• Astolfo O. de Oliveira Filho – Revista Virtual O Consolador – Londrina/PR
Recebemos uma crítica sobre a questão 359 de “O Livro dos Espíritos”, segue a resposta:
Q. 359: – Dado o caso que o nascimento da criança pusesse em perigo a vida da mãe dela, haverá crime em sacrificar-se a primeira para salvar a segunda? “Preferível é se sacrifique o ser que ainda não existe a sacrificar-se o que já existe.”
Escreveu o confrade em seu comentário: “Primeiramente, Kardec respalda-se na ambiguidade de resposta, pois ele mesmo reconhece que a vida se inicia na fecundação, ou seja, na junção do espermatozoide com o óvulo, formando a célula ovo ou zigoto. A partir desse instante, o espírito já se manifesta. Sendo assim, abraçando a atividade de professor, não deveria aceitar uma resposta direta, incoerente, àquilo que acreditava. Ora, se a vida inicia-se na fecundação, deveria questionar incansavelmente, até entender essa resposta incabível no circuito da lógica e da racionalidade. Como professor, precisava embasar-se mais, indagar ao espírito com mais profundidade, mais aprimoramento, e não aceitar passivamente uma resposta desfocada da verdade, tão frágil como uma casca de ovo. A resposta de um ser iluminado deveria levar em consideração a tentativa de salvar-se ambos, ou seja, mãe e filho em formação em seu ventre e não essa resposta insipiente, inconcludente, ilógica, sem identificação com a verdade. Cristo jamais daria uma resposta como essa, tão incoerente aos princípios morais que regem a vida.”
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Conquanto respeitemos as opiniões de todas as pessoas, é preciso convir que o confrade, além de ter sido muito rigoroso em sua crítica a Kardec, equivocou-se em suas colocações. Ora, a vida de uma criança realmente se inicia na concepção, mas só se completa com o nascimento, como ensinam os imortais na questão 344 da mesma obra, adiante transcrita:
– Em que momento a alma se une ao corpo? “A união começa na concepção, mas só é completa por ocasião do nascimento. Desde o instante da concepção, o Espírito designado para habitar certo corpo a este se liga por um laço fluídico, que cada vez mais se vai apertando até ao instante em que a criança vê a luz. O grito, que o recém-nascido solta, anuncia que ela se conta no número dos vivos e dos servos de Deus.”
Em caso de risco para a gestante, a opção de salvá-la, em detrimento da continuidade da gestação, é uma medida óbvia, visto que o ser que existe, ou seja, o ser completo é a mãe, não o nascituro, que até mesmo em face da legislação brasileira só terá assegurados seus direitos se nascer com vida.
Há situações em que a ciência médica não tem nenhuma dúvida: se a gestação continuar, a gestante morrerá. Em casos assim, se os interessados tiverem de fazer alguma opção, é claro que será preferível proteger a mulher, cuja morte, em muitos casos, pode acarretar também a morte do filho agasalhado em seu ventre.
É evidente que, antes da opção pelo abortamento, devemos tentar todos os recursos possíveis no sentido de salvar a gestante e a criança. Quanto a isso, não existe dúvida alguma e Kardec nada ensinou em contrário. Mas, se for necessário salvar alguém, a preferência, de acordo com o entendimento contido na questão 359, deve recair sobre a mulher, que poderá mais tarde engravidar novamente e, quem sabe, receber o mesmo Espírito na condição de filho.
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Qual é o significado do ramo de vinha que aparece nas capas e muitas vezes na parte interna de alguns livros espíritas?
Trata-se da reprodução da cepa que aparece desenhada na abertura dos Prolegômenos d´O Livro dos Espíritos, primeira e principal obra de Allan Kardec. A cepa nada mais é que um ramo da videira, trepadeira lenhosa que nos fornece essa fruta deliciosa chamada uva. Os Espíritos superiores a escolheram como emblema do trabalho do Criador.
Eis o que eles disseram sobre o assunto a Kardec: “Aí se acham reunidos todos os princípios materiais que melhor podem representar o corpo e o espírito. O corpo é a cepa; o espírito é o licor; a alma ou espírito ligado à matéria é o bago. O homem quintessencia o espírito pelo trabalho e tu sabes que só mediante o trabalho do corpo o Espírito adquire conhecimentos”.
O texto citado consta dos Prolegômenos, uma espécie de prefácio que abre O Livro dos Espíritos.
Coluna Espírita – O Livro dos Espíritos
abr 17, 2020RedaçãoColuna Espírita (Agê)Comentários desativados em Coluna Espírita – O Livro dos EspíritosLike
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