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quinta-feira 28 novembro 2024
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Coluna Espírita – Inteligência desprovida de compaixão e senso moral é arma mortífera

• Jorge Hessen – Brasília/DF
Emmanuel anota que “assim como numerosos Espíritos recebem a provação da fortuna, do poder transitório e da autoridade, há os que recebem a incumbência sagrada, em lutas expiatórias ou em missões santificantes, de desenvolverem a boa tarefa da inteligência em proveito real da coletividade. Todavia, assim como o dinheiro e a posição de realce são ambientes de luta, onde todo êxito espiritual se torna mais porfiado e difícil, o destaque intelectual, muitas vezes, obscurece no mundo a visão do Espírito encarnado, conduzindo-o à vaidade injustificável, onde as intenções mais puras ficam aniquiladas”. [1]
Há aqueles que possuem um enorme cabedal intelectual que, entretanto, ignoram os decisivos problemas sociais. James Flynn, professor da Universidade de Otago, Nova Zelândia, pesquisador no campo de investigações sobre a inteligência, afirma que os resultados médios em testes de inteligência vêm aumentando em todas as raças humanas. Todavia, em que pese o enorme potencial intelectual, muitos “inteligentes” não têm noção da história complexa do mundo que os cerca. Em seu mais novo livro, Does Your Family Make You Smart?, Flynn discute as maneiras como o pensamento humano mudou ao longo dos tempos, incluindo um aumento misterioso no quociente de inteligência (QI).
Alguns pesquisadores argumentam que “aumento misterioso no quociente de inteligência” reflete a completa educação atual sob a crescente dependência da linguagem e inteligência tecnológica. Tempos atrás, lembram, nossos bisavôs padeceram com máquinas de escrever, e nossos pais com o primeiro videocassete, mas as crianças atuais aprendem a usar com extrema facilidade um tablet ou um smartphone ainda em tenra idade. Com isso, a atual geração talvez pense de forma rápida e abstrata, o que pode resultar em aumentos médios de percentuais no QI, mas esse aumento não significa perspectiva de melhora social.
Nesse debate, cientistas se apresentam convictos de que, independentemente dos antecedentes familiares, as pessoas têm o poder de cuidar do próprio desenvolvimento intelectual e moral, pois os estudos mostram que circunstâncias tecnológicas atuais influenciam o QI no presente mais do que a tradicional e histórica experiência educativa da família. Dizem! Porém, James Flynn não concorda com isso. Seguimos o pensamento de Flynn, pois cremos que a família é o fator principal para o desenvolvimento da moralidade e da inteligência.
“Temos no instituto familiar uma organização de origem divina, em cujo seio encontramos os instrumentos necessários ao nosso próprio aprimoramento para a edificação do Mundo Melhor”. [2] Destacando aqui que “de todos os institutos sociais e educacionais existentes na Terra, a família é o mais importante, do ponto de vista dos alicerces morais que regem a vida”. [3] Porquanto, no sagrado instituto da família há a base mais elevada para os métodos de educação, das noções religiosas, com a exemplificação dos mais altos deveres da vida.
Considerando que o colégio familiar tem suas origens sagradas na esfera espiritual, preponderam nesse instituto divino os elos do amor, fundidos nas experiências de outras eras. Obviamente os valores intelectivos representam a soma de muitas experiências, em várias vidas do Espírito, no plano material. Uma pessoa de QI elevado significa um imenso acervo de lutas planetárias. Atingida essa posição, se o homem guarda consigo uma expressão idêntica de progresso espiritual, pelo sentimento, então estará apto a elevar-se a novas esferas do Infinito, para a conquista de sua perfeição. [4]
Lamentavelmente, a inteligência humana sem desenvolvimento moral e sentimental tem sido arma letal, porque nesse desequilíbrio do sentimento e da razão é que repousa atualmente a dolorosa realidade do mundo de guerras. O grande erro das criaturas humanas foi valorizar historicamente apenas o intelecto, olvidando os valores legítimos da moralidade e do coração nos caminhos da vida.
Referências bibliográficas:
[1] Xavier, Francisco Cândido. O Consolador, pergunta 208, RJ: Ed FEB, 2000.
[2] Xavier, Francisco Cândido. Vida e Sexo, cap. 2, RJ: Ed FEB, 2006.
[3] Idem cap. 17.
[4] Xavier, Francisco Cândido. O Consolador, pergunta 42, RJ: Ed FEB, 2000.