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segunda-feira 25 novembro 2024
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Coluna Espírita – Deus me esqueceu?

• Ricardo Orestes Forni – Tupã SP
Vamos a duas perguntas básicas para podermos prosseguir raciocinando sobre o assunto.
Você concorda que Deus é infinitamente melhor e mais misericordioso do que qualquer criatura?
Você concorda que Deus é infinitamente mais inteligente do que qualquer ser humano?
Se estivermos de acordo, então vamos prosseguir em direção à resposta da pergunta título desse artigo.
Quando os pais estão mais próximos de um filho: quando ele está doente ou quando está gozando de saúde perfeita?
Quando é que os pais estão mais próximos de um filho: quando ele está em boa companhia ou quando se encontra envolvido com pessoas não recomendáveis?
Quando é que os pais estão mais próximos de um filho: quando esse filho está indo bem em seus estudos ou quando está sob a ameaça de uma reprovação?
Quando os pais estão mais próximos de um filho: quando ele está seguindo por um bom caminho ou comprometido pelos descaminhos da existência?
Creio que a sua resposta é óbvia e não preciso transcrevê-la para o papel. Ora, se como pais extremamente imperfeitos como somos estamos mais próximos de um filho exatamente nos momentos em que o identificamos em dificuldades e perigos maiores, como temos a ousadia de julgar que Deus de nós se afaste no momento de nossos problemas mais inquietantes?
Novamente, deixemos que Emmanuel nos esclareça com a sua página Provação e Fé, do livro Amigo:
Tenhas talvez alcançado o apogeu de semelhantes tribulações. Encontraste esse topo do sofrimento na enfermidade que provavelmente se demora contigo, flagelando-te a vida orgânica.
Criaturas queridas se desvincularam de ti, violentamente, arrojando-te à inquietação e ao desânimo.
Sofreste a perda de entes amados nas brumas da morte e trazes o coração encharcado de lágrimas.
Empenhaste as melhores forças na causa do bem de todos e situaram-te num cipoal de incompreensões e desafetos gratuitos que te prendem à dor.
É possível hajas atingido esses dias de conflitos e aflições, tumultuando-te o ser.
Seja qual seja a espécie de provação que te visita, não te rebeles, nem desanimes.
Ama e serve mais.
Por mais dolorosa a crise em que te vejas, permanece firme na coragem da fé, porquanto no momento em que a criatura se imagina esquecida do Céu, o ápice do sofrimento significa que o socorro de Deus se encontra a caminho.
Baseado em nossa atitude em relação aos nossos filhos aqui na Terra, outra não seria de se esperar da atitude de um Pai de perfeição como é Deus!
Por que, então, nos sentimos abandonados por Ele quando somos atingidos pelos problemas da existência?
Por um motivo muito simples de explicar e de entender se deixarmos o orgulho de lado.
Somos crianças no sentido espiritual de nossa evolução acostumadas a ter a nossa vontade satisfeita. Sabe aquela criança que na loja de brinquedo sapateia, se joga no chão para que a mãe compre o brinquedo que deseja, não importando o alto preço?
Pois é. Procedemos com Deus da mesma maneira. Apesar de semearmos os obstáculos que nos visitam no mecanismo do acerto de contas, queremos reencarnar para uma viagem de turismo hospedando-nos em um hotel de cinco estrelas! Quando a dificuldade aparece, ao invés de entendermos que somos os responsáveis por elas porque temos o livre-arbítrio, julgamos mais fácil alegar que Deus nos esqueceu. Que Deus nos abandonou. Transferimos, ou pelo menos tentamos como gostamos de fazer, a culpa e a responsabilidade que é nossa para Ele. E o que ganhamos com essa atitude? Passamos a imagem de coitadinhos que não resolve problema algum, mas, muito pelo contrário, complica a nossa vida, porque abrimos a porta para a revolta e dificultamos o socorro do Pai que está sempre a caminho, como enfatiza Emmanuel linhas atrás.
Retornando à pergunta do título: Deus nos esqueceu? A resposta é muito fácil: não, nós é que nos esquecemos Dele ou de quem Ele seja. Não fosse assim, jamais levantaríamos essa hipótese para Aquele a quem Jesus nos ensinou chamar de Pai e que na definição do Apóstolo João é a expressão máxima do Amor.
Permitam-me a mesma pergunta desse artigo, mas em sentido contrário: e nós, temo-nos esquecido dos filhos de Deus que se hospedam em nossos lares para serem conduzidos de maneira segura por um mundo de provas e expiações, retornando para o Lar do Criador melhores do que foram em existências anteriores?