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sábado 15 março 2025
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Coluna Espírita – A fisiologia do perdão

• Mário Frigéri – Campinas/SP
Perdão é ato profundo de libertação e renovação, que envolve o abandono de ressentimentos, mágoas e sentimentos negativos em relação a alguém que nos causou algum mal. Mais do que simples reconciliação ou esquecimento do que foi feito, é escolha consciente de não deixar que a ofensa continue a exercer poder sobre nós. Ele supera as barreiras do orgulho e do ego, exigindo humildade e compaixão. No âmbito espiritual, é visto como processo de cura interior, que nos permite romper os grilhões do passado e abrir espaço para sentimentos mais elevados, como a paz e o amor.
Perdoar é essencial porque nos liberta da prisão emocional que o rancor e a raiva podem criar. Esses sentimentos negativos corroem a paz interior e afetam a saúde física e mental, muitas vezes resultando em doenças psicossomáticas e distúrbios emocionais. Ao perdoarmos, damos importante passo rumo ao autoconhecimento e à evolução espiritual, permitindo que o amor e a empatia floresçam em nossas vidas. Além disso, ele estabelece a harmonia nas relações humanas, fortalecendo os laços de fraternidade e cooperação entre as pessoas, que são fundamentais para promover a convivência de forma saudável e pacífica.
Embora ambos os lados possam se beneficiar do perdão, é geralmente quem perdoa que experimenta maior alívio e transformação. Ao perdoar, nos livramos do fardo pesado da mágoa e do ódio, sentimentos que podem obscurecer a visão da vida e impedir o progresso espiritual. Quem é perdoado, por sua vez, pode sentir alívio e gratidão, mas quem realmente cresce e se liberta é aquele que concede o perdão, pois esse ato requer trabalho interior profundo, representando grande avanço em direção a uma profunda compreensão e aceitação das imperfeições humanas. Assim, o perdão é a chave da paz interior, beneficiando principalmente quem perdoa ao liberar a alma para novas possibilidades de amor e crescimento.

Perdão é a fórmula da paz
Ódio é copo de veneno
Que você bebe dum trago,
Mas crendo – ó ser pequeno! –
Fazer no inimigo estrago.

Ódio é também brasa pura
Que requeima sua mão,
Enquanto você a segura
Para lançar sobre o irmão.

O fato de se ofender
Será assim tão potente
Para o levar a sofrer
Ininterruptamente?

Enquanto seu coração
Discute com os que o difamam,
Você não presta atenção
Nas pessoas que o amam.

No dia a dia o perigo
É resvalar no rancor;
Em vez de crime e castigo,
Que tal a bênção do amor?

Ao proferir com emoção
Velhos termos já infectos,
Abra o som e o coração:
– Desafetos… dez afetos.

Mesmo com as falhas que tem,
Cada ser é hors-concours;
Ao olhar de novo alguém,
Veja a luz, não o abajur.

O perdão sempre coroa
De paz o peito ferido
E gentilmente algodoa
O coração do ofendido.