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domingo 22 dezembro 2024
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Coluna Espírita – Caminhando entre os espíritos

• Márcio Costa – São José dos Campos/SP
Não raro vemos e ouvimos nas mídias sociais diversos casos sobre espíritos que supostamente aparecem em fotos e vídeos de forma inesperada. Montagem ou não, elas são tratadas com um assombro e com um sensacionalismo muita das vezes desmedido que só tem por objetivo atrair a atenção dos curiosos.
A todo o momento estamos caminhando entre os espíritos. Eles estão “em toda a parte e existirão sempre” [1, 2], independentemente da nossa indiferença ou do medo de estarmos perto de um deles. Na realidade, a população de espíritos em nosso planeta é, aproximadamente, três vezes maior que os sete bilhões de encarnados atuais [3]. No livro Roteiro, publicado em 1952, sob a psicografia de Chico Xavier, Emmanuel nos conta que mais de vinte bilhões de desencarnados coexistem conosco, dividindo o mesmo palco do “grande educandário” que é a Terra [4]. Logo, sob tais evidências torna-se difícil crer que em algum momento estaremos sozinhos.
Este é um dos grandes incentivos para sempre buscarmos o equilíbrio de nossos pensamentos e ações. Mesmo nos momentos em que nossos atos aparentam estarem sob a proteção do anonimato, testemunhas invisíveis nos observam e, não raro, influenciam-nos podendo até dirigir nossas atitudes, conforme respondem os espíritos à Kardec na pergunta número 459 de O Livro dos Espíritos.
A influência destas ações, contudo, dependem das telas mentais que criamos a todo o momento. Se nossos pensamentos e atos estiverem alinhados com propósitos dignificantes, sublimes espíritos estarão em sintonia conosco procurando ajudar-nos a conduzir os trabalhos na seara fraterna do bem.
Por outro lado, entenebrecidos em sentimentos sombrios, tais como o egoísmo e o ódio, deixaremos nossas portas abertas para que irmãos menos afortunados na luz se aproximem de nós para compartilhar emoções afins. Estes, motivados na ideia de nos fazer sucumbir nas provas, de nos incentivar à intriga, aos desgostos, permanecem nos envolvendo com suas influências, enquanto não nos libertamos de nossas imperfeições.
No item 106 do O Livro dos Espíritos [2], Kardec denomina como “Espíritos Batedores e Perturbadores” a sexta classe dos Espíritos Imperfeitos. Nesta classe encontramos espíritos que “manifestam geralmente sua presença por efeitos sensíveis e físicos, tais como pancadas, movimento e deslocamento anormal de corpos sólidos, agitação do ar, etc.”.
Esses espíritos podem ser enquadrados em todas as classes de terceira ordem e, consequentemente, àqueles nos quais a matéria ainda predomina sobre o espírito. Sabendo que alguns encarnados se comprazem com as sensações de medo e susto que levam a outros encarnados, certamente espíritos desta classe ou outras, podem vir a fazer o mesmo se encontrarem meios de fazê-lo e motivações baseadas em nossas próprias fraquezas. Basta estarmos invigilantes. Espíritos de amanhã são as almas de hoje desencarnadas.
Busquemos, então, a luz do conhecimento para evitarmos que influências fúteis, motivadas em questões culturais baseadas no medo pelo desconhecido ou na curiosidade pelo dito “sobrenatural”, prevaleçam acima de nossa razão. Conforme Kardec nos lembra na introdução do O Livro dos Médiuns, experiências levianamente realizadas somente geram ideias falsas sobre a realidade que está à nossa volta [5]. Aliados ao saber e a fé raciocinada estaremos aptos a não sucumbir e a não nos envolver com ações que se distanciam dos fundamentos edificantes da vida futura. [6]
Estamos sempre caminhando entre os espíritos. Resta-nos apenas escolher quem desejamos que esteja ao nosso lado.
Referências:
[1] A Gênese, item 47 – Cap. 1 – Caráter da Revelação Espírita.
[2] O Livro dos Espíritos, item 106 e pergunta 236.
[3] Relatório sobre a Situação da População Mundial 2014, do Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA-ONU).
[4] Roteiro, pelo espírito Emmanuel, pela psicografia de Francisco Cândido Xavier, Cap 9 – O Grande Educandário.
[5] O Livro dos Médiuns. Introdução.
[6] O Evangelho Segundo o Espiritismo. Cap. XIX, A fé transporta montanhas.