• Espírito Ivan de Albuquerque – Psicografia de Raul Teixeira – Niterói/RJ
Trabalhando o próprio âmago, a fim de melhor enxergar as realidades do caminho, não são poucas as vezes em que o jovem se frustra, desconcertando-se perante o avultado labor exigindo ação no bem.
Observando aqui e ali, percebe o soçobrar da dignidade, a prostituição da ética, o assanhamento das injustiças que costumam desafiá-lo, no campo de instigações de que se vê alvo.
Mormente quando esses sentimentos se digladiam no cerne de si mesmo, começa um período de turbulência psicológica que oscila entre a estação da descrença nas soluções a breve tempo e a convicção de que tem algo a dar de si mesmo a benefício da situação em mira.
Advém, de costume, o pensamento político.
Participar do movimento político partidário, admitindo-se invitado pela vida a tal disposição, é o que pensa.
É óbvio que, em sã consciência, ninguém poderá impedir a quem quer que seja de adentrar esse ou outro movimento a nível sócio-político, quando é a sua liberdade e entendimento que o impelem a tal tomada de postura.
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O Espiritismo, na qualidade de excelente rota de progresso ou de luminosa filosofia de vida, em retomando o pensamento cósmico de Jesus Cristo, faz do indivíduo o homem político mais lúcido, mais atuante no bem, uma vez que abre-lhe os olhos para a realidade de que não bastará adotar, externamente, uma fisionomia política agradável, sem que haja amadurecido, em suas entranhas reflexivas, a posição que externaliza, convenientemente.
O Espiritismo evoca no homem verdadeiramente fiel à sua consciência, o amor à verdade, à honestidade, ao desinteresse pessoal, tornando-o disposto às lutas e aos sacrifícios pelo bem geral que, em síntese, se fará seu próprio bem, pela consciência pacificada no atendimento aos deveres.
Quando o jovem que se identifica como cidadão espírita se decide por uma postura política a nível de comprometimento público, em linha partidária, não poderá olvidar-se dos ônus, dos preços a pagar, pelo arrojo de querer oferecer-se em holocausto à sua sociedade, sem nada exigir para si mesmo.
Contrariando interesses mesquinhos, estará na mira da calúnia, do desprestígio, da tormenta que, como petardos pontiagudos, o alcançarão.
Não conivindo nos processos cobardes de exploração da coisa pública, terá contra si os preconceitos e toda a série de acirrados doestos dirigidos contra sua integridade.
Querendo trabalhar com afinco, mesmo sem reconhecimento, verá crescer a rapina que espera lucrar na almofada da acomodação, e a vociferação que contra si será arremessada.
Quando fale pouco a fim de que disponha de mais tempo para a operosidade, deparar-se-á com longos e vazios discursos de retórica muitas vezes mentirosa, estudada dentro das mais modernas técnicas para engodar, para a estagnação do “status quo”, tudo isso se transformando em obstáculo virulento contra a sua vontade de ser útil.
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Assim, se não temes as arremetidas do suborno por causa de vilezas sem conta; se não temes a verdade por conduzires tranquila a consciência; se não temes perder o sossego de uma vida entre os que te apoiam e estimam; se não temes as ameaças da pesada empresa do acinte e do deboche; se nada temes porque tenhas os pés no chão da realidade, com mente e coração nutridos pelo Evangelho do Cristo, segue avante e sê feliz!
A tua crucificação dar-te-á liberdade e luz espirituais.
Lembrar-te-ás de Jesus ao ensinar que a nossa justiça deve superar a dos escribas e dos fariseus; que devemos fazer amigos com as riquezas do mundo; que a cada um será dado consoante as próprias ações; que devemos dar com a mão direita sem que o veja a esquerda; e tantos outros ensinamentos que alertam, que preparam, que amadurecem a alma disposta ao crescimento.
Se te sentes capaz de te ajustares a essas profundas disciplinas para que, mais tarde consigas facear a própria consciência, jovem, meu amigo, vai e doa-te nesse sublime holocausto, pois que as sociedades futuras te louvarão o nome, enquanto por agora, no mundo, encontrarás amarguras e uma ou outra pálida voz a vibrar em teu favor.
Se fores apto a superar-te, domando o egoísmo, o orgulho e a presunção, em meio tão difícil, terás aceito o desafio da tua expiação, demonstrando que o Espiritismo que viceja em ti, é a doutrina política por excelência, uma vez que prepara, na forja das múltiplas disciplinas e no hausto do mais nobre regime educacional, o homem e a mulher espíritas, participantes ativos, sem exibições neuróticas ou exacerbações emocionais e perfunctórias, mas com a profundez e a maturidade exigidas pelas Leis de Deus que nos alojou nos labores do mundo de modo que aqui vivamos, cresçamos, sirvamos e amemos, valendo-nos de todos os seus recursos, sem que nos entreguemos ao mundanismo.
Jovem, se queres, vive politicamente, ensinando, propondo, evocando direitos e cumprindo deveres, como prescreveu o Excelso Governador da nossa abençoada “polis” planetária.
*TEIXEIRA, Raul. Cântico da juventude. Pelo Espírito Ivan de Albuquerque. Editora Fráter.
Coluna Espírita – Juventude e política
abr 10, 2020RedaçãoColuna Espírita (Agê)Comentários desativados em Coluna Espírita – Juventude e políticaLike
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