“Felizes os misericordiosos porque alcançarão misericórdia.”
• Maroísa Baio – Limeira/SP
A quinta bem-aventurança (Mateus 5:7), no original em hebraico, difere muito da forma como normalmente é apresentada: “Avante os que promovem a vida, porque eles receberão a vida”. Segundo o Prof. Severino Celestino, em seu livro “O Sermão do Monte”, há uma explicação interessante para isso: na tradução literal hebraica o termo gerador de vida foi traduzido para o grego como eleémon que significa misericórdia.
Embora pareçam, à primeira vista, totalmente diferentes, os significados se encaixam: aqueles que têm o coração compadecido são promotores da vida em todas as suas expressões pois, conhecendo as necessidades e limitações de cada ser, procuram ampará-lo por meio de ações que o promovam para melhor, amenizando dificuldades ou eliminando-as!
Ainda conforme as elucidações do Prof. Severino, este conceito também se adapta ao quinto mandamento do Decálogo: “Não matarás” (Êxodo 20:13), pois representa o respeito que se deve à vida! Portanto, nesta bem-aventurança, originalmente, Jesus exaltava o princípio de respeito à vida e sua promoção!
A palavra misericórdia tem origem na junção de duas palavras em latim: miseratio (compaixão) + cordis (coração). Assim, pode-se entendê-la literalmente como coração compadecido. Note-se que nesta bem-aventurança a promessa de Jesus é muito clara: somente alcançará misericórdia quem for misericordioso.
A misericórdia é divisora de progresso espiritual. São nove bem-aventuranças e ela é justamente a quinta, colocando assim, quatro antes e quatro depois. As quatro primeiras tratam de virtudes conquistadas apenas em mundos de provas e expiações. Aprendendo a ser humilde, resignado, pacífico e a suportar com coragem as consequências de suas faltas, o Espírito se predispõe ao sentimento da compaixão. Quando esta se integra ao seu modo de ser e viver, ele estará preparado para viver em mundos de regeneração.
Somente os misericordiosos é que conseguem ser puros de coração e pacificadores, ter a coragem moral suficiente para enfrentar as perseguições por serem justos e por amor a Jesus.
Enquanto cultivarmos a mágoa, o ódio, o rancor, a intransigência e a dureza de coração, continuaremos estagiando nos mundos de expiações e provas pois somente estas nos ensinarão a sermos misericordiosos diante do sofrimento de nossos irmãos fazendo a eles o que gostaríamos nos fosse feito se estivéssemos nas mesmas situações.
Como é maravilhosa a compaixão diante do sofrimento, das necessidades e das limitações de nossos irmãos! Tanto é amparado e dignificado aquele que a recebe quanto aquele que se compadece! No entanto, diante de intensos sofrimentos, sobretudos os inesperados, é fácil compadecer-se dos sofredores, clamando apenas Misericórdia, Senhor! mas sem nenhuma ação positiva em favor dos envolvidos. Essa compaixão, dita pelos lábios com os braços cruzados não é a que se refere o Mestre quando diz: Sede misericordiosos como o vosso Pai é misericordioso. (Lucas 6:35).
Somente Deus conhece a extensão de nossas faltas e de nossos erros. Ainda assim, não deixa de ser misericordioso para conosco, oferecendo-nos tantas oportunidades quantas se façam necessárias para o nosso reajustamento aos Seus Desígnios. Estamos todos, sem distinção, empenhados à Sua Misericórdia!
Quando nosso coração se cobrir de sombras, em virtude da incompreensão alheia, das ofensas, dos prejuízos sofridos, das desilusões, lembremo-nos da infinita misericórdia divina que nos sustenta e deixemos que a compaixão desanuvie nosso mundo íntimo.
Coluna Espírita – Exortação à compaixão!
jan 04, 2020RedaçãoColuna Espírita (Agê)Comentários desativados em Coluna Espírita – Exortação à compaixão!Like
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