• Márcio Costa – São José dos Campos/SP
Fazia pouco tempo que Pedro havia conhecido a Doutrina Espírita. Começou a frequentar uma Casa e estava maravilhado com os estudos e as atividades desenvolvidas.
A ideia de encontrar outros irmãos esclarecendo as mesmas dúvidas que tinha, trazia-lhe um grande conforto. Antes pensava ser o único a não entender o mundo dos Espíritos.
Não tardou a se envolver nos diversos trabalhos disponíveis no Centro. Ajudou a organizar campanhas, preparava estudos, frequentava as reuniões públicas e, sempre que podia, fazia-se presente nas diversas ações do movimento.
Todavia, começou a perceber que nem todos os amigos do início o acompanhavam. Todos sabiam que era necessário o apoio coletivo às campanhas, mas só ele e o pessoal antigo na Casa participavam. Todos eram convidados para os estudos, mas só alguns compareciam. Todos sabiam quando haveria reunião pública, mas só ele e alguns trabalhadores assistiam os expositores que falavam para uma pequena audiência de visitantes.
Chegou ao ponto de se irritar várias vezes, sempre questionando:
“- As pessoas não aprenderam que seria importante estarem ali? Por que não vêm? Não acordaram?”
* * *
Não, nem todos despertam ao mesmo momento.
Admitindo o processo da reencarnação, basilar da Doutrina Espírita, entendemos que somos seres milenares cruzando os séculos em experiências diferenciadas no corpo carnal.
Em contínua evolução intelecto-moral, vamos abandonando em cada existência as nossas imperfeições, tal como um diamante sendo lapidado gradativamente.
Se em uma encarnação cometemos erros, em algum momento adiante o arrependimento baterá à nossa porta, indicando a necessária e decorrente expiação para que possamos reparar o ato infeliz (1).
Na dinâmica deste processo evolutivo, alguns caminham mais rápido em direção a perfeição, enquanto outros se mostram mais lentos (2), iludidos pelas paixões terrenas.
Um simples olhar nas páginas da história irá nos mostrar valores culturais questionáveis, inaceitáveis nos tempos modernos. Quantas encarnações, a exemplo, vivenciamos na Idade Média, nascendo, renascendo e cometendo os mesmos erros, alheios às sucessivas oportunidades de evolução moral.
Com o avanço da humanidade, muitos de nós passamos a entender a mensagem do Nazareno, mas nem todos se esforçam por vivenciá-la.
Assim ocorre com aqueles que frequentam nossos Centros Espíritas, igrejas e templos, sem dar muita importância ao trabalho. De alguma forma já perceberam o quanto certas ações no bem são importantes, mas não se prendem a elas pela necessidade que sentem de atender em prioridade às demandas materiais.
Cada um ao seu tempo, vamos percebendo o quanto é importante o amor e a caridade estarem mais presentes em nossas vidas.
Logo, antes de julgar um irmão por acreditar que ele deixou de fazer algo, voltemos nossos olhos a nós mesmos, interrogando de maneira amiúde à nossa consciência quantas vezes erramos sem perceber e o que precisamos fazer para nos melhorar (3). Uma vez corrigindo nossos erros, nossas ações, por si só, servirão de exemplo e incentivo aos que ainda precisam despertar.
Referências:
(1) KARDEC, A. O Céu e o Inferno. 61a ed. Brasília (DF): FEB, 2013a;
(2) KARDEC, A. O Livro dos Espíritos. Questão 117, 93a ed. Brasília (DF): FEB, 2013b; e
(3) KARDEC, A. O Livro dos Espíritos. Questão 919, 93a ed. Brasília (DF): FEB, 2013b.
Coluna Espírita – Cada um ao seu tempo
fev 25, 2023RedaçãoColuna Espírita (Agê)Comentários desativados em Coluna Espírita – Cada um ao seu tempoLike
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