• Rogério Miguez – São José dos Campos/SP
A terceira obra fundamental publicada por Allan Kardec em abril de 1864: O Evangelho segundo o Espiritismo, é o livro espírita mais lido no Brasil, entre os cinco considerados básicos sobre a Doutrina dos espíritos.
O seu lançamento, podemos assim nos expressar, trouxe Jesus de volta do túmulo onde muitos o têm deixado até os dias de hoje, isso há exatos 160 anos.
Ressuscitou, novamente, o mestre da Galileia!
De escrita fácil em linguagem simples e acessível a todos, sem figuras nem alegorias, contém a essência do ensino moral de Jesus, e, como se sabe, há intermináveis disputas e controvérsias sobre o Cristo histórico, contudo, a moral cristã jamais foi objeto de disputas religiosas. Conforme apreendido por todos os que já tiveram a satisfação de ler, e quem sabe estudar esta singular obra, o compêndio está estruturado em 28 capítulos todos de caráter eminentemente consolador, em linha com a missão do Consolador Prometido, o Espiritismo.
Este livro oferece um roteiro seguro para a nossa reforma íntima – tarefa impostergável e intrasferível -, tão bem incentivada e explicada pela Doutrina. Este trabalho pessoal de reformar-se, se inclui como objetivo apontado pelo Cristo de Deus como indispensável para alcançarmos a felicidade vindoura, além de adquirir a paz interior tão almejada, por Ele prometida, conquistas que somente a observância integral das Leis divinas pode proporcionar ao Espírito imortal na sua ininterrupta ascensão evolutiva para Deus, rumando na aquisição da perfeição relativa.
Talvez seja o senso comum dos leitores que tenha elegido este livro como o mais interessante para o público, uma vez que aborda com profundidade a questão da prática da caridade como sendo o único norte a seguir para se adquirir a tão desejada salvação. O assunto é tão importante que mereceu um capítulo dedicado ao tema da caridade, o XV, intitulado: Fora da caridade não há salvação.
Afinal, foi o próprio mestre de Lyon quem afirmou:
“A caridade é a alma do Espiritismo; ela resume todos os deveres do homem para consigo mesmo e para com os seus semelhantes, razão por que se pode dizer que não há verdadeiro espírita sem caridade.”1
É de se notar que, e muitos talvez ainda não tenham observado, O Evangelho segundo o Espiritismo ao tratar basicamente dos diversos ensinos morais de Jesus Cristo é útil à pessoas de qualquer crença. Sim, esta obra pode ser lida e suas lições aplicadas ao cotidiano de qualquer cristão, pois nada faz, exceto destacar particulares aspectos da vida de Jesus e seus imortais ensinos, tornando-os perfeitamente compreensíveis à luz da óptica espírita.
“Esta obra é para uso de todos. Dela cada um pode colher os meios de conformar sua conduta pessoal à moral do Cristo.
Os espíritas nela encontrarão, além disso, as aplicações que lhes dizem respeito de modo especial.”2
É oportuno enfatizar também que devemos permanecer sempre atentos e vigilantes, não nos acomodando com os conhecimentos adquiridos pela leitura deste magnífico livro, mas dar continuidade aos nossos estudos, pois qualquer trabalhador na seara espírita precisa estudar sempre, caso contrário, aos poucos esquece os conceitos básicos aprendidos, e, facilmente, inicia um processo de adaptação da teoria espírita para viver uma realidade toda pessoal, adaptando o que é o Espiritismo, para o que gostaria que fosse.
Esta obra pode e deve ser usada, por exemplo, durante o exercício do Evangelho no Lar, prática tão bem defendida e incentivada pela Doutrina espírita que tanto vem ajudando e esclarecendo as famílias quando se reúnem para juntos orarem, fortalecendo o ambiente espiritual do Lar e, em consequência, os laços familiares.
Além de orar em família, devemos manter o salutar hábito da oração em nossos momentos de silêncio e de reflexão. Ao orar, estabelecemos contato com as forças divinas, nos fortalecendo dos muitos embates do cotidiano, das incontáveis questões materiais que, gradativamente, absorvem as nossas energias, e, não existe melhor roteiro sobre a forma como se deve orar, além de apresentar os objetivos da oração, do que os capítulos XXVII e XXVIII deste extraordinário livro: O Evangelho segundo o Espiritismo.
Nas suas páginas encontram-se escritos sobre as eternas leis de Deus, tão necessárias para nos ajudar hoje e sempre.
REFERÊNCIAS:
1 Revista Espírita Jornal de Estudos Psicológicos. Tradução de Evandro Noleto Bezerra. 12/1868. O Espiritismo é uma religião?
2 KARDEC, Allan. O Evangelho segundo o Espiritismo. Tradução de Evandro Noleto Bezerra. Introdução I – Objetivo desta obra.