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quinta-feira 10 outubro 2024
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Coluna Espírita – Espiritismo e Bíblia

• Astolfo O. de Oliveira Filho – Revista Virtual O Consolador – Londrina/PR

Poderia citar alguns fatos mediúnicos referidos nos Evangelhos?
Já tratamos deste assunto neste mesmo espaço, ocasião em dissemos que a Bíblia, tanto no Antigo Testamento quanto em o Novo Testamento, é pródiga nas referências a fatos mediúnicos, ou seja, a fenômenos em que Entidades desencarnadas se valem de um intermediário encarnado para transmitir alguma mensagem.
Eis alguns desses fatos colhidos nos Evangelhos e no livro de Atos dos Apóstolos, obra escrita por Lucas:
Gabriel avisa Maria sobre o nascimento de Jesus.
Os pastores são avisados de que próximo deles, numa estrebaria, nascera o menino Jesus.
José é avisado pelos Espíritos de que Herodes decidira a matança dos meninos recém-nascidos.
Jesus recebe no monte Tabor a visita de Moisés e Elias, ambos devidamente materializados.
Após sua crucificação, Jesus aparece a Maria e depois aos apóstolos reunidos na casa de Pedro.
Jesus aparece a Paulo de Tarso à entrada de Damasco.
Na festa de Pentecostes, os apóstolos, em transe mediúnico, recebem mensagens em diferentes idiomas.
Com relação a esse curioso episódio, Emmanuel diz que naquele dia, como podemos ler no cap. 2, versículos 1 a 13, do livro de Atos, os apóstolos que se mantiveram leais ao Senhor converteram-se em médiuns notáveis, ocasião em que, associadas as suas forças, os emissários espirituais de Jesus produziram, por meio deles, fenômenos físicos em grande quantidade, como sinais luminosos e vozes diretas, além de comunicação por meio da psicofonia e da xenoglossia, em que os ensinamentos do Evangelho foram ditados, ao mesmo tempo e em várias línguas, para os israelitas que ali se encontravam, oriundos de diferentes lugares.
As relações entre os cristãos e os Espíritos eram tão frequentes que o evangelista João chegou a escrever: “Amados, não acrediteis em todos os Espíritos, mas vede primeiro se eles vêm da parte de Deus”.
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Há pessoas, sobretudo vinculadas a outras religiões cristãs, que alegam que os espíritas não têm pela Bíblia nenhum respeito. Há verdade em tais alegações?
A resposta é: Não. Os espíritas respeitam a Bíblia e a estudam, procurando extrair dela ensinamentos que possam concorrer para o progresso do ser humano.
Tal postura não impede que reconheçamos, como os advogados alemães Christian Sailer e Joachim Hetzel, que existam no Antigo Testamento passagens de muita crueldade e relatos de coisas bárbaras como genocídio, racismo, execuções de adúlteros e homossexuais e perversidades diversas atribuídas à vontade de Deus.
Leia mais no site do DT.
Como já foi comentado nesta revista, Sailer e Hetzel pediram em agosto de 2000 à ministra da Família da Alemanha, Christine Bergmann, que incluísse as Escrituras na lista dos livros considerados perigosos para as crianças.
A posição dos advogados alemães não constituiu, porém, uma novidade porque em Israel há pessoas que pensam também assim, como o ex-presidente israelense Ezer Weizman, que afirmou no final de 1997 que algumas palavras da Bíblia são improcedentes. “Há coisas no (Velho) Testamento nada simpáticas, indignas de ser lidas”, asseverou Weizman numa conferência, dando como exemplo as palavras atribuídas a Moisés no cap. XXXII do Deuteronômio.
Em “O Evangelho segundo o Espiritismo”, cap. 1, item 2, Allan Kardec adverte que a lei de Moisés é composta de duas partes distintas: a lei de Deus, recebida no Monte Sinai, e a lei civil ou disciplinar, estabelecida por ele mesmo”. “A lei de Deus é inalterável; a outra, apropriada aos costumes e ao caráter do povo, se modifica com o tempo.”
O erro, que vem sendo repetido pelas religiões cristãs, foi considerar a Bíblia um livro sagrado, intocável, expressão fidedigna da palavra de Deus. Se isso fosse verdade, as cerimônias religiosas e os ritos que ali se contêm não poderiam ter sido excluídos da prática religiosa adotada pelas religiões tradicionais, como a circuncisão.
Jesus, como sabemos, não seguia ao pé da letra as prescrições bíblicas, e mais de uma vez demonstrou a inconsistência de muitas delas, como a que manda se apedreje até à morte a mulher adúltera e a que dá ao dia de sábado um status especial.