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sábado 29 junho 2024
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Coluna Espírita – A construção da nossa fé e o final feliz

Coluna Espírita – A construção da nossa fé e o final feliz

• Maria Lúcia Garbini Gonçalves – Porto Alegre/RS
É complicado para nós, humanos imperfeitos ainda na fase de provas e expiações, ter a fé que move montanhas que nosso Senhor Jesus Cristo se referiu quando os apóstolos não conseguiram espantar o obsessor de um menino. O Mestre mostrou que eram efeitos naturais de magnetismo do organismo humano frutos da fé que o homem pode desenvolver. Assim, sabemos que um dia chegaremos lá, a exemplo dos apóstolos que não conseguiam inicialmente fazer as curas, mas que as experiências que tiveram com o Mestre, somado aos esforços pessoais para melhorarem-se e mais a prática da caridade desinteressada os levaram a um nível de fé que, por fim, puderam fazer curas.
Muito lentamente, após muitas experiências reencarnatórias, vamos fortificando as nossas crenças e melhorando o nosso caráter e, assim, selando as verdades incontestes na nossa consciência, que foram validadas pela razão e pelas vivências, fortificamos a nossa fé.
Vejamos as reflexões de Kardec em O.E.S.E., capítulo 19: “A fé raciocinada, por se apoiar nos fatos e na lógica, nenhuma obscuridade deixa. A criatura então crê, porque tem certeza, e ninguém tem certeza senão porque compreendeu. Eis porque não se dobra. Fé inabalável só o é a que pode encarar de frente com a razão, em todas as épocas da Humanidade”. (1)
Mas somos muito imaturos e afirmamos: “Eu quero ter fé, mas não consigo!”
Até para essa dúvida encontramos as respostas em O.E.S.E. nesse mesmo capítulo citado, no item 7. Kardec nos explica que quem faz tal afirmação, fala da boca para fora, sem profundidade no que diz, e não percebe as inúmeras provas que Deus lhes concedeu na vida, por razões tais como o medo de ter que mudar seus hábitos, ou por não querer admitir que exista uma força superior à sua, o que configura orgulho.
Emmanuel, em Vinha de Luz (2), fala sobre a fé. Ele diz: “A árvore da fé não cresce no coração miraculosamente. Qual acontece na vida comum, o Criador dá tudo, mas não prescinde do esforço da criatura”. Se queremos flores bonitas, precisamos plantá-las em uma terra fértil, aguá-las, saber das condições climáticas que propiciem o desenvolvimento delas, em cuidados constantes. Assim é a fé, precisamos adubá-la com a nossa ação no bem, com o autoconhecimento, com a constância na vigilância e na oração.
Nós espíritas, estaremos reforçando a nossa fé, na medida em que estivermos no esforço de sublimar nossos sentimentos, principalmente quando saímos do centro espírita para o convívio com a família, ou no trabalho. Sabedores que em tempos de transição planetária as tentações da vida nos colocam em provas, mais vigilantes devemos estar, pois os ataques dos inimigos espirituais podem acontecer a todo instante.
Em “Libertação”, do espírito André Luiz (3), temos o depoimento de Sidônio, um diretor espiritual das reuniões mediúnicas no lar de um espírita encarnado denominado Silva, antes de uma sessão mediúnica. Ele salienta que a maioria dos médiuns esperam que aconteçam fenômenos espetaculares nas reuniões, e diz: “Esquecem-se que a mediunidade é uma energia peculiar a todos, em maior ou menor grau de exteriorização, energia essa que se encontra subordinada ao princípios de direção e à Lei do uso, tanto quanto a enxada que pode ser mobilizada para servir ou ferir, conforme o impulso que a orienta, melhorando sempre, quando em serviço metódico, ou revestindo-se de ferrugem asfixiante e destrutiva, quando em constante repouso. Nossos amigos não percebem o valor de uma atitude desassombrada e permanente de fé positiva, dentro do caminho louvável, haja o que houver, e, não obstante cuidarmos devotadamente da crença deles, com a mesma ternura consagrada pelo lavrador vigilante à plantinha tenra que encerra a esperança do porvir, basta que Espíritos perturbadores ou maliciosos os visitem, sutis, à maneira de melros num arrozal, e lá se vão os germens superiores que lhe confiamos, incessantemente, ao solo do coração.” (grifo nosso)
A Lei do uso aplica-se até ao nosso corpo físico, se pararmos de usar qualquer órgão ou membro, eles atrofiam e param de funcionar. Se o contrário acontece, quanto melhor e mais os usamos, melhor funcionarão, tal qual a fé que cresce quanto mais a usamos. Mas ela pode ser fé negativa, não positiva, daí a necessidade de vigilância e oração fundamentadas na Lei do Amor.
Então para finalizar, nada como algumas palavras nas Instruções dos Espíritos em O.E.S.E (4):
“A esperança e a caridade são corolários da fé e formam com esta uma trindade inseparável.”
“Tende, pois, a fé, com o que ela contém de belo e de bom, com a sua pureza, com a sua racionalidade.”
“O homem de bem que, crente em seu futuro celeste, deseja encher de belas e nobres ações a sua existência, haure na sua fé, na certeza da felicidade que o espera, a força necessária, e ainda aí se operam milagres de caridade, de devotamento e de abnegação. Enfim, com a fé, não há maus pendores que não se chegue a vencer.”
Isso tudo não é maravilhoso?
Referências:
(1) KARDEC, Allan. O Evangelho Segundo o Espiritismo. Cap.19, item 6;
(2) XAVIER, Francisco Cândido, pelo espírito Emmanuel. Vinha de Luz. Cap. 41;
(3) XAVIER, Francisco Cândido, pelo espírito André Luiz. Libertação Cap.15; e
(4) KARDEC, Allan. O Evangelho Segundo o Espiritismo. Cap.19, itens 11 e 12.