos. / Esse burro é um colosso, / É mesmo fenomenal. / Todo dia tem visita, / Entrevistas nos jornais. / Ele tem um secretário / ‘Pros’ retratos autografar…”
Os fenômenos ocorridos com aquele burrinho chegaram ao conhecimento de Chico Xavier que, referindo-se àquele muar, na época em que trabalhava na Fazenda Modelo em Pedro Leopoldo, dissera que era um espírito que fazia a pata do “Canário” mover-se para dar as respostas.
Passam-se os anos. Em 1989, através do mesmo médium é editado o livro “Histórias e Anotações”, sendo seu autor o espírito de Irmão X. No capítulo 5, intitulado “Psicografia”, referindo-se à jumenta de Balaão, lá do Velho Testamento, o autor lembra: “… há algum tempo, era possível observar o nosso prestimoso “Canário”, o burro sábio, cuja pata graciosa, manobrada por jovem estudante desencarnada, conseguia fornecer respostas interessantes a perguntas diversas”.
Segundo a pesquisadora Irvênia Prada, emérita professora da USP e membro da AME (Associação Médico- Espírita), os fenômenos mediúnicos mente a mente entre animais e espíritos não são possíveis, portanto, não ocorrem. Naqueles cuja sensibilidade mediúnica é manifestada, eles são explicados pela atuação dos espíritos sobre seu sistema nervoso produzindo sensações, emoções e efeitos físicos. Os animais podem sentir suas presenças, vê-los e produzir ações físicas.
Comprovamos assim que as adivinhações do ‘burro sábio’, não foram lembranças fantasiosas da mente de uma criança. Agora elas tinham a chancela de um autor espiritual para confirmar o que fora visto e narrado. Irmão X, pseudônimo do escritor Humberto de Campos, revelara ser de uma jovem o espírito que atuava no cérebro de “Canário”.
Coluna Espírita – O ‘SÁBIO’ Burro Canário e suas Adivinhações
fev 21, 2020RedaçãoColuna Espírita (Agê)Comentários desativados em Coluna Espírita – O ‘SÁBIO’ Burro Canário e suas AdivinhaçõesLike
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