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quinta-feira 26 dezembro 2024
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Coluna Espírita – Espiritismo cristão

• Astolfo O. de Oliveira Filho – Revista Virtual O Consolador – Londrina/PR
Qual a origem da expressão “Espiritismo cristão” e quem a utilizou primeiro nas obras espíritas?
Contrariamente ao que muitos imaginam, não foi Emmanuel quem criou a expressão “Espiritismo cristão”, que apareceu pela primeira vez no início de 1861 em O Livro dos Médiuns, de Kardec, e voltou a ser utilizada em janeiro de 1862 pelo Codificador, em seu livro O Espiritismo em sua mais simples expressão. Em O Livro dos Médiuns Kardec utilizou também a expressão “espíritas cristãos”.
Vejamos os textos em que tais fatos se deram:
1. No livro O Espiritismo em sua mais simples expressão:
“Ao passo que a geração proscrita vai desaparecer rapidamente, uma nova geração se eleva cujas crenças serão fundadas sobre o Espiritismo cristão. Assistimos à transição que se opera, prelúdio da renovação moral da qual o Espiritismo marca o advento.” (O Espiritismo em sua mais simples expressão, item 34.)
“Com o egoísmo, os homens estão em luta perpétua; com a caridade, estarão em paz. A caridade, fazendo a base de suas instituições, só ela pode, pois, assegurar sua felicidade neste mundo; segundo as palavras do Cristo, só ela pode também assegurar sua felicidade futura, porque encerra, implicitamente, todas as virtudes que podem conduzi-los à perfeição. Com a verdadeira caridade, tal qual ensinou e praticou o Cristo, não mais de egoísmo, de orgulho, de ódio, de ciúme, de maledicência; não mais de agarramento desordenado aos bens deste mundo. Por isso o Espiritismo cristão tem por máxima: FORA DA CARIDADE NÃO HÁ SALVAÇÃO.” (O Espiritismo em sua mais simples expressão, item 60.)
2. Em O Livro dos Médiuns:
“Entre os que se convenceram por um estudo direto, podem destacar-se:
1º Os que creem pura e simplesmente nas manifestações. Para eles, o Espiritismo é apenas uma ciência de observação, uma série de fatos mais ou menos curiosos. Chamar-lhes-emos espíritas experimentadores.
2º Os que no Espiritismo veem mais do que fatos; compreendem-lhe a parte filosófica; admiram a moral daí decorrente, mas não a praticam. Insignificante ou nula é a influência que lhes exerce nos caracteres. Em nada alteram seus hábitos e não se privariam de um só gozo que fosse. O avarento continua a sê-lo, o orgulhoso se conserva cheio de si, o invejoso e o cioso sempre hostis. Consideram a caridade cristã apenas uma bela máxima. São os espíritas imperfeitos.
3º Os que não se contentam com admirar a moral espírita, que a praticam e lhe aceitam todas as consequências. Convencidos de que a existência terrena é uma prova passageira, tratam de aproveitar os seus breves instantes para avançar pela senda do progresso, única que os pode elevar na hierarquia do mundo dos Espíritos, esforçando-se por fazer o bem e coibir seus maus pendores. As relações com eles sempre oferecem segurança, porque a convicção que nutrem os preserva de pensarem em praticar o mal. A caridade é, em tudo, a regra de proceder a que obedecem. São os verdadeiros espíritas, ou melhor, os espíritas cristãos.” (O Livro dos Médiuns, 1ª Parte, cap. III, item 28.)
“Se o Espiritismo, conforme foi anunciado, tem que determinar a transformação da Humanidade, claro é que esse efeito ele só poderá produzir melhorando as massas, o que se verificará gradualmente, pouco a pouco, em consequência do aperfeiçoamento dos indivíduos. Que importa crer na existência dos Espíritos, se essa crença não faz que aquele que a tem se torne melhor, mais benigno e indulgente para com os seus semelhantes, mais humilde e paciente na adversidade? De que serve ao avarento ser espírita, se continua avarento; ao orgulhoso, se se conserva cheio de si; ao invejoso, se permanece dominado pela inveja? Assim, poderiam todos os homens acreditar nas manifestações dos Espíritos e a Humanidade ficar estacionária.
Tais, porém, não são os desígnios de Deus. Para o objetivo providencial, portanto, é que devem tender todas as Sociedades espíritas sérias, grupando todos os que se achem animados dos mesmos sentimentos. Então, haverá união entre elas, simpatia, fraternidade, em vez de vão e pueril antagonismo, nascido do amor-próprio, mais de palavras do que de fatos; então, elas serão fortes e poderosas, porque assentarão em inabalável alicerce: o bem para todos; então, serão respeitadas e imporão silêncio à zombaria tola, porque falarão em nome da moral evangélica, que todos respeitam.
Essa a estrada pela qual temos procurado com esforço fazer que o Espiritismo enverede. A bandeira que desfraldamos bem alto é a do Espiritismo cristão e humanitário, em torno da qual já temos a ventura de ver, em todas as partes do globo, congregados tantos homens, por compreenderem que aí é que está a âncora de salvação, a salvaguarda da ordem pública, o sinal de uma era nova para a Humanidade. Convidamos, pois, todas as Sociedades espíritas a colaborar nessa grande obra. Que de um extremo ao outro do mundo elas se estendam fraternalmente as mãos e eis que terão colhido o mal em inextricáveis malhas.” (O Livro dos Médiuns, 2ª Parte, cap. XXIX, item 350.)