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quarta-feira 8 janeiro 2025
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Coluna Espírita – Espiritismo

• Astolfo O. de Oliveira Filho – Revista Virtual O Consolador
Costuma-se dizer, naturalmente: filosofia de Platão, doutrina de Marx, concepção de Hegel. Podemos também chamar o Espiritismo de doutrina kardecista ou kardecismo?
Não. Quem o diz é o próprio Kardec, em “O que é o Espiritismo”, cap. I, segundo diálogo.
Com efeito, observa o Codificador, há entre o Espiritismo e outros sistemas filosóficos esta diferença capital: que estes são todos obra de homens, mais ou menos esclarecidos, ao passo que, no que respeita à Doutrina Espírita, ele não tem o mérito da invenção de um só princípio.
Diz-se: a filosofia de Platão, de Descartes, de Leibnitz. Nunca se poderá dizer: a doutrina de Allan Kardec; e isto, felizmente, pois que valor pode ter um nome em assunto de tamanha gravidade?
O Espiritismo tem auxiliares de maior preponderância, ao lado dos quais o Codificador se considerava simples átomo.
Quando alguém, nos dias atuais, diz ser kardecista, usa, pois, um vocábulo inadequado, embora compreendamos por que alguns agem assim. No mesmo equívoco incorre quem recorre à palavra kardecismo, utilizando-a no lugar de Espiritismo.
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Que livros devo ler para iniciar-me corretamente no Espiritismo?
O conhecimento da Doutrina Espírita requer em primeiro lugar a leitura e o estudo das obras que compõem a Codificação Kardequiana, das quais as principais são estas, de acordo com a ordem cronológica de sua publicação: “O Livro dos Espíritos”, lançado em Paris (França) em 18 de abril de 1857 e consideravelmente ampliado em março de 1860; “O Livro dos Médiuns”, publicado em janeiro de 1861; “O Evangelho segundo o Espiritismo”, lançado em abril de 1864; “O Céu e o Inferno ou a Justiça Divina segundo o Espiritismo”, publicado em agosto de 1865; e “A Gênese, os Milagres e as Predições segundo o Espiritismo”, lançada em janeiro de 1868.
Além das obras citadas, que formam o chamado Pentateuco Kardequiano, Kardec escreveu outras obras, consideradas introdutórias ou complementares, a saber: “Instruções Práticas sobre as Manifestações Espíritas” (1858); “O que é o Espiritismo” (1859); “Viagem Espírita em 1862” (1862) e “O Espiritismo em sua mais Simples Expressão” (1862). Depois de seu falecimento, seus amigos reuniram artigos e anotações esparsas deixadas pelo Codificador, do que resultou um livro bastante interessante intitulado “Obras Póstumas”, publicado em 1890.
Compõe ainda a obra kardequiana a coleção da “Revista Espírita”, enfeixada em 12 volumes, relativos ao período que vai de janeiro de 1858 a junho de1869.
Eis aí, de forma resumida, a base que deve orientar os estudos espíritas, à qual o leitor acrescentará, para um maior aprofundamento, as obras de Léon Denis, Gabriel Delanne, Ernesto Bozzano, Carlos Imbassahy, Cairbar Schutel, Herculano Pires e inúmeros autores desencarnados que muito contribuíram para a elucidação da temática espírita, por intermédio das faculdades mediúnicas de Chico Xavier, Divaldo Franco e Yvonne A. Pereira, a exemplo de Emmanuel, André Luiz, Humberto de Campos, Joanna de Ângelis, Manoel Philomeno de Miranda, Amélia Rodrigues, Charles, Camilo Castelo Branco, dentre muitos outros.
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Já ouvi diversas vezes pessoas reportar-se ao caráter consolador do Espiritismo. Gostaria que você falasse algo a respeito.
Certa vez perguntaram à conhecida confreira Guiomar Albanese, dirigente do Centro Espírita Perseverança, da Capital paulista, qual era, dentre as aflições humanas, a que mais sofrimento causava nas pessoas que ela atendeu ao longo da vida.
D. Guiomar não teve dúvida e respondeu que, de todas as aflições que acometem as pessoas que buscam a Casa espírita, o que mais perturba a criatura humana não é a aflição ou a dor em si mesma, mas o desconhecimento dos motivos pelos quais as pessoas sofrem.
Como sabemos, muitos que chegam ao Espiritismo são a isso motivados pela dor, pelo sofrimento, pelas aflições, que muitas vezes parecem insuportáveis até que se lhes conhece a gênese, a origem, um dado importante para que a resignação acompanhe os momentos difíceis.
É nisso que se revela o caráter consolador do Espiritismo, que procura nos tempos modernos cumprir a prometa feita por Jesus acerca do Consolador, que o Pai enviaria em seu nome para dar continuidade à tarefa iniciada com o Evangelho.
É esse caráter que encanta e prende as pessoas que tomam contato com a Doutrina Espírita.
Doutrinadas por adversários gratuitos do Espiritismo, quando elas entram numa Casa espírita verificam que nada do que ouviram dos detratores do Espiritismo é verdade. As palestras, os conselhos, as orientações são todas revestidas da proposta de que é preciso transformar-se e praticar o bem, uma vez que no Evangelho encontraremos sempre o caminho para sermos efetivamente felizes.
Muitas vezes o problema, a dificuldade ou a dor continuam na vida da pessoa, mas seu entendimento é, graças ao conhecimento espírita, inteiramente diferente e torna-se geralmente o fundamento de uma resignação que noutros tempos talvez fosse impossível.