• Ricardo Orestes Forni – Tupã/SP
Certas pessoas não escapam de um perigo mortal senão para cair num outro; parece que elas não poderiam escapar à morte. Não há nisso fatalidade?
R. – Não há de fatal, no verdadeiro sentido da palavra, senão o instante da morte. Quando esse momento chega, seja por um meio ou por outro, não podeis dele vos livrar. (O Livro dos Espíritos, questão 853.)
Antecipamos para que não haja nenhuma interpretação errada, que o homem tudo deve fazer em favor do corpo físico que possui transitoriamente como instrumento importantíssimo de trabalho enquanto encarnado. Que dizer do lavrador que abandonasse a sua enxada à ferrugem? Ou, mais modernamente falando, que pensar sobre o agricultor que danificasse o trator que trabalha a terra onde planta?
Da mesma forma, temos a responsabilidade enorme de cuidarmos de nosso corpo físico através de todos os recursos que a medicina moderna disponha para preservá-lo pelo maior tempo possível, mesmo que o instante da morte seja fatal, simplesmente porque desconhecemos quando será esse instante.
Foi divulgada pelo mundo todo a mastectomia de consagrada atriz para diminuir a chance de ter câncer de mama, doença que levou à morte a sua mãe. Nesse processo, a maior parte possível da glândula mamária é retirada para que o câncer nela não se desenvolva. Contudo, é impossível a retirada total da glândula mamária sempre restando um risco a ser corrido, embora muito menor, evidentemente. Também essa conduta de remover as mamas preventivamente não é consenso em medicina porque a ciência se desenvolve assim mesmo, através de prós e contras que serão resolvidos com os resultados obtidos através de anos de observação dos mesmos. É a prudência em ação.
Como surge o câncer em um organismo? Vejam bem que não perguntei por que surge e sim como surge. Sabemos que as células de nosso organismo se renovam para recompor a estrutura física e permitir a vida do corpo. Em um determinado instante, uma célula, nesse processo de reposição natural começa a se reproduzir de maneira rebelde, fugindo a um comando que determina que uma célula sadia dê origem a uma outra célula sadia. A célula “rebelde” foge a essa determinação e dá início a um processo semelhante a um motim dentro daquele organismo. Reproduz-se anarquicamente e rapidamente, quando então surge a patologia denominada de câncer com nomes específicos dependendo do órgão atingido.
Assim que essas primeiras células começam a sua “rebelião”, o organismo tenta detê-las através de genes encarregados de freá-las. Quando isso falha, a imunidade desse corpo entra na briga tentando matar as células nocivas. Falhando também essa tentativa, a doença prossegue e, dependendo do estágio em que for detectada, leva à morte o corpo atingido. A falha do mecanismo imunológico é constatada com exemplos encontrados na vida. Quando uma determinada pessoa passa por um desgosto muito grande como, por exemplo, a perda de uma pessoa querida, uma separação, um desastre financeiro muito grande, sua imunidade sofre um abalo significativo, ocasião em que o câncer poderá surgir.
Isso, grosseiramente colocando, é o que sabemos hoje em dia. Haveria outros mecanismos envolvidos na intimidade desse mecanismo? Honestamente, como negar? Por outro lado poderíamos perguntar: só fatores materiais estariam envolvidos no surgimento do câncer? Honestamente, como afirmar? Não existem pessoas que fumam por décadas e morrem de outra causa que não um câncer de pulmão? Tinham tudo para desenvolver a enfermidade e não são vítimas dela. Por quê? Baseados apenas em causas materiais, como explicar?
Como bem coloca Dr. Paulo Cesar Fructuoso em seu excelente livro A Face Oculta da Medicina, edição Lar de Frei Luiz, cuja leitura recomendamos, na Austrália, país de população muito clara e com exposição aos raios solares, apenas uma pessoa em cada trinta desenvolverá um câncer de pele gravíssimo denominado de melanoma. Por que só uma entre trinta? Por que não nas outras? Que fator ou fatores protegeriam as outras vinte e nove pessoas desse câncer? Ou alguma coisa além da matéria estaria envolvida no mecanismo que dá início ao desenvolvimento de reprodução anárquica do câncer? Da mesma forma nos pergunta o médico citado anteriormente: por que homens e mulheres com vida regrada, cuidadosos com o que comem, sem vícios, praticantes regulares de atividades físicas saudáveis e vivendo em áreas sem poluição atmosférica também contraem a doença? Como excluir um fator não físico nesse mecanismo a não ser pelo preconceito e pelo dogmatismo?
Joanna de Ângelis, falando sobre o carma, esclarece que a soma das experiências e ações positivas anula aquelas que lhe constituem débito propiciador de sofrimento. Não poderia estar nessa falta de experiências e ações positivas anulando os débitos existentes, o início do desencadeamento do fator de rebelião das primeiras células do câncer? Por acaso o Espírito endividado não se relaciona com o corpo em que habita? Por que então, Jesus, quando curava os males do corpo, recomendava que não se pecasse mais?
É tempo, como afirma Dr. Paulo Cesar Fructuoso no livro citado, que a medicina saia de suas limitações atuais e explore o universo dos seres imateriais, o Mundo dos Espíritos, reconhecendo a sua existência e, acrescentamos nós, as suas consequências sobre nosso corpo carnal.
Todas as medidas preventivas são altamente válidas e devemos utilizá-las sempre, sem esquecer, entretanto, que não devemos reincidir no erro que desequilibra o Espírito e faz do corpo material o local de drenagem de nossas mazelas morais.
Coluna Espírita – Mastectomia preventiva e o carma
fev 20, 2021RedaçãoColuna Espírita (Agê)Comentários desativados em Coluna Espírita – Mastectomia preventiva e o carmaLike
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