• Éder Andrade – Rio de Janeiro/RJ
Quando falamos sobre materialização de espíritos e fenômenos de efeitos físicos, não podemos, inicialmente, deixar de comentar a grande importância do trabalho de pesquisa que o britânico William Crookes realizou com a médium inglesa Florence Cook, na segunda metade do século XIX em Londres, apesar de muitas controvérsias.
Interessante pesquisa explicada em minúcias no livro “Fatos Espíritas”1, quando ocorreu a materialização do espírito Kate King, levando William Crookes a afirmar a existência de uma força consciente que se manifestava através de fenômenos paranormais que ocorreram também pela materialização do espírito.
Alguns desses fenômenos de materialização ocorreram quase que de forma espontânea, chamando a atenção das pessoas para a interferência do plano espiritual no mundo material, por intermédio de médiuns de efeitos físicos.
O caso de Anna Prado em Parintins no Estado do Amazonas, na fronteira com o Pará, cuja história encontramos no livro “A Mulher que falava com os mortos”2, cuja mediunidade espontânea produzia fenômenos surpreendentes para época, atraindo até pesquisadores estrangeiros.
Esses acontecimentos contribuíram para a elaboração do livro “O Trabalho dos Mortos”3, que mostra através de fotografias tiradas de dia e sem uso de flash, materializações de espíritos em reuniões públicas na década de 1920, testemunhadas por dezenas de pessoas. Algumas materializações quase perfeitas e outras apresentando contornos e silhuetas em uma névoa, numa época em que os efeitos fotográficos ainda não tinham evoluído a ponto de produzirem truques dessa natureza.
Acontecimentos esses que antecedem o mandato mediúnico de Chico Xavier, uma vez que segundo Sir Conan Doyle, um escritor e médico britânico, em seu livro “A História do Espiritualismo”4, afirmou que: “… os que efetuam uma espécie de reconhecimento do terreno e de preparação da “invasão organizada”, que virá logo mais. Essa concepção de Conan Doyle está de pleno acordo com as explicações que os Espíritos deram a Kardec…”
A contemporaneidade desses fatos na época e o conhecimento que possuímos hoje, nos permite deduzir que o mundo espiritual na segunda metade do sec. XIX e início do séc. XX, produzia fenômenos inteligentes para despertar a curiosidade dos homens mais receptivos. A vida inteligente não desaparecia com a morte do corpo orgânico.
O princípio inteligente que dava a vida ao corpo físico, já existia antes do berço e continuaria existindo após o túmulo. Essa revelação que Allan Kardec nos deixou por intermédio das perguntas na Codificação Espírita, é extremamente oportuna e libertadora para todos nós, pois desmistifica a ideia da morte ou do fim.
A convivência que Rafael Ranieri teve com Francisco Candido Xavier permitiu organizar um grupo composto no total de cinco pessoas, cujo objetivo era difundir o Espiritismo no Brasil. O acesso que Ranieri teve a um farto material escrito e fotográfico, resultou na organização do livro “Materializações Luminosas”5, onde apresenta uma obra dividida em cinco partes, dando ênfase as materializações realizadas por Francisco de Lins Peixoto, conhecido como Peixotinho, Fábio Machado, outros médiuns de materialização e por fim, as materializações em Pedro Leopoldo, por Peixotinho e Francisco Candido Xavier, no início da década de 1950.
Acontecimentos que despertaram curiosidade de muitos pelas materializações luminosas que a mediunidade peculiar de Peixotinho permitia apresentar, sendo que em alguns casos as aparições permitiam serem tangíveis, pela densidade da ectoplasmia, algo simplesmente fascinante.
Emmanuel nessa mesma época interviu nas materializações, pois apesar de despertarem a curiosidade das pessoas, servindo para promover a divulgação do Espiritismo, fugia ao verdadeiro compromisso que Chico Xavier havia assumido junto a espiritualidade: promover a revelação, esclarecimento e consolação, através da psicografia de livros, de mensagens, das reuniões doutrinárias de esclarecimentos para encarnados e desencarnados. No final do livro de Rafael Ranieri, encontramos uma mensagem de Emmanuel datada de 01 de janeiro de 1954, esclarecendo a mudança no curso das reuniões de materialização por não atenderem aos objetivos previamente estabelecidos pela espiritualidade superior.
O mais interessante disso tudo, que hoje essas reuniões são raríssimas de acontecer, devido ao despreparo dos participantes, assim como o nível de exigência para se obter um resultado semelhante ao passado.
As reuniões de materialização que ainda acontecem no trabalho mediúnico são voltadas para cura e tratamento de enfermidades dos encarnados, exceção essa que Emmanuel admitiu ser a única que se justificaria. O número de médiuns de efeitos físicos e doadores de ectoplasma estão se tornando cada vez mais raros.
Referências:
1) Crookes, William; Fatos Espíritas; Ed.FEB
2) Magalhães, Samuel Nunes; A Mulher que falava com os mortos; Ed. FEB.
3) Farias, Nogueira de; O Trabalho dos Mortos (O Livro do João); Ed. FEB.
4) Doyle, Arthur Ignatius Conan; A História do Espiritualismo; Cap. – A Invasão Organizada; Ed. Luz Espírita.
5) Ranieri, Rafael Américo; Materializações Luminosas; Ed. FEESP.