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quinta-feira 28 novembro 2024
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Coluna Espírita – A medicação de São Francisco

• Ricardo Orestes Forni – Tupã/SP
Chico Xavier comentava que muitas pessoas procuravam o Centro espírita para encontrar a solução dos seus problemas já pronta, sem a mínima cota de participação do sofredor em atendimento à realidade de que obteremos ajuda na medida em que nos ajudarmos. E isso é realmente observado no dia a dia quando a frequência à Casa espírita oscila pelo fato do afastamento daqueles que não conseguiram dos Espíritos o que necessitavam, deixando de frequentar essa ou aquela Instituição que não atendeu aos pedidos formulados. Muitos chegam até a classificá-las como fracas ou fortes conforme tenham ou não seu clamor atendido pelo plano espiritual.
Lembro-me, muito ao longe, de uma história que circula no meio dos adeptos do Espiritismo, não sei se com o título da farmácia de Deus ou coisa semelhante, onde as pessoas podiam entrar e adquirir porções de remédios para soluções de suas dificuldades.
A procura por esse lugar era muito grande! O povo se aglomerava! Formavam-se filas muito longas porque, afinal, os problemas e os sofredores eram tantos!
Uns buscavam algumas gramas de paz para utilizar no lar. Outros procuravam por alguma quantidade de felicidade, por menor que fosse. Muitos procuravam nas “mercadorias” expostas aos necessitados, alguma dose de consolo pela partida de um ente querido através do fenômeno da morte.
Como seria oferecida a conformação que muitos corações aflitos procuravam? Por peso, em centímetros, ou, talvez, alguns milímetros? E assim desfilavam ansiosos na expectativa de encontrarem as soluções que os fizessem felizes e possuidores da paz tão almejada pelo Espírito encarnado.
No final de um longo corredor que se perdia de vista, havia um local onde se retiravam os “produtos” de cada alma necessitada. Mas, quando chegava ao ponto para retirar aquilo que fora escolhido, para o espanto geral, recebiam apenas pequenas sementes! Sim! Sementes de paz, de alegria, de conformação, de humildade, de resignação e tudo o mais que se fazia necessário a cada alma aflita. Apenas sementes!
A Providência Divina fornece a cada um de seus filhos o gérmen de todas as soluções de que temos necessidade. Ao necessitado cabe cultivar o que já temos no íntimo de nosso ser e suficiente para nosso crescimento espiritual em busca da perfeição que é o nosso destino como nos convida o Criador.
Sendo conhecedor dessa realidade que teimamos em não entender, São Francisco nos deixou algumas medicações que o levou a uma consagrada vitória sobre o mundo, mesmo com todo o sofrimento que caracterizou a sua reencarnação no século XIII. Vamos a ela?
“Senhor, fazei de mim um instrumento da vossa paz!
Onde houver ódio, que eu leve o amor;
Onde houver ofensa, que eu leve o perdão;
Onde houver discórdia, que eu leve a união;
Onde houver dúvida, que eu leve a fé…”
Não vamos transcrever em sua totalidade a tão sobejamente conhecida oração de São Francisco que, segundo alguns respeitáveis estudiosos, não nasceu da pena do Santo de Assis, mas inspirada em seus exemplos constantes de vida.
A medicação deixada por ele ou por inspiração dele, para todos nós que caminhamos em nossa estrada evolutiva, é a atitude de realizar por ele mesmo o que era necessário para todos os encarnados. São Francisco não ficou esperando e nem pedindo a Deus que ocorresse um milagre e caíssem dos céus as bênçãos para os corações aflitos da existência. Ele pediu ao Criador para ser o instrumento, ou seja, para realizar o trabalho necessário para a concretização do bem na face do planeta.
Na maioria das Casas espíritas falta essa conscientização. Fica-se aguardando que do Alto desça sobre cada necessitado, não a semente, mas a solução já pronta para os problemas.
Aquele que pede não se dispõe a realizar a parte que lhe cabe no socorro que busca. Chico observou bem de perto essa realidade. Podemos dizer que viveu essa realidade em meio a tantos necessitados que socorreu incansavelmente. Falta-nos a compreensão de que é dando que se recebe! De que é perdoando que se é perdoado! E é amando que se é amado!
A receita, mais uma vez está bem clara!
O problema é saber qual a nossa disposição em colocar a medicação em nosso dia a dia na busca do socorro que sempre estamos a necessitar na jornada terrestre.
Jesus, alguns séculos antes, deixou medicações semelhantes ao poverello de Assis.
Parece-me que até hoje relutamos em aviar a receita na farmácia de nossa consciência!