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segunda-feira 23 dezembro 2024
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Coluna Espírita – Espiritismo, manancial das eternas verdades

Jorge Hessen – Brasília/DF
Na Renascença, os grandes pensadores criticaram e questionaram a autoridade da Igreja de Roma pelo fato de a produção intelectual, em sua grande parte, expressar uma dimensão religiosa. Em contraposição, buscaram a apropriação do conhecimento, partindo da observação objetiva da natureza, pela investigação experimental; em seguida, derivar conclusões, pela constatação, e, por fim, formulada a teoria, explicar e demonstrar a realidade observada, decorrendo uma ligação entre ciência e técnica racional. A primeira grande descoberta, da então ciência moderna, de que se tem notícia foi a teoria da “’gravitação universal” de Isaac Newton, posteriormente às leis planetárias de Johannes Kepler e à lei da “queda dos corpos” de Galileu Galilei. No Século XX, Albert Einstein, partindo de outros pressupostos das teses newtonianas sobre gravitação universal, concluiu pela teoria “da relatividade”, uma abordagem diferente sobre as realidades do micro e do macrocosmo.
A clássica física era considerada a chave das respostas da vida do mundo material estribada no determinismo mecanicista. Na década de 1920, as descobertas de Louis-Victor Broglie, no campo da física quântica, imprimem um novo sentido ao pensamento científico. Nesse momento, o físico alemão Werner Karl Heisenberg formula o princípio “da incerteza” e, com ele, irrompe-se um “irracionalismo” na ciência, que redimensionou a distância do homem ante as realidades da vida.
Os cientistas já não podiam mais proclamar que nada existia na vida que a ciência não pudesse explicar e que todas as coisas, fenômenos e ocorrências, poderiam ser esclarecidos através de causas naturais. Em meio a essas discussões surge Allan Kardec que, inspirado pelos Espíritos luminosos, sentenciou: Fé verdadeira é a que enfrenta frente a frente a razão em qualquer época da Humanidade, respondendo aos enigmas que insistiam em desafiar as inteligências, mesmo daqueles que confiavam nos determinismos tecnicistas do nec plus ultra [o que há de melhor] dos muros acadêmicos.
Afinal, quem somos? Por que nascemos? Donde viemos e para onde vamos, após a desencarnação? Eram questões que o cientificismo de então não respondia. Desse modo, a revelação dos Espíritos, numa hora de descobertas científicas e de desequilíbrios morais, trouxe luz à própria ciência, enceguecida momentaneamente pelos excessos da ritualística academista dos seus arautos. Os preceitos espíritas consubstanciam-se no manancial mais expressivo das verdades eternas. A sua missão perpassa pelo processo de reerguimento do edifício desmoronado da crença cristã. Suas lições nos remetem às mais profundas reflexões sobre a ciência evangélica, demonstrando que a maior força de convencimento está nas obras edificantes realizadas e no bom exemplo moral dos seus seguidores.
Sabemos que a clonagem, as viagens espaciais, a cibernética e a genética se acoplam ao processo de novas buscas científicas para o aperfeiçoamento das espécies, animal e vegetal, não ferindo as leis naturais, uma vez que temos que dispor de muito empenho na conquista da perfeição, e para a qual tende a própria natureza. Nesse desiderato, Deus se serve desse esforço cultural do homem para o próprio homem.
O Espiritismo é o elo de ligação entre ciência e religião ao mostrar as relações entre o mundo espiritual e corporal. A fé inteligente vencerá esse materialismo dominador resultante de uma ciência capenga e uma religião cega. Há prenúncios de uma significativa revolução moral sinalizando uma nova era para a Humanidade e, nesse sentido, as relações sociais modificar-se-ão sob o signo do verdadeiro progresso.
Distantes dos conflitos ideológicos, consequentes de discussões estéreis no campo intelectual, com o objetivo de endeusar o racionalismo para justificar “certezas” das nomeadas ciências exatas que se contrapõem às conhecidas ciências humanas, as lições do Cristo, como “ciência da alma”, irão representar o asilo dos aflitos para os que ouvirem aquela misericordiosa exortação: Vinde a mim, vós que sofreis e tendes fome de justiça, e eu vos aliviarei. Porém, para esse alívio, urge que estejamos dispostos a acompanhar o Mestre tomando-Lhe a cruz e seguir-Lhe os passos.
Urge reconhecer, dessa forma, que a gênese de todas as religiões e de todas as ciências da Humanidade está no Coração Augusto de Jesus. Não queremos, com essa afirmação, divinizar sectariamente o “Príncipe da Luz”, mas, apenas, lembrar a Sua majestosa ascendência sobre o Orbe que nos abriga.