• Éder Andrade – Rio de Janeiro/RJ
Muitos acreditavam que com os ventos das navegações atlânticas e as grandes invenções do final da Idade Média ocorreria uma profunda mudança no pensamento científico, filosófico e até mesmo religioso do século XV. Porém esse fato não se deu no ritmo esperado, pois a Igreja em pleno século XVI procurava impedir que pensadores, filósofos e teólogos influenciados pela reforma protestante e novos conhecimentos colocassem em xeque a autoridade eclesiástica, por intermédio de ideias que viessem a comprometer os pensamentos e teorias defendidas pela Cristandade desde sua fundação, como o pensamento ptolomaico cujo principal fundamento era a teoria do geocentrismo e pensamento sistemático aristotélico, no qual todo fenômeno particular dependia de uma lei universal, assim como todo efeito de uma causa.
Entre os vários pensadores que se destacaram no período do século XVI, podemos citar em particular, Giordano Bruno, um homem místico e visionário, que estava muito à frente do seu próprio tempo, defensor da teoria que a Terra não era o centro do universo e as estrelas no céu eram astros, que assim como o Sol, poderiam ter uma trajetória, não ficavam fixos na abóboda celeste ou firmamento e poderiam até ter planetas girando ao seu redor em órbitas diferentes. Ele também insistia que o universo é infinito e não poderia ter “centro”. Dessa forma, sugeria que poderia existir vida em outros mundos, assim como existia na Terra. Ele foi o precursor da “posição cosmológica”, conhecida como Pluralismo Cósmico ou Pluralidade dos Mundos.
Diante dessas ideias tão visionárias, bem articuladas e devido a sua rigidez na maneira com que defendia seus pontos de vista, como professor, religioso e teólogo, passou a ser perseguido pelo Tribunal da Santa Inquisição, sendo acusado de heresia. Foi excomungado e condenado à morte, sendo queimado vivo no Campo dei Fiori, em Roma, em uma demonstração do poder da Inquisição para aqueles que questionassem os dogmas da Igreja, quanto mais da Bíblia. Hoje no local, ele é relembrado desde 1899 com um monumento.
Quando estudamos essa passagem da História, da Idade Média para a Idade Moderna com um pouco mais de atenção e sob um ponto de vista histórico-espírita, percebemos claramente que qualquer tentativa do mundo espiritual em despertar nos homens daquele período histórico, as verdades sobre a sobrevivência da alma após morte do corpo físico, eram impedidas pela forte oposição do clero, provavelmente manipulado por interesses políticos e econômicos, porém com um forte respaldo na retaguarda no plano físico, de forças sombrias para o atraso da humanidade, em termos espirituais e do advento de novas revelações, como o direito do “livre pensamento”.
Se pensadores como Johannes Kepler, Galileu Galilei e Giordano Bruno, tivessem tido liberdade para expor seus pensamentos, ensinando o conhecimento que desabrochava aos poucos no decorrer da encarnação, dentro de uma programação, ensinando aos seus discípulos e seguidores, teríamos avançado quase que meio milênio em termos científicos, astronômicos e filosóficos.
Porém a forte influência da Igreja vai reprimir a manifestação desses pensadores, cientistas e teólogos que poderiam ter alavancado a evolução espiritual da humanidade e dessa forma percebemos claramente que o advento da Terceira Revelação precisou ser adiado pela espiritualidade até que a sociedade Ocidental tivesse liberdade de pensamento e condições de melhor interagir com novos conceitos filosóficos e ideias científicas.
Fez-se necessário, que no final do século XVII e ao longo do século XVIII, muitos espíritos evoluídos reencarnassem, trazendo um grande cabedal de conhecimento e em um novo momento histórico, com apoio de reis, príncipes e nobres, interessados em conter o poder temporal da Igreja na Europa Ocidental, passam a estimular a propagação do conhecimento e dessa forma tivemos o primeiro grande passo para a transformação das mentalidades, com o advento do Iluminismo e do Enciclopedismo, abrindo caminho para a Terceira Revelação na metade do século XIX com Hippolyte Léon Denizard Rivail, mais conhecido como Allan Kardec.
Fontes de pesquisa:
1) Diversos Autores; Os Cientistas; Abril Cultural.
2) Kardec, Allan; O Céu e o Inferno; FEB.
3) Xavier, Francisco Candido; A Caminho da Luz; FEB.
Coluna Espírita – Giordano Bruno e a repressão da inquisição
abr 27, 2023RedaçãoColuna Espírita (Agê)Comentários desativados em Coluna Espírita – Giordano Bruno e a repressão da inquisiçãoLike
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