• José Passini – Juiz de Fora/MG
O Espiritismo não tem sacerdócio organizado e não admite, em absoluto, o profissionalismo religioso. A começar por Allan Kardec, que sempre se manteve ganhando seu sustento como professor, nada recebendo pela publicação dos livros editados. Nesse padrão de conduta têm-se mantido aqueles que honram o nome do Espiritismo, cujo exemplo mais marcante nos tempos atuais foi o de Francisco Cândido Xavier, médium de mais de quatrocentas obras, escritas por dezenas de Espíritos. Ganhou o seu pão com o seu trabalho, desde criança. Teve várias ocupações, terminando sua vida como funcionário público aposentado. Nesse sentido, o maior exemplo nos vem de Jesus, que não foi um profissional religioso. Ele era carpinteiro, conforme está registrado no Novo Testamento:
E, chegando o sábado, começou a ensinar na sinagoga; e muitos ouvindo-o, se admiravam, dizendo: Donde lhe vêm essas coisas? E que sabedoria é essa que lhe foi dada? E como se fazem tais maravilhas por suas mãos?
Não é esse o carpinteiro, filho de Maria, e irmão de Tiago, e de José, e de Judas, e de Simão? E não estão aqui conosco suas irmãs? E escandalizaram-se nele. (Mc, 6: 2 e 3).
E o próprio Mestre, prevendo a profissionalização da prática religiosa, recomendou, embora tenha dado o seu exemplo pessoal:
(…) de graça recebestes, de graça dai. (Mat, 10:8).
Não há registro, no Novo Testamento, que autorize alguém a formar uma ideia de profissionalismo religioso no Cristianismo dos primeiros tempos. Notável exemplo é o de Paulo que, desde o seu desligamento das hostes judaicas, não mais recebeu os subsídios que até então o mantinham como doutor da lei. Ao abraçar a mensagem cristã, abraçou também o trabalho, retomando um ofício aprendido na adolescência – consoante costume judaico –, o de tecelão. Notabilizando-se o Apóstolo não só por trabalhar para ganhar seu sustento, mas também por aconselhar aos companheiros que trabalhassem:
Porque bem vos lembrais, irmãos, do nosso trabalho e fadiga; pois, trabalhando noite e dia, para não sermos pesados a nenhum de vós, vos pregamos o Evangelho de Deus. (I Tes, 2: 9).
Ainda nessa mesma carta:
E procureis viver quietos, e tratar dos vossos próprios negócios, e trabalhar com as vossas próprias mãos, como já vo-lo temos mandado. (I Tes. 4: 11).
Talvez porque tenha notado alguma tendência de profissionalismo religioso entre os tessalonicenses, na sua segunda carta dirigida a eles, volta a recomendar:
Nem de graça comemos o pão de homem algum, mas com trabalho e fadiga, trabalhando noite e dia, para não sermos pesados a nenhum de vós. (II Tes, 3: 8).
Porque quando ainda estávamos convosco, vos mandamos isto, que, se alguém não quiser trabalhar, não coma também. (II Tes, 3: 10).
Porquanto ouvimos que alguns entre vós andam desordenadamente, não trabalhando, antes fazendo coisas vãs. (II Tes, 3: 11).
A esses tais, porém, mandamos, e exortamos por nosso Senhor Jesus Cristo, que, trabalhando com sossego, comam o seu próprio pão. (II Tes, 3: 12).
Outras provas de que Paulo e outros divulgadores do Evangelho trabalhavam, encontram-se em Atos dos Apóstolos:
E, achando um certo judeu por nome Áquila, natural de Ponto, que havia pouco tinha vindo da Itália, e Priscila, sua mulher, (pois Cláudio tinha mandado que todos os judeus saíssem de Roma), se ajuntou com eles. E, como era do mesmo ofício, ficou com eles, e trabalhava; pois tinham por ofício fazer tendas. (At, 18:3).
Vós mesmos sabeis que para o que me era necessário a mim, e aos que estão comigo, estas mãos me serviram. (At, 20: 34).
Coluna Espírita – Atuação religiosa não profissional
mar 14, 2020RedaçãoColuna Espírita (Agê)Comentários desativados em Coluna Espírita – Atuação religiosa não profissionalLike
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