• Rogério Miguez – São José dos Campos/SP
Como de costume, em referência a este iniciante ano, houve frequentes matérias, opiniões e principalmente reportagens da mídia sugerindo receitas para se obter uma existência melhor: amor, saúde, dinheiro, viagens, emprego…, tudo é possível ser conquistado, afirmam, só depende da “simpatia” praticada.
Particularmente, os meios de divulgação são ricos em apresentar prescrições populares para se alcançar uma boa existência, infelizmente, quase todas visando apenas o ponto de vista material, entende-se, pois, a maioria dos autores de tais prescrições está totalmente desinformada, afinal, não estamos na Terra para obter apenas êxito material, mas também, e, principalmente, progredir moralmente, angariar e construir virtudes.
As propostas do mundo material foram muitas, e, segundo diziam, garantiriam o “sucesso” no ano vindouro:
– O primeiro pé a se colocar no chão após acordar no primeiro dia do ano novo deveria ser o direito, embora muitos digam ser o esquerdo, caso esteja-se no Japão;
– Vestir-se de branco na virada do ano seria providência certa para uma existência nova repleta de alegrias, argumentou-se inclusive ser a cor da roupa íntima – necessariamente nova – em uso neste especial momento, o elemento catalizador garantindo benesses variadas, tudo dependeria da cor;
– Fazer oferendas com flores e comidas diversas visando agradar entidades desencarnadas, estas, em retribuição, certamente nos ajudariam em todos os aspectos da existência;
– Dever-se-ia comer bolinho japonês;
– Nas praias, saltar sobre sete ondas, foi orientação frequente, mas não esquecer, só se for de costas, caso contrário não funcionaria;
– Usar fitas abençoadas ou benzidas, talismãs e patuás também ajudariam sobremaneira neste incerto ano;
– Tomar sopa de lentilha seria outra receita infalível, diziam ser um poderoso ímã para atrair a prosperidade material;
– Colocar uma nota de dinheiro dentro do sapato, na virada do ano, poderia também trazer a fortuna tão almejada…
Tudo para trazer a sorte, riqueza, tranquilidade e a paz tão buscadas e desejadas nos dias conturbados do século XXI. Todavia, os adeptos destas práticas infantis, algumas beiram o ridículo, esquecem-se – ou não desejam saber ¬– não existir nenhuma providência material que possa nos proteger e trazer fortuna às nossas vidas, sem ser acompanhada de trabalho e esforço pessoal. Por esta razão os entusiastas seguidores destas fórmulas banais jamais vêm seus sonhos realizados, contudo, não satisfeitos, no próximo ano novo repetirão todas as mágicas indicações em uma tentativa vã de se obter aquilo que só se consegue pelo labor.
Além do fato das leis divinas não contemplarem este tipo de solução para as nossas variadas mazelas, embora o ano seja realmente novo, nós, os Espíritos imortais não somos novos, pelo contrário, somos muito antigos, com imensa bagagem de realizações trazidas de vidas passadas, sendo exatamente este imenso passado o responsável por certos rumos da nossa existência presente e futura, não podendo ser modificados pelo fato de colocarmos um trevo de quatro folhas em nossa carteira.
Entretanto, se a existência como está não nos agrada, podemos modificar este momento atual preparando um futuro melhor, iniciando neste ano novo com:
– Ações renovadas no bem, e as opções são inúmeras;
– A construção de hábitos novos e saudáveis, abandonando definitivamente, por exemplo, os costumes nocivos à nossa saúde;
– Muito estudo, principalmente das obras espíritas fundamentais1, que tudo explicam sobre o funcionamento dos mecanismos divinos da nossa evolução;
– Orações de agradecimento e louvor a Deus. Esta conduta jamais pode ser esquecida.
A natureza informa existir um período para a sementeira e outro para a colheita. O ano começante pode ser visto como o momento de iniciar esta plantação, preparando o terreno com zelo e dedicação, dosando a quantidade de água na irrigação, igualmente vigiando com especial atenção as muitas pragas e as ervas daninhas surgindo a todo instante, para mais tarde, quem sabe, colher-se flores perfumadas e frutos saborosos desta semeadura de agora, colheita esta surgindo naturalmente em resposta aos nossos cuidados com o terreno de nossa existência.
Muitas oportunidades novas surgirão, pois Deus é Pai, devemos aproveitá-las ao máximo, não as menosprezando como temos feito frequentemente em nossas existências passadas.
Mudança de caráter, construção de virtudes, elaboração de bons hábitos, aquisição de conhecimento, aumento da inteligência não se fazem por decreto ou artifícios, demandam tempo, exigindo trabalho exaustivo pessoal e intransferível.
Alterações em velhas estruturas comportamentais não acontecem de um para outro momento, não nos iludamos quanto a isso.
Além disso, pode-se lembrar, sucesso e tranquilidade de consciência quase sempre acontecem como resultado de uma parte de ideal e noventa e nove partes de suor nas ações que os materializam.
Sem dar o passo inicial, ninguém cobre distâncias.
Estas poucas providências citadas podem sim trazer a paz interior. Não nos enganemos mais, tenhamos a certeza de que uma existência melhor não vem de fora para dentro, mas surge de dentro para fora, do Espírito imortal nasce a condição para se viver a existência com alegria e plena satisfação.
Procedamos com equilíbrio e jamais desanimemos.
Mais dia menos dia, os resultados tão almejados surgirão, caso empenhemo-nos para tanto, independentemente se há mudança de ano ou não, tudo depende de nós mesmos, trabalhemos para que este estado de plenitude aconteça agora e não mais tarde.
1 NOTA: Consideram-se fundamentais cinco livros de Allan Kardec – O Livro dos Espíritos; O Livro dos Médiuns; O Evangelho segundo o Espiritismo; O Céu e o Inferno e A Gênese.
Coluna Espírita – O ano é novo, o Espírito não!
jan 19, 2021RedaçãoColuna Espírita (Agê)Comentários desativados em Coluna Espírita – O ano é novo, o Espírito não!Like
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