• Maroísa Baio – Limeira/SP
“Felizes sois quando vos injuriarem e vos perseguirem por causa de mim…”
A nona e última bem-aventurança de Jesus no Sermão do Monte está registrada em Mateus 5:11-12: “Felizes sois, quando vos injuriarem e vos perseguirem e, mentindo, disserem todo o mal contra vós por causa de mim. Alegrai-vos e regozijai-vos, porque será grande a vossa recompensa nos céus, pois foi assim que perseguiram os profetas, que vieram antes de vós.”
Como se pode notar, a maneira como Jesus se expressa nesta exortação difere das demais. Nas anteriores Ele se dirigia a todos, indistintamente; nesta última, Ele muda o tratamento para a segunda pessoa do plural, “Vós”, expressando assim uma relação de proximidade com aqueles a quem se dirigia, não apenas aos que o ouviam naquele momento, mas também a todo aquele que viesse a conhecer Seus ensinamentos, tornando-se assim um candidato em potencial para a vivência do Evangelho, ensinando e exemplificando.
Há outro detalhe a ser observado nesta última bem-aventurança. Jesus faz uma profecia dirigida para aqueles que abraçassem o Evangelho: sofreriam perseguições. Essa situação não era novidade para os judeus pois os antigos profetas também foram perseguidos e mortos por aqueles que se sentiram ameaçados pela divulgação das Leis Divinas. A História do Cristianismo mostraria, mais tarde, que as perseguições aos cristãos tiveram início poucos anos depois da morte de Jesus.
Por isso, ao adverti-los, Ele lembrava as palavras do profeta Isaías (51:7): “Ouvi-me, vós que conheceis a justiça, povo que tem a minha lei no coração. Não temais a injúria dos homens; não fiqueis apavorados com os seus insultos.”
Nos primeiros tempos do Cristianismo, os cristãos eram mortos nos espetáculos de ferocidade nos circos romanos, aplaudidos pela multidão enlouquecida. Séculos mais tarde, vieram os tribunais da Inquisição, não menos cruéis, impondo o sacrifício daqueles que eram considerados como hereges por manterem fidelidade aos ensinos de Jesus. Na atualidade, não há circos romanos nem tribunais inquisitórios, entretanto, as perseguições continuam acontecendo de um modo mais sutil.
Tratando dessa exortação, Allan Kardec, em O Evangelho segundo o Espiritismo (cap. 28, item 51) ressalta:
“O tempo das perseguições sangrentas passou, é verdade, mas se não se mata mais o corpo, tortura-se a alma; é atacada até em seus sentimentos mais íntimos, em suas afeições mais caras…”
Para alcançar a ventura de nos tornarmos apóstolos de Jesus temos um longo caminho a percorrer sendo necessário o desenvolvimento de todas as virtudes exaltadas anteriormente: humildade, mansuetude, confiança, justeza, compaixão, pureza de coração, sendo pacificadores e justos, dispostos a tudo sofrer por amor a Ele e ao Seu Evangelho!
Ainda não alcançamos tamanha envergadura moral e espiritual, porém, mesmo sabendo de nossas limitações e fraquezas, Ele nos deixou um roteiro de consolações e esperanças, exortando-nos a perseverar pois todo aquele que ouve Sua Palavra e a coloca em prática está apto a ser um colaborador na implantação de Seu Reino aqui na Terra!
Para os que estão a caminho de tão valiosa conquista espiritual, nos padrões do Evangelho, eis a orientação do benfeitor espiritual Emmanuel, no livro Caminho, verdade e vida (cap. 143):
“Se te encontras, pois, a serviço do Cristo na Terra, não te esqueças de perseverar no bem, dentro de todas as horas da vida, convicto de que o mal se faz sentir em derredor, à maneira de legião ameaçadora, exigindo funda serenidade e grande confiança no Cristo, com trabalho e vigilância, até à vitória final.”