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sábado 23 novembro 2024
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Coluna Espírita – Como viver o Espiritismo

• Leda Maria Flaborea – São Paulo/SP
Quando Allan Kardec foi questionado de que forma poderíamos viver o Espiritismo, ou seja, de que maneira poderíamos ser espíritas verdadeiros, a resposta dele não deixou dúvidas: “vós tendes uma senha que é compreendida de um ao outro extremo do mundo: a caridade”. Essa resposta nos dá a exata medida de como deve ser a nossa atitude em relação à Doutrina. Precisamos “encarnar” a mensagem espírita em nossas atitudes no mundo, de maneira a mostrar a esse mesmo mundo a grandeza do que abraçamos, e não somente aparentarmos essas atitudes pelo simples fato de frequentarmos uma casa espírita, ou porque compreendemos seus postulados.
A mensagem espírita “Fora da caridade não há salvação”, uma das bandeiras do Espiritismo, nos remete a pensar na necessidade de colocar em prática, de forma urgente e definitiva, o maior mandamento que Jesus nos deixou como ponto de partida para o nosso progresso: “Ama a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a ti mesmo”. E não existe, no nosso entendimento, melhor forma de vivenciar esse ensinamento senão pela prática da caridade para com todos.
Mas, o que é caridade? O Evangelho segundo o Espiritismo, em seu capítulo 13, diz que caridade é amor em movimento. Assim, qualquer atitude, palavra ou pensamento no bem, endereçado a alguém, é movimento de forças do Amor em benefício do outro e, principalmente, de quem o pratica.
É difícil conquistar esse entendimento? Nem tanto. Jesus veio em nosso socorro quando nos alertou para a necessidade de nos colocarmos no lugar do outro antes de agirmos. O “não faças ao outro o que não queres que seja feito a ti”; o “perdoai para serdes perdoado”; o “buscai e achareis” são apenas alguns exemplos do sentimento de caridade que podemos ter para com o outro. Assim, percebendo as consequências dos nossos atos ou de nossas palavras no coração alheio, poderemos avaliar o mal que estamos fazendo, pois nossos corações também sangrariam se alguém agisse da mesma maneira conosco; perdoando aquele que nos ofendeu, às vezes sem perceber que o fazia, estaremos agindo com caridade duas vezes: a primeira, para conosco mesmos porque um grande fardo sairá do nosso coração; e, na segunda, porque estaremos dando ao outro a oportunidade de se corrigir ao ver em nós um exemplo real de entendimento fraterno; e, buscando ajudar àquele que sofre dores morais ou físicas, levando às vezes, tão-somente, um sorriso amigo, encontraremos mais adiante alguém que nos ajudará quando formos nós os necessitados de caridade.
Pensamos quase sempre no bem material – necessário sem dúvida, mas não tão importante quanto a moral – ao nos referirmos à caridade e, no entanto, são inúmeras as formas pelas quais ela pode se manifestar: no benefício do ombro amigo, na carta consoladora, nas palavras de esperança, no fortalecimento da fé, na alegria compartilhada, na indulgência com os enganos alheios, na visita ao doente, no abraço fraterno, no pão que alimenta… São tantas as faces pelas quais a caridade se manifesta que dificilmente, por menos recursos que tenhamos, não deixaremos de encontrar alguma forma de praticá-la. Não se poderá dessa maneira dizer-se espírita sem buscar essa consciência espírita dentro de nós, através da renovação dos nossos sentimentos em vista do que aprendemos: “Fora da caridade não há salvação”.
O importante é não esperarmos nos santificar para iniciar a tarefa. Não necessitamos nos tornar bons primeiro para depois trabalhar no bem. O dia para esse início é hoje e o momento é agora. Não há mais por que adiarmos a nossa renovação, e só conseguiremos essa vitória se entendermos que a caridade se concretiza em nossas vidas, sobretudo em nossos corações, quando aprendermos a silenciar os nossos lábios e nossos pensamentos em relação ao que praticamos.
Somente Deus precisa saber do bem que fazemos. Somente nossa consciência poderá nos dizer se estamos no caminho certo.
Bibliografia:
Kardec, Allan – O Evangelho segundo o Espiritismo – Cap. 13. Revista Internacional de Espiritismo – fev. 2005, Casa Editora O Clarim, Matão, SP, pp. 20 e 21.