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quinta-feira 20 fevereiro 2025
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Coluna Espírita – Ano novo: desafio entre a luz e a sombra

• Rogério Miguez – São José dos Campos/SP
É muito comum reformarmos casas, carros, móveis, roupas, corpos, a propósito, reformar os últimos está em alta, usando uma expressão popular.
O setor de serviços oferece todo o tipo de restauração e a cada dia surgem novas técnicas para revitalizar ou mesmo transformar estas dádivas divinas desgastadas, pois estas já não apresentam mais a beleza e as funcionalidades de outros tempos.
Entretanto, quando se fala em reformar o Espírito a maioria não entende como aplicar esta prática a si mesmo, enquanto outros sabem, mas não se preocupam com esta necessidade premente, deixando sempre para depois.
E mais, em relação ao Espírito, a maioria se questiona por que mudar, qual seria a razão para promover mudanças na personalidade e caráter? Não é melhor deixar como está, ajuízam, afinal, mudar dói, é preferível permanecer na zona de conforto, para que esquentar a cabeça tentando alterar  tradicionais e consolidadas condutas e ideias, há muito tempo consolidadas?
A Terceira revelação – o Espiritismo –, dádiva de Deus, esclarece que todos devem buscar a perfeição relativa, é meta fatal de todos os Espíritos, sendo assim, o melhor é trabalhar para se alcançar esta condição o mais rápido possível, de modo a evitar muitas dores e sofrimentos,  características dos Espíritos  ainda prisioneiros de suas muitas limitações morais e éticas.
Há basicamente duas áreas em que deveríamos buscar melhorias de toda ordem, pois são os setores que, quando bem desenvolvidos, nos conduzirão à pureza espiritual: o campo do conhecimento e inteligência e o lado moral.
Contudo, como já tivemos muitas encarnações, e, por escolhas próprias,  optamos por nos conduzir por condutas desrespeitosas às Leis de Deus, construímos um chamado passivo de dívidas, e mais, edificamos traços de personalidade e caráter distantes daqueles comuns aos Espíritos elevados. Este nosso lado distorcido é exatamente o que precisamos trabalhar, reformar, transformar, pois não são úteis ao nosso processo evolutivo, e atrapalham a evolução moral e intelectual.
Entretanto, agora não é tão fácil assim desconstruí-los. O tempo necessário para nos vermos livres destas mazelas morais e da nossa ignorância, será indiretamente proporcional aos nossos sinceros esforços em nos melhorarmos e, diretamente proporcional à intensidade com que eles já estejam enraizados em nós.
Por isso se diz haver muitas personalidades em cada um de nós, formadas pelos traços bons ou maus desenvolvidos em existências anteriores, permanecendo vivos na atualidade: a nossa luz, por um lado, e a nossa sombra, pelo outro.
Neste processo, surge naturalmente a proposta do conheçamo-nos a nós mesmos, já conhecida desde passado longínquo, mas pouco exercitada nos dias modernos, este ensino socrático aplicado ao nosso tema em exame poderia apontar para esta reflexão: Não quero ser mais quem fui, mas ainda não sou quem quero ser. Então quem sou?
Um possível caminho para viabilizar esta grande reforma, seria identificar hábitos salutares, tais como, orar rotineiramente; ler obras edificantes – que não precisam ser necessariamente espíritas; usar e abusar da laborterapia, expressão que ganhou verdadeiro sentido e abrangência na obra O Livro dos Espíritos, quando aborda o capítulo sobre a Lei do Trabalho, definindo trabalho como qualquer ocupação útil; repetir testemunhos de aprendizado e renovação, insistentemente, pois para desfazer um vício ou uma conduta perniciosa hoje presente em nosso caráter, é preciso reforçar as novas e boas condutas muitas vezes, sem o que, não se consegue apagar ou controlar os traços indesejados; visitar doentes, asilos, orfanatos; iniciar um novo curso em qualquer área do conhecimento…
São muitas as opções, mas é preciso escolher uma ou algumas e agir.
Considerando o outro lado da moeda, é preciso identificar as maiores dificuldades que enfrentamos no dia a dia e começar a substituir estes comportamentos, palavras e pensamentos, quando impregnados de irritação, negativismo, avareza, inveja, ciúme, maledicência, preconceito, preguiça… por outros mais saudáveis.
Observar também neste nobre esforço em nos melhorarmos: extinguir definitivamente certos hábitos extremamente nocivos, principalmente ao corpo físico, como o uso do fumo, das drogas lícitas – bebidas alcoólicas – e ilícitas. Há outra conduta que nos enfraquece e perturba sobre maneira que é o uso excessivo da televisão e, hoje em dia, do celular. Estes dois dispositivos que a ciência tornou realidade para nos ajudar, se usados sem discernimento e controle, podem dificultar a concretização de outras providências que buscamos tomar em nosso próprio benefício.
Consideremos também que não basta evitar o mal, é imperioso fazer todo o bem ao nosso alcance, um desafio e tanto no processo de reforma íntima.
Como outro exemplo deste chamamento espírita, basta consultar o capítulo XVII – Sede perfeitos, contido em O Evangelho segundo o Espiritismo. Neste texto, o autor Allan Kardec sugere 19 características do chamado Homem de bem, mas não são todas, há outras, mesmo assim, um excelente começo para quem deseja reformar o seu Espírito.
Um novo ano inicia, esperamos de muita Paz e Saúde para todos, e tenhamos a certeza: fazer luz, extingue a treva!