Search
quinta-feira 28 novembro 2024
  • :
  • :

Coluna Espírita – A reverberação das emoções pretéritas na atual reencarnação

• Éder Andrade – Rio de Janeiro/RJ
Segundo a doutrina espírita, as lembranças de determinadas emoções de vidas passadas, podem eclodir no atual momento que estamos vivendo, com o objetivo fundamental de despertar no indivíduo que algo precisa ser feito por ele mesmo, como um acerto de contas com sua própria consciência, que sinaliza a necessidade de ajuda médica ou espiritual.
É possível perceber que somos portadores de certas dificuldades às quais deveríamos buscar ajuda especializada, até para não recairmos no círculo vicioso das paixões que nos levaram a nos tornarmos dependentes dessas “emoções” ou sentimentos doentios. São novas oportunidades oferecidas pela espiritualidade para reeducar nossos sentimentos, nos reeducarmos.
Nas obras secundárias da doutrina espírita, podemos observar nos romances, relatos onde emoções cristalizadas do pretérito são liberadas na atual encarnação para o espírito em uma nova identidade, conseguir ressignificar emocionalmente seus sentimentos de maneira a tratá-los terapeuticamente e quando possível encontrar um processo de equilíbrio, para não recair em um looping de dificuldades e arrastamentos que um dia, ele se permitiu se entregar por afinidade ou fraqueza. O passado sempre vai bater à nossa porta em momento oportuno, quando amadurecemos moralmente, tendo condições de repararmos as antigas faltas contraídas.
Chamamos de “reverberação de antigas lembranças” ao desconforto produzido no nosso inconsciente profundo das emoções que não foram ressignificadas. Em outras palavras o amadurecimento do senso moral na encarnação atual acaba produzindo um conflito de consciência com antigas emoções que em um passado remoto nos locupletávamos. Poderíamos dizer que o homem que desejamos nos tornar se envergonha do homem que já fomos ou as emoções que nos atraiam ainda nos seduzem nos mantendo ancorados em determinados pontos remotos do passado. Uma dificuldade que não conseguimos superar, uma emoção que ainda não conseguimos ressignificar.
Dona Ivone Pereira tinha um sério problema ligado às lembranças do pretérito e deixa isso claro em suas obras, principalmente em sua trilogia, que reúne emocionantes histórias de amor, perdão e redenção, que não haviam sido superadas. Para enfrentar a si mesma, solicitou da espiritualidade, reencarnar em uma família humilde que oferecesse as condições necessárias para sua evolução. Dessa forma passou privações e umas séries de dificuldades, que ela própria solicitou, como uma maneira de se melhorar espiritualmente.
A mitologia da Grécia Antiga diz que é muito difícil o indivíduo reencarnar não trazendo lembranças de outras existências, pois elas fazem parte da nossa essência, do nosso ser.
Essa ideia de que o passado que varremos para debaixo do tapete será esquecido é totalmente inverossímil. A própria “justiça divina” se encarrega de forma didática que as coisas mal resolvidas em numa nova encarnação venham à tona, para serem tratadas e se possível curadas.
Jorge Andréia psiquiatra espírita baiano, muito amigo de Divaldo Franco, procurou nos orientar em quase todas as suas obras que as emoções armazenadas no inconsciente profundo do ser, vão sendo liberadas gradativamente, quando o espírito imortal passa a ter condições e maturidade para lidar com suas atitudes imprudentes de um passado remoto, essa liberação é relativamente proporcional ao grau de amadurecimento pessoal de cada indivíduo.
André Luiz na sua obra psicografada por Chico Xavier, Ação e Reação da série “A Vida no Mundo Espiritual” procura correlacionar que o sentimento de desconforto, remorso ou culpa consciente do espírito na erraticidade em desdobramento, se transfere para o corpo físico sob a forma de doenças, como a depressão, pois o forte sentimento de tristeza ou melancolia é um reflexo de emoções adoecidas, que não foram tratadas na devida encarnação.
Não podemos nos envergonhar das nossas dificuldades ou fraquezas que somos portadores. Precisamos sim, em um mundo moderno e globalizado, com tantas facilidades, buscarmos ajuda e tratamento psicológico, clínico e espiritual adequado para nosso restabelecimento como espíritos imortais e indivíduos conscientes, de livre pensamento. Realizando o nosso papel na sociedade e em nossas vidas, devemos cumprir pelo menos em parte a nossa programação reencarnatória.
Andrea, Jorge; Psicologia Espírita; Ed. Societo Lorenz; v:1 e 2
Kardec, Allan; O Livro dos Espíritos; FEB; Cap.VII; Esquecimento do passado
Pereira, Yvonne do Amaral; Memórias de um suicida; FEB; 3ª parte; IV – O “homem velho”
Xavier, Francisco Candido; Ação e Reação; FEB. Cap. 2