• Rogério Miguez – São José dos Campos/SP
É fato inconteste que a mediunidade sempre existiu, não foi invenção do Espiritismo, a Doutrina não criou este princípio de Deus, que permite aos Espíritos encarnados estabelecer comunicação, por diversos modos, com os Espíritos desencarnados.
Em consequência, médiuns sempre os houve, contudo, de modo geral foram vistos como indivíduos que estabeleciam contato com forças ditas diabólicas, isso, antes do advento da Doutrina dos Espíritos, pois, com a publicação da segunda obra fundamental – O livro dos médiuns -, Allan Kardec, através de experimentos e contatos com inúmeras entidades do plano etéreo, construiu um tratado sobre esta faculdade, onde estabeleceu os seus postulados, as leis que regem os fenômenos mediúnicos. Além disso, estruturou a forma como os médiuns podem se conduzir na prática desta misericordiosa lei divina, permitindo a todos aqueles ainda vivendo a experiência física, entrar em contato, através dos médiuns, com seus entes queridos, os chamados “mortos”, mas, ainda muito vivos.
É a mediunidade também que permite receber orientações em mensagens dos Espíritos mais esclarecidos, tão importantes para o progresso da Humanidade.
O Codificador abordou a temática da mediunidade em outras obras, como na terceira publicação fundamental – O evangelho segundo o espiritismo -, quando tratou da Parábola da Figueira que Secou, e, desta obra, retiramos para o leitor, um especial comentário referente aos médiuns, uma advertência relacionada ao exercício desta luminosa faculdade:
“Os médiuns são os intérpretes dos Espíritos; suprem, nestes últimos, a falta de órgãos materiais pelos quais transmitam suas instruções. Daí vem o serem dotados de faculdades para esse efeito. Nos tempos atuais, de renovação social, cabe-lhes uma missão especialíssima; são árvores destinadas a fornecer alimento espiritual a seus irmãos; multiplicam- se em número, para que abunde o alimento; há-os por toda a parte, em todos os países, em todas as classes da sociedade, entre os ricos e os pobres, entre os grandes e os pequenos, a fim de que em nenhum ponto faltem e a fim de ficar demonstrado aos homens que todos são chamados.
Se, porém, eles desviam do objetivo providencial a preciosa faculdade que lhes foi concedida, se a empregam em coisas fúteis ou prejudiciais, se a põem a serviço dos interesses mundanos, se em vez de frutos sazonados dão maus frutos, se se recusam a utilizá-la em benefício dos outros, se nenhum proveito tiram dela para si mesmos, melhorando-se, são quais a figueira estéril. Deus lhes retirará um dom que se tornou inútil neles: a semente que não sabem fazer que frutifique, e consentirá que se tornem presas dos Espíritos maus.”
Observa-se que, em poucas palavras, Allan Kardec sintetizou a função dos médiuns na sociedade e, apontou a consequência para aqueles que não se conduzem adequadamente no desempenho de suas missões: a perda da faculdade e o consequente assédio dos Espíritos ignorantes e desequilibrados, os chamados obsessores.
Entre outros indicadores aos que procuram médiuns para receber notícias dos entes amados, por exemplo, nas atividades de Cartas Consoladoras, estejam sempre atentos a questão financeira, pois, a mediunidade é concedida por Deus gratuitamente, portanto, deve ser executada igualmente sem visar nenhum fim lucrativo.
Por último, destacamos que os médiuns são pessoas comuns, não foram privilegiados por Deus, receberam uma missão, à qual deverão prestar contas após o término desta existência.