• Rogério Miguez
É de conhecimento do espírita, de modo geral, que a Doutrina dos Imortais é a resposta tão aguardada do Consolador Prometido, predição realizada pelo Cristo há dois mil anos.
Este fato, entretanto, nem sempre é bem percebido, é preciso observar os postulados espíritas com atenção para não só se convencer desta verdade, bem como se capacitar para explicar os fundamentos desta consolação àqueles não comungando os princípios de nossa crença, uma vez que, outros se candidatam também a esta posição de Consolador Prometido.
Para facilitar a aquisição e consolidação deste entendimento, podemos elencar algumas razões demonstrando, cremos, inequivocamente, ser a prática e o conhecimento do Espiritismo com certeza confortadores. Vejamos algumas:
– A concepção da divindade segundo a Doutrina é sem dúvida muito alentadora, ao ratificar a proposta do Rabi da Galileia quando este se referiu a Deus como um Pai, amoroso e misericordioso. É de se esperar que um pai não abandone seus filhos em tempo algum, mesmo nos casos em que estes estiverem vivendo distantes de suas orientações, agindo, desta forma, com prejuízo aos semelhantes e a si mesmos. Lembremos, somos todos filhos pródigos;
– Ao ensinar sobre a inexistência de um Céu e de um Inferno, absolutos, abrigando almas eleitas, por um lado; pecadoras, do outro, nos oferece um verdadeiro bálsamo. Esta verdade apontada pela Doutrina é animadora, pois, efetivamente não importa qual falta tenha o homem cometido, este terá inúmeras chances de se redimir, eximindo-se de ser alcançado por possíveis penas eternas. Destinados estamos à, sem exceção, adquirir relativa perfeição, uma das poucas fatalidades nas leis divinas. É de se observar, porém, que céus e infernos, já os vivemos, podemos estar vivendo e viveremos por longo tempo, com certeza, basta estar agora, nesta vida, próximos – céu -, ou distantes – inferno – da lei de Deus, seja em pensamentos ou ações;
– Revivendo o conceito da reencarnação – a possibilidade das muitas vidas -, nos traz um efetivo refrigério. Dizemos revivendo, porquanto esta lei divina sempre existiu e era bem entendida e aceita no passado, não é criação do Espiritismo. Este princípio divinal dá novo alento àquele hoje em sofrimento, físico ou moral, em razão do sofredor ganhar confiança de que todos os seus males terão um termo e, mesmo que não consiga alcançar o seu fim nesta existência, terá outras, muitas, para alcançar a felicidade tão almejada, além disto, ajuda a entender que há uma causa justa e um fim útil para todas as dores;
– Explicando que as dificuldades experimentadas no momento, sejam elas de qualquer ordem, são todas resultantes de nossas ações passadas – construídas em vidas anteriores -, ou mesmo presentes – desta vida atual -, não existindo injustiças, tampouco privilégios no ordenamento divino, também é um lenitivo para nossas mentes e corações. Isto posto, cabe-nos trabalhar para superá-las, jamais desanimando, crendo-nos esquecidos de Deus. Ninguém sofre por acaso;
– Através da mediunidade, faculdade que sempre existiu, mas, agora, pela luz da Doutrina, ganhou corpo através das bem documentadas comunicações dos chamados mortos tão acertadamente registradas pelo Codificador, abre-se um leque de possibilidades para alívio de todos. A mediunidade facilita o convencimento da própria imortalidade, passamos a ter uma visão muito mais ampla de nossa particular vida, descortinando igualmente a oportunidade de obter notícias, quando assim permitido, dos nossos afeiçoados que nos antecederam na jornada à vida verdadeira;
– O Universo ganha utilidade e função e nos conforta quando a Doutrina informa que todos os mundos são habitados e mesmo os espaços existentes entre estes astros estão repletos de vida. Pode-se agora olhar para as estrelas e se sentir parte deste cenário deslumbrante, criação do Deus único, uma vez que poderemos ter vivido em outros mundos e, certamente, viveremos em tantos outros;
– Finalmente, mas não que tenhamos esgotado todos os fundamentos reconfortantes fornecidos pela Doutrina, podemos lembrar o capítulo das obsessões, atordoando e “infernizando” aqueles que por elas estão dominados e se veem sem horizonte para livrarem-se delas. Esclarece o Espiritismo que estas entidades atuando hoje de modo negativo, nada mais são do que outros filhos do mesmo Pai, criados da mesma forma, contudo, encontrando-se por hora em desequilíbrio, porquanto não se prepararam para morrer, mal viveram e agora colhem os frutos amargos de seus posicionamentos “pecaminosos”. Todos os chamados obsessores deixarão de sê-lo, tão logo saiam da faixa de ignorância em que permanecem. E mais, o Espiritismo orienta que cabe a nós mesmos acelerar o término destes processos obsessivos mudando o nosso modo de viver agora, pautando as nossas ações sempre pelas leis imutáveis e confortadoras do Deus piedoso e misericordioso.
Se o leitor, após tomar conhecimento deste brevíssimo relato, teve a sua atenção despertada para conhecer melhor os princípios espíritas, convidamo-lo ao estudo desta Doutrina para maravilhar-se também com as outras incontáveis explicações e orientações contidas em suas inúmeras obras. Estudando-as com cuidado e zelo, descobrirá também respostas aos porquês da vida, tais como: Por que nascemos? De onde viemos? Por que morremos?
Inicie pelas cinco obras fundamentais1 codificadas pelo Sábio de Lyon, Allan Kardec, e, aos poucos, se aprofunde em outras literaturas espíritas, todas trazidas para nos ensinar à bem viver conforme os postulados deste Deus que nada mais deseja do que a nossa integral felicidade.
1 Nota: são cinco as obras fundamentais de Allan Kardec – O Livro dos Espíritos; O Livro dos Médiuns; O Evangelho segundo o Espiritismo; O Céu e o Inferno; A Gênese.