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domingo 17 novembro 2024
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Coluna Espírita – O Centro Espírita não é um Hospital Público, mas sim uma escola de conscientização do espírito

• Jorge Hessen – Brasília/DF
Ficamos consternados ao ler pela imprensa as seguintes publicações: “500 km em busca de UTI (mãe e bebês gêmeos viajam mais de 500 km em busca de UTI em Porto Alegre – RS).” (1); “Falta de estrutura mata idosa no Rio” (Falta de estrutura da rede pública de saúde faz mais uma vítima no Rio de Janeiro) (2); “SUS gaúcho – 500 mil procedimentos não atendidos” (Estudo aponta 500 mil procedimentos não atendidos no SUS gaúcho). (3); “Mitos em torno dos recursos para a saúde” (4); “Saúde em greve no RS” (justiça determina restabelecimento das emergências) (5); “Pacientes como mercadoria” (Uma doença chamada propina) (6); “Do caos ao colapso na saúde.”(7); “Pesadelo da saúde.”(8); “Hospital é festival de horrores” (9).
No Brasil, a Constituição de 1988 tornou, em tese, o acesso à saúde gratuita um direito universal de todo cidadão brasileiro. Para atender a esse objetivo, foi criado, há duas décadas, o Sistema Único de Saúde (SUS). Na prática, no entanto, ocorreu com a saúde algo semelhante ao observado na educação. A precária qualidade do atendimento público empurrou a classe média para o sistema privado. O Ministério da Saúde possui o maior orçamento do governo. O Brasil gasta, com saúde, mais do que outros países em desenvolvimento, e nem por isso possui indicadores mais favoráveis, ou seja, o país não oferece um nível mínimo de atendimento digno.
Observamos o sucateamento do setor público de saúde no Brasil, razão por que os Centros de Saúde não atendem satisfatoriamente a demanda da população, pelo número excessivo de pacientes a serem socorridos, seja por falta de equipamentos básicos necessários em casos de emergência, seja pelo número reduzido dos profissionais de que podem dispor, ou seja, pelos baixos salários que esses profissionais recebem, dentre outros fatores. Tudo isso tem provocado uma reação de abandono do serviço público nesses profissionais.
Muitas vezes as pessoas tendem a buscar meios alternativos para tratar suas enfermidades, e dentre eles estão os espaços religiosos, que possibilitam o acolhimento fraterno, dando importância e atenção ao que a pessoa está sentindo, e que, em muitas das vezes, aproxima-se da real condição do doente. Outras radicalizam mais, preferindo o auxílio das “rezadeiras” ou dos “curandeiros”, disponíveis a atender, gratuitamente, através da reza e dos curativos feitos com ervas por exemplo, crendo na cura dessas pessoas apenas pelo fato de terem recebido o “dom de Deus”.
Entretanto, alguns procuram as casas de orientação espírita, pois nelas encontram-se tratamentos para o bem-estar dos indivíduos, tendo o centro um papel interessante nesse contexto para prevenção e manutenção da saúde.
Já que o governo tem suas dificuldades na área, os espaços religiosos procuram oferecer alívio a esses males e sofrimentos, como também conforto, solidariedade e acolhimento. Daí a representação da relevância das práticas espíritas na saúde da população. O Centro Espírita percebe a prevenção de saúde de forma ampliada e contínua, através da difusão (sem prosélitos) das suas instruções espirituais. Portanto, o papel desempenhado pelas estruturas espíritas e/ou religiosas, de forma geral, pode ser de fato entendido como apoio à saúde (prioritariamente espiritual) na sociedade.
A temática de práticas espíritas relacionadas à saúde pública é pouco discutida, razão pela qual não encontramos muitas publicações referentes à percepção desse fenômeno social pelos escritores espíritas. O descaso com a saúde pública tem confirmado o papel do apoio social e espiritual do Centro Espírita na percepção do bem-estar e sua relação com a concepção do amor e da caridade como fundamentos da conduta humana, explicados como saudáveis e capazes de manter a saúde relativa da população.
A caridade, apoiada na fé raciocinada que o Espiritismo propõe, dá sentido à vida, oferecendo consolo, renovando energias e dando orientação eficaz ante as situações de angústia, incerteza das ideias e, consequentemente, ante a insegurança pessoal. Essa fé está ligada à vida concreta dos que nela depositam a sua crença. Em todo tipo de religião está implícito um problema central: liberar o homem da incerteza de sua transcendência, dar sentido à sua vida no mundo e além dele. Numa palavra: “conscientização” do mundo espiritual.
Obviamente o Centro espírita não pode e nem deve ser um hospitalzão, entronizando métodos de cura física para os doentes que o procuram, mas uma escola da alma em que se prioriza a terapêutica da educação do ser pela ciência do espírito, a fim de que os doentes possam curar suas próprias doenças.
Referências:
(1) BOM DIA BRASIL, REDE GLOBO, Terça-feira, 25/10/2011
(2) RJ TV – REDE GLOBO, Segunda-feira, 24/10/2011
(3) OPINIÃO – O Estado de S.Paulo – 17/10/2011
(4) EDITORIAL O GLOBO, 07/10/2011 às 18h13m
(5) ZERO HORA 26/08/2011
(6) O GLOBO, 20/08/2011 às 20h09m, Fabíola Gerbase
(7) ZERO HORA 19/08/2011
(8) RBS Notícias – Série Pesadelo da Saúde – Reportagem 4, 28/7/2011
(9) O GLOBO, 10/09/2010.