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quinta-feira 28 novembro 2024
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Coluna Espírita – Matutando o passe em período de quarentena

• Jorge Hessen – Brasília/DF
Existem inúmeras práticas “doutrinárias” não compatíveis com a sã Doutrina Espírita que urge sejam arguídas à exaustão, nas bases da compostura cristã, sem nenhuma pecha de intolerância, obviamente. Até porque a verdadeira prática Espírita é a expressão da moral cristã, consubstanciada no Evangelho do Cristo.
O passe, por exemplo, não é cabível e/ou oportuno o tal passe “virtual”. Podemos orar e dirigir energias amorosas para o próximo e até envolvê-lo a distância através dos pensamentos bondosos, repletos de energias magnéticas elevadas, contudo, não é recomendável nas casas espíritas bem orientadas o tal passe “virtual”.
O bom emprego do passe não admite qualquer expediente espetaculoso. As encenações preparatórias – “mãos erguidas ao alto e abertas, para suposta captação de fluidos pelo passista, mãos abertas sobre os joelhos, pelo paciente, para melhor assimilação fluídica, braços e pernas descruzados para não impedir a livre passagem dos fluidos, e assim por diante – só servem para ridicularizar o passe, o passista e o paciente.
A formação das chamadas “correntes” mediúnicas, com o ajuntamento de médiuns em torno do paciente, “as ‘correntes’ de mãos dadas ou de dedos se tocando sobre a mesa – condenadas por Kardec – nada mais são do que resíduos do mesmerismo do século XIX; inúteis, supersticiosos e ridicularizantes”. (1)
O passe deverá sempre ser ministrado de modo silencioso, com naturalidade. Os espíritas não são proibidos de nada, todavia, práticas alucinadas são inaceitáveis. A propósito do legítimo passe, “assim como a transfusão de sangue, representa uma renovação das forças físicas; o passe é uma transfusão de energias psíquicas, com a diferença de que os recursos orgânicos (físicos) são retirados de um reservatório limitado, e os elementos psíquicos o são do reservatório ilimitado das forças espirituais” – Explica o Espírito Emmanuel. (2)
Recordemos que Jesus utilizou o passe “impondo as mãos” sobre os enfermos e os perturbados espiritualmente para beneficiá-los. E ensinou essa prática aos seus discípulos e apóstolos, que também a empregaram largamente. Entretanto, é nas hostes espíritas que o passe é melhor compreendido, mais largamente difundido e utilizado.
O Evangelista Mateus numa das suas narrativas assegura que “Jesus, estendendo a mão, tocou-lhe dizendo: Quero, fica limpo! E imediatamente ele ficou limpo de sua lepra”. (3) Mas o que é efetivamente o passe? “É uma transfusão de energias, capaz de alterar o campo celular.” (4) No Pentateuco mosaico localizamos o seguinte evento: “Josué, filho de Num, estava cheio do espírito de sabedoria, porquanto Moisés havia posto sobre ele suas mãos: assim os filhos de Israel lhe deram ouvidos, e fizeram como o Senhor ordenara a Moisés”. (5)
Na verdade, “é muito comum a faculdade de curar pela influência fluídica e pode desenvolver-se por meio do exercício”. (6) Mas cabe esclarecer que o passe e imposição de mãos não são a mesma coisa. Tem-se a imposição de mãos como apenas um método, mas, naturalmente, uma pessoa desprovida dos braços pode fornecer um passe pela força do desejo e pelo auxílio dos Espíritos. O fluxo magnético se sustenta e se arremessa à custa da vontade tanto do passista quanto de seres desencarnados que o acodem na conciliação dos fluidos.
O evangelista Marcos descreve sobre um dos chefes da sinagoga, “chamado Jairo, que logo após avistar Jesus, lançou-se-lhe aos pés. E lhe rogava com instância, dizendo: Minha filhinha está nas últimas; rogo-te que venhas e lhe imponhas as mãos para que sare e viva”. (7) Na obra Mecanismos da Mediunidade, André Luiz explana que “o passe, como gênero de auxílio, invariavelmente aplicado sem qualquer contraindicação, é sempre valioso no tratamento devido aos enfermos de toda classe”. (8)
Referência bibliográfica:
(1) PIRES, José Herculano. Artigo “O Passe” disponível em <clique aqui> acessado em 07/11/2011.
(2) XAVIER, Francisco Cândido. O Consolador, ditado pelo Espírito Emmanuel, Rio de janeiro: Ed FEB, 2000, perg. 98.
(3) Mateus 8: 3.
(4) XAVIER, Francisco Cândido. Nos Domínios da Mediunidade, ditado pelo Espírito André Luiz, Rio de janeiro: Ed FEB, 2004, Cap. XVII.
(5) Deuteronômio 34: 9 -12.
(6) KARDEC Allan. A Gênese, RJ: Ed FEB, 2004, Cap. XIV, item 34.
(7) Marcos 5: 21 – 23.
(8) XAVIER, Francisco Cândido. Nos Domínios da Mediunidade, ditado pelo Espírito André Luiz, Rio de janeiro: Ed FEB, 2004, Cap. XI.