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segunda-feira 23 dezembro 2024
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Coluna Espírita – Nem todos querem ser curados

• Eder Andrade – Rio de Janeiro/RJ
Pode parecer exagero da nossa parte em afirmar, que muitas pessoas que procuram ajuda nas Casas Espíritas ou Espiritualistas não desejam realmente ser auxiliadas ou não estão prontas para receberem a ajuda que acreditam que precisam.
Buscam inconscientemente um alívio ao sofrimento pelo qual estão passando, mas não se interessam de fato em modificar seu comportamento para conseguir promover a melhora que elas próprias precisam.
No livro de Chico Xavier, Justiça Divina, Emmanuel nos esclarece com uma passagem consoladora quando cita:
É como se retivéssemos esperanças, procurando explodir, e, por essa razão, sofres a impossibilidade transitória de alcançar o ideal a que te propões.
Queres realizar os melhores sonhos, aspiras ao estudo edificante do Universo, anseias atingir as culminâncias da Ciência e da Arte, atormentas-te pela aquisição da felicidade e choras pela integração da própria alma no amor supremo…
Entretanto, quase sempre tens ainda o coração preso à dívida, à feição do diamante engastado ao seixo.1
Essas pessoas estão mais interessadas em se libertar do desconforto, do que dos vícios mentais que são portadoras e de uma certa forma, se satisfazem com eles. Os desequilíbrios da alma, levam os indivíduos a cometerem equívocos, permitindo diversos arrastamentos em muitos momentos da sua vida.
Muitos se acostumaram com prazeres mórbidos que vem nutrindo a várias encarnações e não é tão fácil modificar essa relação de dependência de uma hora para outra, exige um grande esforço pessoal.
A evangelização e o conhecimento doutrinário ajudam a pessoa a se disciplinar para lidar melhor com as questões que é portador. Somos herdeiros de diferentes emoções de outras reencarnações e por motivos de ordem espiritual, sentimentos adoecidos de outras existências que despertam desafiando tudo aquilo que acreditamos como certo ou errado. Observamos isso na passagem de Emmanuel no livro Rumo Certo:
Quando a ilusão nos colhe o espírito, impelindo-nos para amargosos desenganos, evidentemente não nos é lícito lançar a responsabilidade integral do fracasso de nossa expectativa sobre os outros, já que, no fundo, somos nós mesmos que nos deixamos embair pela nossa própria superestimação acerca de criaturas e circunstâncias.2
Segundo a espiritualidade superior, quando amadurecemos moralmente, passamos a estar mais propícios a lidar com as consequências no mundo material das nossas atitudes imprudentes de vidas passadas. Dessa forma o nosso inconsciente vai liberando aos poucos, antigas emoções para serem ressignificadas.

O comodismo do encarnado é responsável por ancorá-lo nas suas maiores dificuldades ou nos seus grandes apegos e paixões. Se libertar do sofrimento, pode representar também abrir mão das suas crenças e até mesmo dos paradigmas que fazem parte de uma cultura atávica que somos portadores. Uma fé cega em um modelo de vida decadente e ultrapassado.
Chega a ser surpreendente, mas em alguns casos o ponto central do sofrimento é o mesmo do prazer mórbido que o indivíduo alimenta nas suas fantasias. Promover a cura para muitas pessoas implica em educá-las para uma vida melhor e mais saudável psiquicamente. Essa é uma escolha pessoal de cada um de nós.
Observamos em O Evangelho Segundo Espiritismo, passagem de Mateus: 7:24 a 27 e Lucas: 6:46 a 49, onde mostram que não nos faltaram advertências:

Aquele, pois, que ouve estas minhas palavras e as pratica, será comparado a um homem prudente que construiu sobre a rocha a sua casa. Quando caiu a chuva, os rios transbordaram, sopraram os ventos sobre a casa; ela não ruiu, por estar edificada na rocha. Mas aquele que ouve estas minhas palavras e não as pratica, se assemelha a um homem insensato que construiu sua casa na areia. Quando a chuva caiu, os rios transbordaram, os ventos sopraram e a vieram açoitar, ela foi derribada; grande foi a sua ruína.3

Curiosamente o autoconhecimento gera uma crise de consciência em muitas pessoas, pois a reflexão nos leva a perceber que somos inconscientemente os principais responsáveis pelo nosso sofrimento, quando nutrimos sentimentos ou lembranças que se por um lado nos trazem prazer, por outro nos causam viciações mentais e dependências desagradáveis.
Emmanuel, sempre de forma oportuna, nos oferece pela mediunidade de Chico Xavier um pensamento para nosso autoconhecimento, quando diz:

Ninguém poderá dizer que toda enfermidade, a rigor, esteja vinculada aos processos de elaboração da vida mental, mas todos podemos garantir que os processos de elaboração da vida mental guardam positiva influenciação sobre todas as doenças. Há moléstias que têm, sem dúvida, função preponderante nos serviços de purificação do espírito, surgindo com a criatura no berço ou seguindo-a, por anos a fio, na direção do túmulo.4

O mundo moderno nos permite acesso a muitos conhecimentos, principalmente pela moderna tecnologia.
Existem vários tipos de terapias facilitadoras para uma ressignificação das nossas vidas, através de uma releitura dos fatos em um novo momento da nossa existência, onde mais amadurecidos e abertos a mudanças, passaremos a ver nossa vida dentro de um novo prisma.
Referências:
1) Xavier, F. Cândido; Justiça Divina; Cap. 15 – Cada Existência; FEB.
2) _____; _______________ ; Rumo Certo; Cap. 13 – Só um problema; FEB.
3) Kardec, Allan; O Evangelho Segundo o Espiritismo; Cap. XVIII – Muitos os chamados,
poucos os escolhidos – it. 7; FEB.
4) Xavier, F. Cândido; Pensamento e Vida; Cap. 28 – Enfermidade; FEB.