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segunda-feira 25 novembro 2024
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Coluna Espírita – Espírito superior, mas não perfeito

• Rogério Miguez – São José dos Campos/SP
Considerando a descrição de Allan Kardec a respeito dos Espíritos superiores, a muitos acode a ideia destes Espíritos se encontrarem todos bem próximos de Jesus em evolução, sendo os atributos daqueles um verdadeiro desafio a todos nós conquistá-los, senão vejamos:1
Segunda classe. ESPÍRITOS SUPERIORES. — Esses em si reúnem a ciência, a sabedoria e a bondade. Da linguagem que empregam se exala sempre a benevolência; é uma linguagem invariavelmente digna, elevada e, muitas vezes, sublime. Sua superioridade os torna mais aptos do que os outros a nos darem noções exatas sobre as coisas do mundo incorpóreo, dentro dos limites do que é permitido ao homem saber. Comunicam-se complacentemente com os que procuram de boa-fé a verdade e cuja alma já está bastante desprendida das ligações terrenas para compreendê-la. Afastam-se, porém, daqueles a quem só a curiosidade impele, ou que, por influência da matéria, fogem à prática do bem. Quando, por exceção, encarnam na Terra, é para cumprir missão de progresso e então nos oferecem o tipo da perfeição a que a Humanidade pode aspirar neste mundo.
O Mestre de Lyon destaca em O Livro dos Espíritos, nos Prolegômenos, alguns nomes de representantes desta classe de Espíritos que participaram na elaboração das obras espíritas, onde lá encontramos: “São João Evangelista, Santo Agostinho, São Vicente de Paulo, São Luís, O Espírito de Verdade, Sócrates, Platão, Fénelon, Franklin, Swedenborg”, entre outros, exceto O Espírito de Verdade que não se enquadra mais na ordem dos superiores, pois já é Espírito puro.
O Codificador também aponta diretamente pelo menos outro superior: Erasto, quando este escreveu sobre o papel dos médiuns.2
Entretanto, é interessante notar, o próprio Codificador registrou textos sobre este grupo de Espíritos nos fazendo ponderar sobre a distância ainda existente entre o estágio evolutivo deles e a perfeição:
“[…] Graças ao sono, os Espíritos encarnados estão sempre em relação com o mundo dos Espíritos. Por isso é que os Espíritos superiores assentem, sem grande repugnância, em encarnar entre vós. Quis Deus que, tendo de estar em contato com o vício, pudessem eles ir retemperar-se na fonte do bem, a fim de igualmente não falirem, quando se propõem a instruir os outros.”3
Como se denota deste texto, na parte destacada da resposta, conclui-se terem ainda alguma reserva para entrar em contato conosco quando reencarnados, pois, serão obrigados a viver de novo sujeitos a todas as necessidades materiais impostas pelo corpo físico, tendo a grande parte deles já superado-as plenamente. O convívio com Espíritos ainda viciosos e maldosos, devem igualmente provocar certo desconforto entre estes luminares. Além disso, os Espíritos superiores ainda possuem certas fraquezas, pois se não as tivessem Allan Kardec não teria escrito sobre a possibilidade de eles falirem em contato com o vício, caso não pudessem se fortalecer através da emancipação durante o período de sono.
A questão da repugnância é confirmada ao menos em outra ocasião:
Por que permitem os Espíritos superiores que pessoas dotadas de grande poder, como médiuns, e que muito de bom poderiam fazer, sejam instrumentos do erro?
“Os Espíritos de que falas procuram influenciá-las; mas, quando essas pessoas consentem em ser arrastadas para mau caminho, eles as deixam ir.
Daí o servirem-se delas com repugnância, visto que a verdade não pode ser interpretada pela mentira”.4
Agora trata-se de outra modalidade de repugnância, entre outras causas possíveis, vinda do fato destes Espíritos terem de se aproximar “perispiritualmente” de médiuns encarnados, quando estes últimos ainda apresentam seus perispíritos irradiando vibrações e energias densas, impregnadas de toda sorte de fluidos materiais, certamente provocando certa indisposição em Espíritos que já abandonaram os vícios materiais ainda hoje cultuados. Deve ser de fato muito desagradável, por exemplo, um Espírito superior receber via perispírito, fluidos impregnados de: fumo, álcool, condimentos variados de nossa grosseira alimentação, sem falar das vibrações destoantes geradas por mentes pouco acostumadas ao cultivo e vivência das muitas virtudes. Diante desta relevante informação, veja-se a responsabilidade dos médiuns no preparo de si mesmos para, eventualmente, receberem mensagens e orientações destes abnegados trabalhadores da segunda classe dos Espíritos.
Pelo visto, podemos vislumbrar o quanto ainda nos falta para sermos chamados de superiores, contudo, se iniciarmos uma mudança imediata, poderemos rapidamente também adentrarmos a segunda classe dos Espíritos.

1 KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos. Trad. Guillon Ribeiro. FEB, 1987. item 111.
2 _____._____. O Livro dos Médiuns. Trad. Guillon Ribeiro. FEB, 1987. Dissertação de um Espírito sobre o papel dos médiuns – item 225.
3 _____._____. O Livro dos Espíritos. Trad. Guillon Ribeiro. FEB, 1987. q. 402.
4 _____._____. O Livro dos Médiuns. Trad. Guillon Ribeiro. FEB, 1987. Da influência moral do médium – item 226 – 7ª.