• Maroísa Baio – Limeira/SP
“Felizes os que são perseguidos por causa da justiça…”
É comum confundir-se esta penúltima exortação de Jesus com a quarta: felizes os que têm fome e sede de justiça porque serão saciados (publicada no Tribuna, junho-2019). Entretanto, elas apresentam significativas diferenças.
A primeira questão que se apresenta é a seguinte: qual o significado de justiça? E a outra questão, decorrente desta é: a qual justiça Jesus se referia, a divina ou a dos homens?
O Livro dos Espíritos apresenta a décima lei moral: a lei de justiça, de amor e caridade (Livro Quarto, cap. XI). Ensinam os benfeitores espirituais que o sentimento de justiça pertence à Natureza e se desenvolve com o progresso moral do Espírito, porém o egoísmo faz com que a esse sentimento se misturem interesses de ordem pessoal aparentando ser justo o que é injusto.
A questão 875 de O Livro dos Espíritos define o significado de justiça: consiste no respeito aos direitos de cada um! A pergunta decorrente dessa definição é: o que determina esses direitos? E os Espíritos respondem: eles são determinados pela lei humana e pela lei natural, entretanto nem sempre o direito estabelecido pelos homens está de acordo com o da justiça divina.
Allan Kardec formula então aos Espíritos uma pergunta crucial (876): além da lei humana, qual é a base da justiça fundada sobre a lei natural? A resposta dos Espíritos é magnânima:
“O Cristo vo-la deu: desejai para os outros o que quereríeis para vós mesmos. Deus colocou no coração do homem a regra de toda a verdadeira justiça, pelo desejo de cada um de ver respeitar seus direitos. Na incerteza do que deve fazer em relação ao seu semelhante em uma dada circunstância, o homem se pergunta como ele desejaria que
se fizesse para com ele em circunstância semelhante: Deus não poderia dar-lhe um guia mais seguro que a sua própria consciência.”
Portanto, o desenvolvimento do senso moral leva ao desenvolvimento do senso de justiça e a regra de ouro dos ensinamentos de Jesus leva ao equilíbrio da vida em comum com base no respeito recíproco! Quando a lei natural é vivenciada em plenitude o equilíbrio se estabelece naturalmente; quando é desconsiderada o desequilíbrio se instaura instantaneamente.
Cabe aqui outra colocação: Jesus se dirigia a pessoas comuns e não aos magistrados do Direito. Não é necessário nenhum destaque intelectual, político, social ou religioso para se alcançar essa bem-aventurança.
Jesus promete o Reino dos Céus aos perseguidos pela justiça assim como prometeu aos humildes! Portanto, a humildade é a virtude fundamental para o respeito aos direitos naturais inerentes a todos os seres! Onde terminam então os nossos direitos? E os Espíritos ensinam: terminam onde começam os direitos do próximo!
Finalizando o estudo deste tema Kardec indagou ainda aos Espíritos (879): qual seria o caráter do homem que praticasse a justiça em toda a sua pureza? E a resposta: o verdadeiro justo, a exemplo de Jesus, porque praticaria também o amor do próximo e a caridade, sem os quais não há verdadeira justiça.
Essa exortação exige muita compreensão e vivência das leis divinas para ser conquistada. Colocarmo-nos no lugar do outro para fazer a ele o que for justo, ainda é um exercício difícil para a maioria de nós! A conquista das demais virtudes exaltadas por Jesus faz-se necessária: a humildade, a mansuetude, a resignação, a justeza, a misericórdia, a pureza de coração, ser pacificador. Somente os que as alcançam estão habilitados a lutarem, sem temer perseguições, pelos direitos naturais que vigoram sobre toda a criação divina!
Coluna Espírita – Exortação à justiça!
fev 26, 2021RedaçãoColuna Espírita (Agê)Comentários desativados em Coluna Espírita – Exortação à justiça!Like
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