• Rogério Miguez – São José dos Campos/SP
Quando Allan Kardec percebeu que, durante o início de sua missão de apresentar a Doutrina dos Imortais à humanidade, não poderia atender a todos os que o procuravam interessados em aprender e debater temas à luz do Espiritismo, seja pessoalmente ou por meio de cartas, decidiu publicar um periódico onde pudesse abordar temas variados e ao mesmo tempo responder a tantas perguntas que lhe endereçavam diariamente de muitas localidades.
Esta publicação chamou-se Revista Espírita, distribuída mensalmente, durante doze anos, de 1858 até 1869.
Para se ter uma ideia dos assuntos discutidos e divulgados na Revista, na edição de outubro de 1867, foi publicada uma mensagem ditada pelo Dr. Demeure, na última sessão da Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas naquele ano. Conhecido médico homeopata desencarnado em 1865, que muito contribuiu com a divulgação da Doutrina.
“A epidemia que vem dizimar o mundo em certos momentos, e que conviestes chamar cólera, fere de novo e por golpes redobrados a Humanidade; seus efeitos são prontos e sua ação rápida. Sem nenhum aviso, o homem passa da vida à morte, e aqueles, mais privilegiados, poupados por sua mão fulminante, ficam estupefatos, trêmulos, ante as espantosas consequências de um mal desconhecido em suas causas, e cujo remédio se ignora completamente.
Nesses tristes momentos, o medo se apodera dos que apenas encaram a ação da morte, sem pensar no além, e que, só por este fato, com mais facilidade oferecem o flanco ao mal. Mas como a hora de cada um de nós está marcada, há que partir, a despeito de tudo, se ela tiver soado. A hora está marcada para bom número dos habitantes do universo terrestre; partem todos os dias; pouco a pouco o flagelo se espalha e vai estender-se sobre toda a superfície do globo.
Este mal é desconhecido e talvez o seja mais ainda hoje, porque, à sua constituição própria, juntam-se diariamente outros elementos que confundem o saber humano e impedem de achar o remédio necessário para deter a sua marcha. Assim, a despeito de sua ciência, os homens devem sofrer as suas consequências, e esse flagelo destruidor é muito simplesmente um dos meios para ativar a renovação humanitária, que se deve realizar.
Mas não vos inquieteis; para vós espíritas, que sabeis que morrer é renascer, se fordes atingidos e partirdes, não ireis à felicidade? Se, ao contrário, fordes poupados, agradecei-o a Deus, que assim vos permitirá aumentar a soma dos vossos sofrimentos e pagar mais pela prova.
De um lado como de outro, quer a morte vos fira, quer vos poupe, só tendes a ganhar; ou, então, não vos digais espíritas.” Doutor Demeure1
Conseguiríamos encontrar semelhanças no tema abordado nesta mensagem com a nossa realidade do momento?
Este é um pequeno exemplo do porquê devemos estudar a Doutrina Espírita, através dela encontramos conforto e esclarecimentos nas questões mais intrigantes que se apresentam em nossas existências.
1 Revista Espírita – Outubro/1867 – Dissertações espíritas – Os Adeuses, na tradução de Evandro Noleto Bezerra – Edição FEB.
Coluna Espírita – Epidemias
mar 21, 2020RedaçãoColuna Espírita (Agê)Comentários desativados em Coluna Espírita – EpidemiasLike