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sexta-feira 8 novembro 2024
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Coluna Espírita – Bases da ventura real

• Jorge Hessen – Brasília/DF
A felicidade é uma atraente sensação que experimentamos de euforia, uma percepção vivaz, todavia ela não ocorre em condições contínuas e permanentes, porquanto felicidade não é o mesmo que euforia. Alguns procuram estados eufóricos sob efeito dos fármacos psicoativos. Em verdade, se a felicidade não for simples, se ela for ornada em excesso, inchada de coisas inúteis, nesse caso a felicidade não é felicidade, é apenas ilusão.
Nossa felicidade não se constrói com o aumento do salário, com o ganhar na loteria, com algum bem caro que possamos adquirir. Porém, muitos nos iludimos achando que a felicidade mora no ter, no possuir, no aparentar, no exibir. Todavia, a felicidade verdadeira e perene é simples e modesta.
Há pessoas que creem que a felicidade é a posse de bens materiais. Dinheiro, realmente produz uma certa euforia, porém, muito rápida, muito momentânea, muito episódica, muito veloz. O endinheirado entra em processo obsessivo de imaginar que a consumolatria e a posse contínua de bens é que vão deixá-lo feliz. Porém, o que ocorre normalmente é que ela vai ficar em estado de vazio existencial e de pungentes ansiedades.
A felicidade é simples e advém daquilo que é essencial e o essencial na vida é a amizade, a fraternidade, a lealdade, a sexualidade (sadia), a religiosidade. Muita gente confunde o essencial com o fundamental. Em realidade o fundamental é o que nos ajuda a chegar ao essencial. Observemos que dinheiro não é essencial mas é fundamental, pois sem ele teremos problemas materiais. Mas dinheiro em si não nos traz felicidade, até porque não se compra amor com dinheiro, se compra sexo (dissoluto). Não se compra amizade com dinheiro, se compra interesse. Não se compra fidelidade com dinheiro, mas se compra reciprocidade (toma lá, dá cá).
É bem verdade que dinheiro em si não é desprezível, mas ele em si não é suficiente para realização pessoal. O equívoco está quando se procura a felicidade naquilo que é secundário, em vez de procurá-la na sua fonte primária, que é o que de fato nos dá autenticidade para usufruir a felicidade. Os Benfeitores espirituais afirmam que ainda não podemos desfrutar de completa felicidade na Terra. Por isso é que a vida nos foi dada como prova ou expiação. De cada um de nós, porém, depende a suavização dos próprios males e o ser tão felizes quanto possível na Terra.
Ponderemos que a felicidade é uma obra de construção progressiva no tempo. Somos quase sempre obreiros da própria infelicidade. Mas, praticando a lei de Deus, a muitos males evitaremos e assentaremos em nós mesmos uma felicidade tão grande quanto o comporte a nossa rude existência.
Nos paradoxos da vida muitos fogem de casa para serem felizes, porém outros retornam para casa em busca da mesma felicidade. Uns se casam, outros se divorciam, com o mesmo intuito de felicidade. Uns desejam viver sozinhos, outros desejam possuir uma grande família a fim de serem felizes. Uns desejam ser profissionais liberais para comandar a sua própria vida e poder gozar de felicidade. Outros desejam apenas ter um emprego para ganhar o salário no final do mês e, assim, serem felizes.
A felicidade terrestre é relativa à posição de cada um. O que basta para a felicidade de um constitui a desventura de outro. Nenhuma sociedade é perfeitamente feliz e o que julgamos ser a felicidade quase sempre camufla penosos desgostos. O sofrimento está em todos os lugares. As amarguras são numerosas, porque a Terra é lugar de expiação. Quando a houver transformado em morada do bem e de Espíritos bons, deixaremos de ser infelizes, assim, enquanto houver um gemido na paisagem em que nos movimentamos, não será lícito cogitar de felicidade isolada para nós mesmos.
Tal como concebemos a felicidade não pode existir, até agora, na face do orbe, porque quase sempre nos encontramos endividados e não sabemos contemplar a grandeza das paisagens exteriores que nos cercam no planeta. Apesar disso, importa lembrar que é na Terra que edificaremos as bases da ventura real, pelo trabalho e pelo sacrifício, a caminho das mais sublimes aquisições para o mundo divino de nossa consciência. Portanto, quando o céu estiver em cinza, a derramar-se em chuva, meditemos na colheita farta que chegará do campo e na beleza das flores que surgirão no jardim.
A nossa felicidade será naturalmente proporcional em relação à felicidade que fizermos para os outros. Sim, a felicidade consiste na satisfação com o que temos e com o que não temos. Poucas coisas são necessárias para fazer o homem sábio feliz, ao mesmo tempo em que nenhuma fortuna satisfaz a um inconformado.
Tenhamos certeza: a única fonte de felicidade está dentro de nós, e deve ser repartida.