• Ricardo Orestes Forni – Tupã/SP
Se você está achando esse título meio estranho, confesso que eu o acompanho nesse pensamento. Contudo, posso explicar.
Olhando os cristãos, fico com a impressão de que se parecem, em uma porcentagem significativa, com um doce chamado Maria mole.
Se a minha confissão de que também me incluo nesse doce o faz feliz, pode comemorar. Considere-me um Maria mole, mas permita-me as explicações que se seguem.
Existe um estado denominado cataléptico em que o corpo adquire a aparência de morte. Dizem que na história da humanidade ocorreram casos de pessoas que foram enterradas vivas por esse motivo, em uma época em que a medicina não dispunha de conhecimentos e recursos para detectar esse estado de diminuição intensa dos sinais vitais da pessoa.
Em 2014 uma polonesa despertou dentro de um saco no interior de um necrotério após onze horas do seu óbito ter sido atestado.
Na época de Jesus isso devia ocorrer com mais frequência devido à precariedade da medicina da época, tendo sido o que aconteceu a Lázaro, julgado morto pelas irmãs Marta e Maria, que buscaram pelo socorro de Jesus. Obviamente que, diante de um quadro desses, considerá-lo morto foi um instante. As irmãs chorosas foram à procura de Jesus informar-lhe o ocorrido e ouviram Dele que Lázaro não morrera, apenas dormia. Dito e feito. Passaram-se alguns dias antes de Jesus dirigir-se para Betânia, terra do amigo, e chamá-lo para fora da tumba.
Essa passagem colocou o meio judaico em ebulição: o Profeta era capaz até de ressuscitar os mortos! Acentuou-se ainda mais o ódio nos corações daqueles que já não gostavam Dele por razões justificáveis apenas pela pequenez evolutiva daquelas pessoas que acreditavam ferrenhamente no deus de Moisés que tinha um povo escolhido e mandava passar a fio de espada os povos inimigos derrotados na caminhada em busca da terra prometida.
Lázaro passou a representar o maior testemunho da grandeza do Profeta Nazareno! Maior do que os leprosos curados, do que os cegos que retornaram a enxergar, do que os paralíticos que voltaram a andar.
Afinal, ressuscitar um morto não era obra para qualquer um! Isso abalou a tal ponto os fariseus que desejaram executar Lázaro após a crucificação de Jesus porque, desse modo, o serviço ficaria completo. Uma espécie de queima de arquivo. Naquela época também já existiam “arquivos” que incomodavam. Acreditavam que dessa maneira acabariam com Jesus e com a sua maior testemunha que era o morto redivivo.
Hipocrisia foi coisa que nunca faltou e nunca faltará no mundo enquanto vivermos num planeta de provas e expiações.
Os hipócritas de hoje não suportam ver alguém procurando ser um testemunho vivo de Jesus, mesmo tendo-se passado mais de dois mil anos.
Se alguém procurar ter uma vida de maior correção, abdicar os velhos hábitos, procurar trilhar caminhos que o faça uma testemunha viva de Jesus, bronca nele!
A consciência incomodada daqueles que não desejam ascender na caminhada em busca da perfeição procura puxar para baixo aqueles que tentam se aproximar do vero cristianismo. Que o diga, se ainda entre nós estivesse, Chico Xavier. Que o diga Divaldo Franco que, felizmente, entre nós ainda está. Do próprio meio espírita voam pauladas e pedradas que buscam atingir aqueles que procuram testemunhar Jesus.
Por isso disse no título desse artigo – “Maria Mole” – que me parece essa a atitude assumida por muitos cristãos. Muitos se parecem com o doce Maria mole: nem tanto o céu, nem tanto a Terra. Há um temor de sofrer as chibatadas que Paulo sofreu para constituir-se no vaso escolhido por Jesus.
A crítica daqueles que preferem continuar no mundo satisfazendo-se com os prazeres do mundo, não vacila: se detectar alguém com atitudes que possam levar a se constituir em testemunho vivo de Jesus, puxa essa pessoa para baixo porque, quando alguém cai, alivia a consciência daqueles que desejam permanecer no chão.
Os hipócritas de hoje continuam tentando eliminar os Lázaros dos dias atuais. Sentem-se mal quando a consciência de outra pessoa está em paz pelo dever cumprido. Então, procuram corromper ao invés de se regenerarem.
Emmanuel, no capítulo 61 do livro Vinha de Luz, assim define bem a situação: “Se te sentes trazido da sombra para a luz, do mal para o bem, ao sublime influxo do Senhor, recorda que o farisaísmo, visível e invisível, obedecendo a impulsos de ordem inferior, ainda está trabalhando contra o valor de tua fé e contra a força de teu ideal. Não bastou a crucificação do Mestre. Também tu conhecerás o testemunho”.
Se você está comigo no doce de Maria mole, vamos colocar um pouco mais de trabalho em nossas vidas para cairmos fora desse tacho.
A receita para endurecermos contra o mal, e deixarmos de ser Maria mole, está em cada ensinamento da Doutrina Espírita.
Somente modificando o doce conseguiremos sair da situação do meio lá, meio cá.
Se ainda estiver em dúvida, não é bom começar a pensar se no planeta de regeneração para o qual caminhamos vão aceitar esse tal de doce chamado de Maria mole, tão apreciado hoje nos dias atuais de um mundo de provas e expiações?
Coluna Espírita – “Maria mole”
jun 17, 2021RedaçãoColuna Espírita (Agê)Comentários desativados em Coluna Espírita – “Maria mole”Like
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