• Márcio Costa – São José dos Campos/SP
Dona Lúcia tinha pavor da morte. Só de falar, já lhe dava arrepios.
– “Eu nem quero pensar nisso! Me dá um medo que só!” – argumentava ela toda vez que era questionada no tema.
Mas o que antes ela evitava pensar, o avançar da idade e a fragilidade física passaram a não lhe deixar de olvidar o assunto infeliz.
Certa feita, trocando palavras com a irmã, não resistiu e perguntou:
– “Será que dói morrer?!
* * *
A morte é apenas uma passagem, muitas vezes sem nenhuma dor.
Dizem os espíritos que costumamos sentir mais dor em alguns momentos da vida do que na própria hora morte (1).
É como se fossemos dormir.
O sono será leve e dosado se de amor tiverem sido as nossas ações em vida.
Será um sono pesado, se pesadas tiverem sido as nossas práticas focadas em vaidade, orgulho e egoísmo.
Da mesma forma com que um pesadelo se desfaz ao amanhecer, o mesmo ocorre com o espírito. Passadas as tribulações que a matéria mental exala e a sintonia psíquica experimenta, um novo alvorecer se lhe descortina, trazendo aos seus olhos, em alguns casos, familiares, amigos, conhecidos que partiram ou estranhos à esta vida terrena.
Há relatos ainda que endossam a ausência de dor. Em casos de mortes violentas, os espíritos costumam ficar surpresos e atordoados. Só depois se darão conta de que desencarnaram. É o caso, a exemplo, de um soldado na guerra cujo corpo tenha sido dilacerado por uma explosão súbita. Possivelmente continuará em suposto combate até entender o que de fato ocorreu (2).
Mas não há como deixar de mencionar: há casos de dor.
Dor que pode manter no espírito a sensação física que lhe dilacera a alma, ainda que não haja mais o corpo carnal. Ou então a dor moral que será bem maior em função da consciência arrependida que cobra impiedosamente os débitos adquiridos em condutas entenebrecidas e questionáveis diante da moral ensinada pelo Cristo. É o caso dos suicidas. Daqueles que desrespeitaram as leis Divinas e precisam expiar suas faltas até serem polidas nas mãos da reparação (3,4).
Daí a importância de aproveitarmos cada momento atuando na paz, no amor e na caridade. E confiarmos sempre em Deus.
Ele nunca nos desampara.
Ele sempre estará conosco.
Referências:
(1) KARDEC, A. O Livro dos Espíritos. Questão 154, 93a ed. Brasília (DF): Federação Espírita
Brasileira, 2013b;
(2) Idem. Questão 546;
(3) Idem. Questão 983; e
(4) KARDEC, A. O Céu e o Inferno. 61a ed. Brasília (DF): Federação Espírita Brasileira, 2013ª.