• Marcus De Mario – Instituto Brasileiro de Educação Moral-IBEM/RJ
Diversas organizações feministas internacionais estão se movimentando intensamente para que os países que proíbem o aborto, como é o caso do Brasil, modifiquem sua legislação, para permitir que as mulheres exerçam seu direito em praticar a interrupção da gravidez. Alegam que a mulher tem todo o direito de decidir sobre seu corpo, sua vida, e nisso nós espíritas estamos de acordo: sim, elas tem direito de decisão sobre o seu corpo e a sua vida, mas não sobre o corpo e a vida de outro ser, no caso o que está em gestação no seu ventre. Pesquisas já provaram que o DNA do feto é único, individual, não se confundindo com o DNA da mãe ou do pai, ou seja, estamos falando de um ser humano distinto, em desenvolvimento, que tem todo o direito em viver, assim como a mãe teve igualmente, a seu tempo, esse mesmo direito. E mesmo com relação aos direitos sobre seu corpo e sua vida, a mulher precisa entender (isto serve também para o homem) que a liberdade de escolha, o livre arbítrio, é acompanhada da responsabilidade pelas consequências, tanto a nível material quanto espiritual. A vida pertence a Deus e, portanto, somente Ele, que é a perfeição absoluta, pode dispor dela. Todos esses argumentos são derivados dos princípios do Espiritismo, que estabelece que o ser humano é um espírito imortal, preexistente e sobrevivente, pois a morte não existe.
Uma das alegações utilizadas pró-aborto é que muitas vezes a gravidez não foi planejada, e que a mesma afetaria a vida da mulher. Contudo, mesmo no caso, por exemplo, de estupro, de ato violento sem o consentimento da mulher, devemos colocar acima de nossa visão imediata a visão espiritual da vida, compreendendo que nada acontece por acaso. Há uma lei soberana que tudo rege, que é a lei divina, e aquilo que aparentemente pode ser um mal, com o tempo revela-se uma bênção. Ilustremos com duas situações reais de nosso conhecimento.
Temos um amigo que, tempos atrás, estava desempregado e muito aflito por essa situação, pois tinha esposa e dois filhos para cuidar. Nos procurou imensamente preocupado, pois acabara de receber a notícia de nova gravidez da esposa. Como faria para sustentar mais um filho estando sem rendimentos financeiros? Lembramos que deveria confiar em Deus, que não desampara seus filhos e é farto de misericórdia, e que assim continuasse sua jornada terrena com fé e perseverança, que as portas iriam se abrir. E fizemos o possível para auxiliá-lo. O tempo passou e tomamos caminhos distintos, até que as situações da vida nos colocaram novamente em relação. Como teria ficado aquela situação? Recebemos a grata notícia de que a gravidez tinha sido levada até o fim, que ele havia encontrado um bom emprego, e que a criança, uma menina, era tudo para ele, verdadeiro anjo em sua vida e da mãe.
De outra feita atendemos uma jovem que havia engravidado depois de sofrer um estupro. Estava confusa e buscava orientação e consolo. Jamais iremos justificar o estupro, de todo condenável, mas estávamos diante de um caso consumado em que se decidia sobre a vida de um outro ser. Fizemos com que a jovem refletisse sobre a questão da alma, da vida espiritual, e de aquele ser talvez viesse a ser o filho querido do seu coração, talvez fosse um espírito simpático, afinizado com ela. Se assim não fosse, de qualquer maneira ela estava recebendo a oportunidade de educar, de ligar esse espírito, mesmo que rebelde, a Deus, o que se revela grandiosa missão dada às mães. Ela ficou de pensar. Os meses passaram e não mais a vimos. Retornou à instituição espírita muito tempo depois, trazendo nos braços um lindo garotinho. Sorrindo e demonstrando muito amor ao bebê, nos disse: “Voltei para lhe mostrar meu filho. Ele é lindo, não é mesmo?” E que outra resposta poderia lhe dar, a não ser deixar rolar pela face lágrimas de emoção?
Em tudo vemos a sabedoria divina e a necessidade do ser humano se espiritualizar, de ter um olhar além do nascer, viver e morrer. Será que nós, os que aqui estamos bem vivos, gostaríamos de ter sido abortados? Então não estaríamos aqui, não teríamos feito o que já fizemos, nem sonhado o que já sonhamos. É muito fácil para quem teve a oportunidade de nascer, querer aprovar uma lei para impedir que os outros nasçam. Pensemos seriamente nisso.
A realidade espiritual da vida
É princípio básico do Espiritismo a imortalidade da alma, e também a lei de evolução através da reencarnação. Todos somos almas, ou espíritos reencarnados, e aqui estamos para continuidade ao nosso progresso intelectual e moral, com vista a um supremo objetivo: alcançar a perfeição, o estado de espírito puro, e esse objetivo somente será alcançado na medida em que aprendermos a amarmo-nos uns aos outros, fazendo ao outro somente o que gostaríamos que o outro nos fizesse. Será que gostaríamos de ter nossa vida na mão de outro ser humano, que irá decidir por nós se temos ou não o direito de nascer?
Espíritos que foram abortados voltam através das reuniões mediúnicas realizadas nos centros espíritas, e nos dão seu depoimento, dizendo dos seus sofrimentos na vida espiritual ao terem seu planejamento reencarnatório interrompido, muitas vezes por decisão egoísta por parte dos pais, mais preocupados consigo mesmos, com sua beleza física, com seus prazeres sociais, com sua estrutura financeira.
Quem decide praticar o aborto, se entrega a esse ato, e os que o realizam, todos respondem perante a lei divina por um crime, um assassinato, cada um de acordo com suas intenções, devendo arcar com as consequências já nesta existência, depois da morte e em próxima reencarnação, pois o mal nunca fica impune diante da lei divina.
Exaltemos sempre a vida, o direito de nascer, colocando-nos contra a prática do aborto, contra a sua legalização, que levaria a nação brasileira a um sério desvio coletivo perante Deus.
Coluna Espírita – Não ao aborto, sim à vida
jan 30, 2020RedaçãoColuna Espírita (Agê)Comentários desativados em Coluna Espírita – Não ao aborto, sim à vidaLike
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