Search
sexta-feira 25 abril 2025
  • :
  • :

Coluna Espírita – Maçonaria

• Astolfo O. de Oliveira Filho – Revista O Consolador – Londrina/PR
Existe na literatura espírita algo que fale sobre a maçonaria?
A resposta é sim, conforme podemos comprovar lendo a Revista Espírita de 1864 (Edicel, págs. 121 a 126), em que foram transcritas três comunicações referentes às relações existentes entre o Espiritismo e a franco-maçonaria.
Na primeira, o Espírito de Guttemberg diz que todo maçom iniciado é levado a crer na imortalidade da alma e no Divino Arquiteto e a ser benfeitor, devotado, sociável, digno e humilde. Ali se pratica a igualdade na mais larga escala, havendo, pois, nas sociedades maçônicas uma afinidade evidente com o Espiritismo.
Asseverando que muitos maçons são espíritas e trabalham muito na propaganda dessa crença, Guttemberg previu que no futuro o estudo espírita entraria como complemento nos estudos abertos nas lojas.
Na segunda mensagem, Jacques de Molé (Espírito) afirma que as instituições maçônicas foram para a sociedade um encaminhamento à felicidade. Numa época em que toda ideia liberal era considerada crime, os homens precisavam de uma força que, submissa às leis, fosse emancipada por suas crenças, suas instituições e a unidade de seu ensino. “Nessa época – diz Molé – a religião ainda era, não mãe consoladora, mas força despótica que, pela voz de seus ministros, ordenava, feria, fazia tudo curvar-se à sua vontade; era um assunto de pavor para quem quisesse, como livre pensador, agir e dar aos homens sofredores alguma coragem e ao infeliz algum consolo moral.”
No final, Jacques de Molé assevera: “O Espiritismo fez progressos, mas, no dia em que tiver dado a mão à franco-maçonaria, todas as dificuldades estarão vencidas, todo obstáculo retirado, a verdade estará esclarecida e o maior progresso moral será realizado e terá transposto os primeiros degraus do trono, onde em breve deverá reinar”.
Na terceira mensagem, o Espírito de Vaucanson, que ainda se designava franco-maçom, observa que Guttemberg foi contemporâneo do monge que inventou a pólvora – invenção essa que transformou a velha arte das batalhas – enquanto a imprensa trouxe uma nova alavanca à expressão das ideias, emancipando as massas e permitindo o desenvolvimento intelectual dos indivíduos. A franco-maçonaria, contra a qual tanto gritaram, contra a qual a Igreja romana não teve anátemas em quantidade suficiente, e que nem por isso deixou de sobreviver, abriu de par em par as portas de seus templos ao culto emancipador da ideia. “Em seu seio – afirma Vaucanson – todas as questões mais sérias foram levantadas e, antes que o Espiritismo tivesse aparecido, os veneráveis e os grão-mestres sabiam e professavam que a alma é imortal e que os mundos visível e invisível se intercomunicam.”
Segundo Vaucanson, o Espiritismo encontrará no seio das lojas maçônicas numerosa falange compacta de crentes, sérios, resolutos e inabaláveis na fé, porque o Espiritismo realiza todas as aspirações generosas e caridosas da franco-maçonaria; sanciona as crenças que esta professa, dando provas irrecusáveis da imortalidade da alma; e conduz a humanidade ao objetivo que se propõe: união, paz, fraternidade universal, pela fé em Deus e no futuro.