• Ricardo Orestes Forni – Tupã/SP
Conta-se que em uma época em que existia cédula de dinheiro de mil reais (sonho de muita gente!), um senhor espírita vivia a implorar aos planos maiores recursos financeiros para realizar a caridade como entendia ele deveria ser praticada.
Poderia construir creches, hospitais, abrigos para velhos desamparados e crianças órfãs. Conseguiria distribuir muitas cestas básicas todos os meses para lares pobres. No inverno cobriria os corpos desprovidos de agasalho com a proteção adequada. Não haveria nenhum pé humano sem o devido calçado. E seguia nessa linha de raciocínio os argumentos do candidato à prática da caridade se Deus lhe provesse dos recursos financeiros necessários para acudir às necessidades dos seus semelhantes.
Tanto pediu em suas orações, tantas promessas fez de muitas realizações que os Espíritos superiores resolveram fazer um teste. Num dia de forte ventania fizeram chegar carregada pelo vento até aos pés desse homem bem-intencionado na obra do bem, uma nota de mil reais, que foi depositada pelo “acaso” ao alcance de suas mãos.
O candidato a grandes obras no campo da fraternidade olhou espantado para aquela nota de mil reais de alto valor e começou a traçar planos. Seus pensamentos como que colidiam uns com os outros em sua cabeça. Ficou perturbado, a mão tremia, estaria sonhando? Apanhou com avidez o dinheiro e correu para a loja mais perto do local e começou a adquirir vários produtos de que estava necessitado. Não teve um único pensamento para com os infortunados a quem vivia a prometer proteção aos planos maiores da vida, caso tivesse dinheiro suficiente. E os Espíritos bons se afastaram de mais aquele candidato à prática do bem que havia adiado a realização de suas promessas.
Quando contemplamos a vida de pobreza de Chico Xavier cujo salário mal dava para socorrer as muitas necessidades de sua extensa família, ficamos admirados como ele pôde ter feito tanto no campo da beneficência em favor dos sofredores se não contava com o dinheiro, mas com o desejo inabalável de servir através de si mesmo, da doação de sua vida como realmente o fez!
Da mesma forma podemos dizer sobre Divaldo com o seu gigantesco posto de socorro materializado no mundo físico através da Mansão do Caminho. Das suas incansáveis viagens como o Paulo de Tarso da atualidade a divulgar a Doutrina Espírita para os mais longínquos rincões do planeta, enfrentando viagens extremamente cansativas para a sua idade cronológica. Tudo sem o dinheiro farto como desejava a personagem da história inicial.
Aliás, sobre Divaldo, é necessário divulgar a origem sobre a cadeira “missionária”! Visitava ele a irmã Dulce que dormia em uma cadeira comum de madeira. Quando Divaldo constatou aquela realidade propôs àquele Espírito reencarnado na religião católica que iria enviar-lhe uma cama onde ela pudesse repousar de maneira mais adequada. A doce freira pede a ele que não fizesse isso porque a cadeira onde ela dormia era uma cadeira “missionária”! E tendo Divaldo sorrido diante dessa afirmação e procurado entender o sentido que irmã Dulce queria dar ao termo, recebeu o esclarecimento de que muitas pessoas por vê-la dormindo naquela cadeira sem nenhum conforto, enviavam a ela camas que ela, incontinenti, direcionava aos doentes do hospital que fundara para os pobres. Onde estava o dinheiro de irmã Dulce para exercer a caridade com Jesus?
Emmanuel, no livro Palavras De Vida Eterna, capítulo intitulado Se Aspiras a Servir, assim nos ensina: Afirmas-te no veemente propósito de servir; entretanto, para isso, apresentas cláusulas diversas. Dispões de recursos próprios, conquanto humildes, para as tarefas do socorro material; contudo, esperas pelo dinheiro dos outros. Mostras pés e braços livres que te garantem o auxílio aos irmãos em prova; entretanto, esperas acompanhantes que provavelmente jamais se decidam ao concurso fraterno. Se aspiras a servir aos outros, servindo a ti mesmo, no reino do Espírito, não percas tempo na expectativa inútil, pois todo aquele que sente, e age com o Cristo, vive satisfeito e procura melhorar-se, melhorando a vida com aquilo que tem.
Vale muito o destaque para a última frase de Emmanuel quando ele ressalta a condição se desejamos servir aos outros, servindo a nós mesmos. Ficamos fazendo uma série de exigências, esperando um sem-número de condições para fazer o bem, esquecendo que o maior beneficiário é aquele que pratica a ação, por menor que seja ela, bastando para isso lembrarmos o óbolo da viúva narrado por Jesus aos seus discípulos e que se estende a todos nós na escola da Terra que O temos na posição de Mestre!
Você, eu e quem mais estiver sentado em uma cadeira ao ler essas linhas, que tal pensarmos em transformá-la em uma cadeira “missionária”?
Coluna Espírita – A cadeira “missionária”
jul 10, 2020RedaçãoColuna Espírita (Agê)Comentários desativados em Coluna Espírita – A cadeira “missionária”Like
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