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domingo 24 novembro 2024
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Coluna Espírita – O Instinto

• Márcio Costa – São José dos Campos/SP
Girassóis se inclinam buscando a luminosidade solar, facilitando o processo da fotossíntese que irá lhes prover a energia necessária à vida.
Em meio às florestas densas, os caules das árvores mais baixas se desdobram em direção ao alto, buscando alcançar um espaço no dossel que também irá lhes fornecer luz.
No imenso calor do deserto, lagartos correm nas areias e, por vezes, levantam alternadamente as suas patas, evitando que elas queimem com a alta temperatura.
Na imensidão do mar, peixes se reúnem em cardumes densos, buscando atingir um volume relevante capaz de afastar seus predadores.
Nos jardins, beija-flores fazem manobras no ar, esbanjando uma beleza e sustentação incomparáveis na busca do néctar das plantas.
Migrações de aves cruzam continentes, indo em direção a locais adequados ao acasalamento que lhes garanta a continuidade da vida.
Em meio a tantas manifestações aparentemente inteligentes, o instinto se faz presente.
* * *
“O instinto é a força oculta que solicita os seres orgânicos a atos espontâneos e involuntários, tendo em vista a conservação deles”. [1] Por outro lado, a inteligência requer a reflexão, a combinação e a deliberação.
Alguns acreditam que certas ações realizadas pelo reino animal demonstram uma inteligência singular. De fato, não deixa de ser uma espécie de inteligência. Mas trata-se de uma inteligência sem raciocínio, voltada ao provimento das necessidades [2]. Ainda há outras ações mais intrigantes, todavia não deixam de ser um reflexo da convivência com a inteligência humana. Cessada a causa que lhes impulsiona, estas ações retornam ao seu patamar tradicional.
Isto não minimiza as qualidades que são dotados cada ser vivo. Apenas lhe distingue dentro um espectro que lhe é peculiar em meio à natureza criada com perfeição por Deus, da qual nós também fazemos parte.
O importante é não esquecermos que todas as criaturas, independente de sua colocação nos ciclos biológicos da vida, merecem nosso respeito e cuidado. Pois se “Deus se ocupa com todos os seres que criou, por mais pequeninos que sejam. Nada, para a sua bondade, é destituído de valor” [2], caberá a nós também, como partícipes da criação, envidarmos todo o nosso amor em prol do próximo e em prol de todas as criaturas.
Referências:
[1] A. Kardec, A Gênese. Brasília (DF): Federação Espírita Brasileira, 2013.
[2] A. Kardec, O Livro dos Espíritos, 93a. Brasília (DF): Federação Espírita Brasileira, 2013.