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segunda-feira 30 dezembro 2024
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Coluna Espírita – Aqui se faz, aqui se paga?

• Rogério Miguez – São José dos Campos/SP
O Criador de todas as coisas determinou um processo de evolução para todas as suas criaturas contemplando regulares passagens por mundos materiais – as muitas casas do Pai -, ocupando estruturas biológicas nos vários reinos da Natureza, sistematicamente, até aprender o que é permitido pelo Criador, quando atingirão a perfeição relativa. A partir deste momento, não há mais necessidade de reencarnar, embora se possa fazer em função de particulares missões.
Há três caminhos possíveis a trilhar quando alcançamos o reino hominal: ou fazemos apenas o bem, apenas o mal, ou, um misto de ações boas e ruins, vivenciando os resultados positivos ou negativos destas experiências, em nossas existências futuras – colhe-se conforme a semeadura -, é da lei.
Nesta breve análise sobre o nosso processo evolutivo, nos concentraremos naqueles que optaram por não fazer apenas o bem, desde o início de suas jornadas, conforme previsto na Doutrina Espírita:
Os Espíritos são criados iguais quanto às faculdades intelectuais?
“São criados iguais, porém, não sabendo donde vêm, preciso é que o livre-arbítrio siga seu curso. Eles progridem mais ou menos rapidamente em inteligência como em moralidade.”
[Comentário de Allan Kardec] Os Espíritos que desde o princípio seguem o caminho do bem nem por isso são Espíritos perfeitos. […]1 (negritamos)
É o próprio Codificador ratificando a possibilidade de o Espírito fazer o bem desde o início de sua trajetória de evolução.
No entanto, e aquele que não optou por este padrão?
Certamente, através de suas más ações, acumula prejuízos a si mesmo, ao próximo, ou a ambos, que deverão ser compensados, resgatados, anulados, pagos, seja qual forma desejarmos usar para caracterizar estes débitos morais e materiais com terceiros e com ele mesmo.
Sim, qualquer ato destoante dos princípios divinos, causa danos, não há como fugir desta colheita, pois a semeadura é livre, mas o resultado é obrigatório.
Apesar disso, a bondade do Magnânimo é tamanha que permite o pagamento de duas formas possíveis: pela dor/sofrimento, ou pelo amor. Há sempre dois possíveis caminhos e, mais uma vez, a escolha é nossa.
No primeiro, o indivíduo é obrigado a pagar, e este pagamento se faz com dor e incômodo, pois o Espírito nem sempre deseja quitar a sua dívida, embora saiba que deve, é a expiação.
O segundo se patenteia através do imortal ensino: o amor apaga a multidão dos pecados. Ou seja, as boas ações são vistas por Deus como uma forma de ressarcir à economia moral do planeta aquilo que lhe foi lesado pelo indivíduo.
Geralmente, o Espírito permanece um bom período de sua vida vinculado a um particular planeta, de modo a construir virtudes e aprimorar sua inteligência, junto àqueles com quem vem participando de experiências comuns.
De modo semelhante, este Espírito vai resgatando as suas dívidas passadas, interagindo constantemente com outros Espíritos reencarnados neste mesmo orbe.
Contudo, coincidentemente, a Terra está atravessando uma transição de mundo de provas e expiações para regeneração, há décadas, quando talvez bilhões serão daqui retirados. Sendo assim, todos estes devedores da Terra que ainda não quitaram as suas dívidas e já foram e estejam sendo transferidos para outro orbe, junto com todos aqueles que ainda terão que mudar de casa, durante este processo, pois não possuem condições morais de permanecer no planeta, ou seja, não herdarão a Terra, responderão à pergunta: Aqui se faz, aqui se paga? – Não, nem sempre!
Transferidos de mundo, passarão a pagar seus débitos em outro orbe, contrariando parcialmente a afirmação de que: tudo de mal que se faz aqui, necessariamente, aqui se paga.
No entanto, o que nos proporciona alívio, é que independentemente de onde o Espírito transgressor das leis deverá quitar seus débitos, a Bondade Infinita do Universo, sempre proporcionará meios para que todas as suas ovelhas sejam salvas, mais cedo, ou mais tarde.
REFERÊNCIA:
1 KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos. Tradução Guillon Ribeiro. 69. ed. Rio de Janeiro: FEB, 1987. q. 127.