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quinta-feira 20 fevereiro 2025
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Coluna Espírita – Geração viciada em apatia

• Cláudio Bueno da Silva – Osasco/SP
Dia desses ouvi uma fala do escritor e frade dominicano Frei Betto, hoje com 80 anos, que dizia: “Minha geração era viciada em utopia”. Tendo participado da geração dele, posso dizer que concordo, e afirmar que a geração atual é viciada em apatia.
Uma das coisas que mais impressionam hoje é perceber o desinteresse de muitos com o autoaperfeiçoamento, uma espécie de apatia, indiferença, um “deixa pra lá” diante de assuntos importantes para a vida individual e coletiva, o que caracteriza a ignorância aceita com naturalidade.
A ignorância é na verdade uma incapacidade provisória, mas não deixa de ser um mal quando é cultivada, alimentada pela submissão e comodismo voluntários. A ignorância não está fora, ela é a própria pessoa.
Todos somos chamados a avançar em conhecimento. Uma lei universal nos obriga a isso. Porém, quando o indivíduo se nega, gosta e quer ficar onde está, isso pressupõe uma disfunção comportamental.
Orgulho é o principal veneno que mantém a pessoa paralisada naquilo que ela é e não quer deixar de ser. Sua visão de mundo se resume no que acredita. O egoísmo também lhe afeta quando se importa apenas com o lado material das coisas, sem perceber que há um mundo de sentimentos e valores que fazem parte da vida integral. Se não percebe, não existe para ela, portanto não importam as necessidades e anseios dos semelhantes.
Se podemos considerar a ignorância voluntária como uma patologia moral, onde encontrar cura para a alma e assumir a vida plena, com avanços reais e necessários no campo pessoal e social?
O psicanalista Sigmund Freud teria afirmado que “Não podemos nos curar do que não aceitamos como parte de nós mesmos.”
Portanto, é fundamental aceitar que se está em desequilíbrio. Depois, abrir os olhos, os ouvidos, buscando fontes terapêuticas confiáveis e arejadas, e lendo, lendo bastante. Instrução e aculturamento são ótimos remédios.
Há também o recurso compulsório da dor que vitima grande parte dos seres, mas seria bom se não precisássemos dele para despertar, ou melhor, promovermos a própria cura.